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Vítima de ‘fake news’

Vítima de ‘fake news’

Publicado em: 08 de março de 2020 às 10:48
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 05:28

Empresário vai à polícia contra

divulgação difamatória em redes sociais,

associando-o a uma quadrilha criminosa


Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

O envolvimento de dois empresários conhecidos de Santa Cruz do Rio Pardo numa quadrilha que atuava na região de Jaú, vendendo produtos que eram roubados em cidades da Grande São Paulo, movimentou as redes sociais há dez dias, principalmente grupos do WhatsApp. Com a prisão dos dois santa-cruzenses, o aplicativo começou a receber fotos dos envolvidos. Se era apenas uma dupla, outras duas fotos foram distribuídas, relacionando ao crime a pessoas que nunca tiveram envolvimento com a quadrilha de Jaú.

Uma delas é Eduardo Claudino Sato, 46, que foi surpreendido ao ver sua foto num grupo como sendo um dos presos na operação policial. Comerciante do ramo de desmanche de automóveis, ele diz que sempre foi visado pela própria característica do ramo profissional. No entanto, alguém quis fazer uma brincadeira usando imagens de Eduardo.

“Brincadeira de mau gosto, diga-se de passagem”, afirmou o comerciante. Ele conta que já foi vítima, muitas vezes, de chacotas em grupos da internet, mas sempre levou “na esportiva” porque eram assuntos inocentes.

Desta vez, em questão de minutos a “fake news” invadiu outros grupos e o telefone de Eduardo Sato começou a tocar. “Gente que eu nem conheço passou a me olhar de modo estranho quando eu saí na rua. É terrível isto”, disse. Aos amigos, Sato precisou explicar dezenas de vezes que tudo não passava de uma mentira.

A “brincadeira” ficou mais séria quando começaram a ligar para o pai de Eduardo, o advogado Yutaka Sato. Além disso, os filhos do comerciante, um dos quais ainda criança, também viram a foto do pai em mensagens do WhatsApp. “É incrível como tudo sai do controle. É a oportunidade que a gente tem para perceber como existe gente maldosa”, afirmou. “A sorte é que meus filhos sabem que sou muito brincalhão e geralmente sou vítima dos amigos. Mas, neste caso, eles ficaram preocupados”, explicou.

O comerciante conseguiu rastrear as mensagens e já sabe de quem partiu a original. “Não foi difícil. Quando você compartilha uma foto no aplicativo, aparece uma mensagem indicado que a imagem é encaminhada. As verdadeiras tinham esta característica, mas a minha, não”, explicou. Segundo ele, isto significa que o responsável pela difamação “completou” as fotos verdadeiras com mais duas falsas. “O triste da história é que esta pessoa dizia ser meu amigo”, lamentou.

“Brincadeira de mau gosto, diga-se de passagem”, afirmou Eduardo



Na polícia

No caso da “fake news” envolvendo o comerciante, ela tem ares de veracidade porque metade das fotos era realmente das pessoas envolvidas em crime. Assim, quem recebe a mensagem passa a acreditar no que está vendo.

Afinal, embora apenas duas pessoas foram presas como envolvidas na quadrilha de Jaú, foram quatro as fotos divulgadas — e multiplicadas — em grupos do WhatsApp. Além de Eduardo Sato, um outro empresário também teve sua imagem divulgada maliciosamente.

O comerciante registrou queixa na polícia e vai aguardar os procedimentos. Ele deixou o caso com o pai, que é advogado. Hoje, existe uma legislação específica para os crimes cibernéticos praticados em eleições. No entanto, as “fake news” contra pessoas comuns ainda são tratadas como “calúnia, injúria e difamação” com base no Código Civil, em caso de ação indenizatória, ou no Código Penal.

“É um problema tão sério que quase não adianta dizer que é mentira. Num dos grupos, li um diálogo onde uma pessoa alertou que tinha me visto na rua. Uma outra respondeu que provavelmente eu teria sido colocado em liberdade porque ainda era investigado pela polícia. Na verdade, hoje em dia as pessoas nem sabem o que está acontecendo e já querem emitir opiniões e compartilhar mensagens, sem verificar se são reais”, afirmou.

Sato contou que chegou a ter prejuízo com a falsa notícia. Atuante em Bernardino de Campos, ele perdeu um negócio praticamente fechado quando o cliente recebeu a mesma mensagem. “O duro é quando você tenta mostrar que não tem nada a ver com aquela mensagem, que tudo não passou de uma brincadeira. Ninguém acredita”, disse. 

* Colaborou Toko Degaspari




Notícias falsas não poupam

nem risco do Coronavírus

As ‘fakes news’ já mataram — como o caso de uma mulher acusada falsamente pelas redes sociais de sequestrar crianças e que foi linchada até a morte — e ameaçam a saúde pública no Brasil. Até hoje, por exemplo, são distribuídas mensagens falsas que sugerem aos pais não vacinarem seus filhos.

Nos últimos dias, o Conselho Federal de Química (CFQ) divulgou nota criticando a disseminação de fake news, por meio de um vídeo, com informações equivocadas a respeito da eficácia do álcool gel como prevenção contra o coronavírus — que já chegou ao Brasil. Muitos grupos de WhatsApp de Santa Cruz do Rio Pardo estão multiplicando esta “fake news”, em que um suposto “químico audidata” diz que o “álcool gel e nada” são a mesma coisa.

Presidente do conselho, José Ribamar Oliveira Filho, disse que o etanol gel age rapidamente sobre bactérias vegetativas, vírus e fungos, sendo a higienização superior à lavagem das mãos com sabão comum ou alguns tipos de antissépticos. O produto é eficaz, inclusive, contra o temido Covid-19. 



  • Publicado na edição impressa de 1º/03/2020


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