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Escola de natação tem contrato rescindido e professor denuncia

Escola de natação tem contrato rescindido e professor denuncia

Publicado em: 17 de outubro de 2019 às 17:28
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 13:57

Associação Sabesp vai despejar escolinha de

sua piscina, mesmo com um contrato em vigor

Filomena, com a neta Laura, diz que não pode pagar uma academia



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

O professor Fernando Boff pode fechar sua tradicional escolinha de natação após a Associação Sabesp anunciar o rompimento de um contrato de aluguel para o uso da piscina aquecida, que vigora há quase dois anos. Ele mantém um horário das 16h às 18h para treinamento das crianças que integram o ‘Projeto Braçadas do Futuro”, desenvolvido pela Afan (Associação de Formação de Atletas de Natação), uma entidade sem fins lucrativos que capta recursos por meio de uma lei de incentivo fiscal. Cerca de 90 crianças serão prejudicadas.

O contrato vigora desde o ano passado, é registrado e, segundo Fernando, está sendo cumprido rigorosamente em dia. No entanto, Fernando foi surpreendido com um comunicado da Sabesp de que o contrato será rompido e que as crianças não poderão mais usar a piscina da associação. O curioso é que a associação recreativa é ligada aos funcionários e não tem vínculo administrativo com a Sabesp. “Mas quem me avisou do fim do contrato foi uma pessoa que eu nem conheço, o gerente da Sabesp”, contou Fernando.

Associação tem duas piscinas; a coberta é aquecida e usada pela Afan



Professor Fernando Boff: revolta



O professor conta que trabalhava numa academia de Santa Cruz de propriedade da família do deputado Ricardo Madalena (PR), mas montou a Afan no mesmo período, o que provocou um impasse que culminou na demissão de Fernando. “Não entendi bem esta posição, pois acredito que o projeto não concorria com a academia, pois o foco é social para atender também crianças carentes. Mas acho que a vida segue”, disse. Por não ter fins lucrativos, a escolinha cobrava R$ 85 de mensalidade apenas para cobrir os custos, como o aluguel da piscina. Academias particulares costumam cobrar o triplo, mas oferecem outros tipos de treinamentos, inclusive para adultos, gestantes e bebês.

O professor disse que não quer acusar ninguém, até porque não tem como provar, mas considera estranho a interferência da direção paulista da Sabesp no trabalho da escolinha de natação. “Como é que São Paulo ou a superintendência de Itapetininga iria saber disto? Acho que somente uma pessoa com influência poderia interferir. No entanto, a partir do momento em que crianças estão sendo lesadas, vamos procurar nossos direitos”, explicou. Ele não descartou a possibilidade de levar o problema ao Ministério Público, já que envolve crianças.

Após a demissão da academia, Fernando Boff continuou com o projeto na sede da Associação Sabesp, pagando aluguel mensal pelo uso da piscina aquecida. Na semana passada, recebeu o telefonema sobre o rompimento do contrato. Ele reclamou, aliás, que não havia sido sequer notificado. Horas depois, uma notificação foi formalmente entregue.

A Associação Sabesp sempre alugou suas instalações para particulares, como quadra de esportes e salão de festas. No local são promovidas festas de casamentos, aniversários e confraternizações. Segundo Fernando Boff, como o tempo já esquentou ainda existe a possibilidade do projeto “Braçadas para o Futuro” continuar até meados do próximo ano. Depois disso, ele vai precisar de piscina aquecida. “Se não encontrarmos, vamos fechar. O fato é que as competições de natação são realizadas o ano todo e não param quando a temperatura cai exatamente pelo uso das piscinas aquecidas”, explicou. No entanto, a escolinha pode não sobreviver até o fim do ano.

Equipe da TV Tem (Globo) foi proibida de fazer filmagens na piscina



Nota da Sabesp

O “despejo” da escolinha de natação das dependências da Associação Sabesp movimentou pais dos alunos na quarta-feira, 9. Eles se aglomeraram na entrada da entidade, ao lado da sede da Sabesp em Santa Cruz, quando chegou a equipe de jornalismo da TV Tem, afiliada da Rede Globo. No entanto, a direção da Sabesp proibiu a entrada de jornalistas, que gravaram imagens na rua. A reportagem foi ao ar no dia seguinte.

Segundo a TV Tem, a Sabesp emitiu nota informando que o contrato será rompido porque não tem prazo para vencimento. De acordo com a assessoria de imprensa da Sabesp, não é permitido a celebração de contratos de locação do espaço em caráter permanente. Fernando Boff contesta a informação, já que o contrato vigora desde o ano passado e está registrado em cartório. “É estranho porque ele valia quando o projeto tinha poucas crianças, mas não vale mais num momento em que há mais alunos. Inclusive, eles não queriam nem dar prazo para a gente sair, mesmo sabendo que devem notificar antes e permitir uma carência”, afirmou.

Entre os pais, o clima é de revolta. “Todos nós estamos tristes. Como é que vamos colocar esta criançada em outro lugar?”, questionou Filomena Britto Porto, que costuma levar a neta Laura na escolinha. “Minha neta fica doente só de pensar em faltar um único dia. Imagine se a escolinha fechar”, disse. Segundo Filomena, Laura, que completa 9 anos amanhã, melhorou as condições respiratórias e ficou muito mais ativa.

O adolescente Manoel Rodrigues Bueno, que já conquistou vários títulos disputando Afan, criticou a falta de apoio às crianças do projeto. Ele lembra que começou a treinar na natação porque tinha problemas respiratórios. 



  • Publicado na edição impressa de 13/10/2019


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