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Rombo de R$ 26 milhões tira Diego Singolani da Santa Casa

Rombo de R$ 26 milhões tira Diego Singolani da Santa Casa

Publicado em: 06 de fevereiro de 2020 às 13:50
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 10:51

Menos de três semanas depois de ser

nomeado administrador do hospital,

Diego Singolani volta à secretaria de Saúde


Diego ficou menos de três semanas no hospital



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Diego Singolani deixou a administração da Santa Casa sob intervenção e nesta segunda-feira reassume a secretaria de Saúde. O decreto de nomeação foi publicado ontem no “Semanário Oficial” e Diego já foi exonerado como administrador da Santa Casa. Ele não ficou nem três semanas no cargo e, segundo o prefeito Otacílio Parras, precisou ser retirado porque a prefeitura vai investir recursos no hospital e Diego pode ter complicações para registrar sua candidatura para as eleições de outubro. Maurício Salemme Corrêa permanece como interventor da Santa Casa e a enfermeira Rosângela Alvim passa a ser a administradora.

O motivo alegado pelo prefeito, entretanto, está mal explicado. A lei determina que o administrador de hospital que recebe recursos públicos deve se afastar, para ser candidato, seis meses antes das eleições. É o mesmo prazo de um secretário municipal, cargo que Diego Singolani volta a ocupar.

A suposta inelegibilidade foi apontada pela procuradora-geral do município, a advogada Luciana Junqueira, alegando incompatibilidade entre o cargo de Diego e a remessa de dinheiro público à Santa Casa durante o ano. O prefeito disse que, neste caso, resolveu “não arriscar”. Porém, não foi encontrada nenhuma jurisprudência ou decisão judicial sobre este tema.

A título de comparação, a Codesan, na condição de empresa de economia mista, também recebeu várias subvenções financeiras do município. Mesmo assim, seu ex-presidente Cláudio Agenor Gimenez era tido como virtual postulante ao cargo de prefeito, inclusive com o apoio de Otacílio Parras. Em novembro de 2018, Otacílio chegou a declarar à rádio Band FM que Agenor “era o melhor candidato, o mais preparado e o que tem mais conhecimento”.

ROMBO ENORME — Interventores fizeram um levantamento e descobriram que o rombo supera R$ 26 milhões



Rombo assusta

Na verdade, a saída de Diego Singolani está relacionada mais à descoberta de que o rombo financeiro na Santa Casa de Misericórdia é muito maior do que o anunciado anteriormente. A diretoria que comandava a entidade anunciou, no início de dezembro do ano passado, uma dívida em aberto de aproximadamente R$ 3,5 milhões, além de um déficit mensal de R$ 300 mil. Os próprios dirigentes solicitaram ao prefeito uma administração “compartilhada” com o município. Ainda em dezembro, a intervenção do município foi decretada pelo prefeito, com início em 13 de janeiro. Descobriu-se, então, que as dívidas do hospital se aproximavam de R$ 5 milhões e o déficit mensal era de R$ 470 mil.

Na semana passada, o prefeito contou que, na verdade, o rombo beira a R$ 26 milhões. O valor é o total de dívidas acumuladas com fornecedores, salários, tributos e empréstimos. Somente de impostos não pagos a dívida do hospital é de R$ 8 milhões, enquanto há outros R$ 13 milhões em empréstimos. A nova avaliação do governo é de que o equilíbrio financeiro da Santa Casa só será atingido dentro de dez anos. Em janeiro, esta expectativa era de cinco anos.

Segundo Otacílio, a avaliação parcial do governo, antes da intervenção, era de que a Santa Casa poderia se equilibrar com corte de despesas, melhorias na arrecadação, negociação com fornecedores e médicos e funcionários, um aporte da prefeitura e emendas parlamentares. No entanto, segundo o prefeito, o rombo no hospital é tão grande que vai necessitar de uma enorme subvenção por parte do município.

Otacílio calcula que, somente neste ano, o hospital deve receber cerca de R$ 5 milhões do município e mais R$ 2 milhões de uma emenda parlamentar prometida pelo deputado Capitão Augusto (PL). Nos próximos dias, a Câmara vai analisar o primeiro projeto autorizando a subvenção de R$ 2,4 milhões à Santa Casa. “Não é pouco dinheiro. Mas ou fazemos a subvenção, ou a Santa Casa fecha”, disse.

Caso o projeto seja aprovado, este dinheiro será pago totalmente até julho, com a primeira parcela de R$ 600 mil já em fevereiro. De acordo com o prefeito, este aporte inicial não resolve o rombo da Santa Casa. “Mas começaremos a preparar o hospital para o futuro, sobrevivendo neste ano”, disse. Caso a emenda parlamentar prometida pelo deputado não chegar, a prefeitura terá de bancar nova subvenção, além da compra de novos serviços.

“A brincadeira, somente neste ano, vai girar em torno de R$ 7 milhões”, explicou Otacílio. Segundo ele, o próximo prefeito ainda vai precisar enviar recursos para o hospital durante ainda vários anos. “A Santa Casa quebrou porque [os dirigentes] não planejaram o futuro”, afirmou. 




SAÍDA — Diego Singolani ficou apenas três semanas na Santa Casa



De novo secretário, Diego diz que

hospital é viável, mas sem a dívida

O ex-administrador da Santa Casa Diego Singolani, que a partir desta segunda-feira, 3, volta para a secretaria de Saúde, confirmou a dívida astronômica do hospital e a necessidade de injeção de dinheiro público para evitar o seu fechamento. “Fizemos tudo, dentro da legalidade, para salvar a Santa Casa, mas a verdade é que o déficit é muito grande. Daqui para frente, sem uma subvenção da prefeitura não será possível administrar esta dívida. Sem este déficit, o hospital se mantém tranquilamente”, disse.

Ele confirmou que sua exoneração como administrador aconteceu justamente por causa do repasse de verbas municipais que deverá acontecer nas próximas semanas. Segundo Diego, quando o departamento jurídico da prefeitura começou a preparar o projeto, deparou-se com o risco de inelegibilidade de Singolani. “Alguém poderia alegar que, na condição de administrador do hospital, eu teria supostos benefícios eleitorais com repasse de dinheiro público e, então, pediria minha impugnação”, explicou.

Em três semanas como administrador da Santa Casa, Diego fez um levantamento completo das finanças do hospital e descobriu que a dívida total é de R$ 26,5 milhões. Além disso, montou nova equipe, reestruturou plantões, pagou o salário atrasado de dezembro e uma pequena parte da dívida com os médicos e comprou uma grande quantidade de medicamentos e insumos. “Agora sabemos o quanto custa o hospital, mas é claro que a dívida é assustadora. Para organizar isto, é preciso muito dinheiro”, afirmou.

Desafio da dengue

Diego Singolani disse que saiu da Santa Casa “com dor no coração”, pois o secretário praticamente se formou dentro do hospital, um de seus primeiros empregos, ainda adolescente. “Foi um movimento muito bonito [a intervenção] e todo mundo abraçou a causa da Santa Casa. Mas eu já havia me comprometido anteriormente com a questão da pré-candidatura”, disse o agora “novo” secretário de Saúde.

Nos últimos dias, Diego se despediu dos funcionários, deu conselhos e recebeu homenagens. De volta à Saúde como secretário, ele terá um novo desafio: a possibilidade de um novo surto de dengue em Santa Cruz do Rio Pardo.

Na semana passada, o governo anunciou o primeiro caso de dengue na cidade em 2020, sendo que o paciente mora na vila Mathias. O caso é definido como “importado”, já que ele esteve em Sorocaba poucos dias antes de aparecerem os primeiros sintomas. No entanto, há outros oito casos suspeitos que aguardam exames. 



  • Publicado na edição impressa de 02/02/2020


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