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Barragem gigante em Botucatu pode diminuir o rio Pardo em Santa Cruz

Barragem gigante em Botucatu pode diminuir o rio Pardo em Santa Cruz

Publicado em: 11 de janeiro de 2019 às 16:38
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 14:08

Construção deve começar no próximo ano e vai reduzir

vazão do rio depois de Botucatu, inclusive em S. Cruz

A cachoeira ‘Véu da Noiva’ terá o fluxo de água sensivelmente reduzido



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

No último dia de 2018, numa cerimônia realizada na prefeitura de Botucatu, com a presença do então ministro das Cidades, Alexandre Baldy, houve a assinatura de um contrato para o financiamento da construção de uma barragem no rio Pardo. A obra, orçada em R$ 42,7 milhões e com recursos da Caixa Econômica Federal, deverá começar em 2020 ou 2021 e poderá ser assumida pela Sabesp (Companhia do Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A assinatura do contrato foi um dos últimos atos do ministro do governo Michel Temer.

A barragem foi aprovada pela Câmara de Botucatu e autorizada pelo Ministério das Cidades. Segundo o prefeito de Botucatu, Mário Pardini (PSDB), a construção interessa à Sabesp, que já estuda esta possibilidade. O Conselho de Administração da companhia do governo do Estado aprovou a inclusão da obra no plano de investimento previsto no contrato de concessão com Botucatu, que foi aprovado em 2010 e vale por 30 anos.

A construção tem o objetivo de impedir que a crise hídrica — que afetou todo o Estado entre 2014 e 2015 — e ameaçou o abastecimento de Botucatu. O prefeito Mário Pardini, aliás, era o superintendente da Sabesp naquele período crítico.

A represa ficará nove quilômetros acima da cachoeira Véu da Noiva. O volume total de água previsto é de 9 bilhões de litros, armazenados numa área de 280 hectares. Cerca de 170 hectares serão alagados e o projeto prevê a recuperção ambiental de 130 hectares.

Somente a barragem terá 600 metros de extensão e profundidade variável até 20 metros. Com a obra, Botucatu vai garantir a autossuficiência no abastecimento pelas próximas décadas, já que a vazão será de 1.000 litros por segundo. Hoje, é praticamente a metade.




Local que vai abrigar a barragem no Pardo em Botucatu



Impacto será grande em vários

municípios banhadas pelo Pardo

O ambientalista Luiz Carlos Cavalchuki, da ONG Rio Pardo Vivo



A futura barragem de Botucatu vai represar o rio Pardo numa área de 280 hectares e reduzir a vazão do rio Pardo em todos os municípios que ficam abaixo. Os mais próximos da barragem serão os mais prejudicados, mas também haverá impacto em Santa Cruz. O leito do Pardo deve diminuir no município.

Segundo o técnico ambiental da Sabesp Luiz Carlos Cavalchuki, membro da ONG “Rio Pardo Vivo”, a construção da barragem foi muito discutida — e criticada — nas reuniões da Bacia Hidrográfica do Paranapanema. Todos os ambientalistas da região foram contrários à obra, mas o problema é que o município de Botucatu tem o direito constitucional de construir uma obra pública para garantir o abastecimento de sua população.

“A nossa preocupação é justamente administrar a vazão do rio Pardo a partir da obra. Afinal, num espaço de 30 quilômetros a partir da barragem, os ribeirinhos vão sofrer muito com a diminuição da vazão”, explicou Cavalchuki. Ele disse que a taxa de evaporação da barragem também deve ser levada em consideração. “O volume de água vai diminuir muito e a consequência ambiental será grande”, disse.

Luiz admitiu que o Pardo vai perder vazão também em Santa Cruz. “Nós também teremos este impacto, mas os maiores prejudicados serão os municípios de Itatinga, Cerqueira César e Avaré”, afirmou. “Se Botucatu e Pardinho tivessem feito a parte deles, com a preservação da bacia hidrográfica e das áreas de proteção, não haveria necessidade da construção da barragem”, advertiu. Uma alternativa para garantir o abastecimento poderia ser, segundo Cavalchuki, o aquífero Guarani, com a prospecção de poços.

Ao confirmar que a obra já está aprovada pelas autoridades, Luiz Carlos disse que a preocupação dos ambientalistas ainda será discutir o reflorestamento e cuidados com a flora. “Mas o fato é que os produtores rurais terão de reduzir a captação de água para não secar o rio”, disse.
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