
Otacílio não gostou de fotografias
mostrando as irregularidades na
coleta de lixo pela Codesan
O prefeito Otacílio Parras (PSB) se irritou na semana passada com as reportagens do DEBATE envolvendo a coleta de lixo e xingou os repórteres do jornal de “urubus”. A declaração foi feita na terça-feira, 12, na rádio Difusora.
Otacílio se referia aos jornalistas que fotografavam as condições precárias a que foram submetidos os funcionários da Codesan. A autarquia assumiu a coleta de lixo provisoriamente na semana passada e, por não ter equipamentos adequados e nem experiência no serviço, espalhou lixo pela cidade ou deixou bairrros sem o serviço.
O prefeito disse ainda que o jornal não tem credibilidade e que a população prefere acreditar nele do que no DEBATE. Não bastasse, afirmou que o DEBATE “inventa as informações” que publica.
Otacílio, na verdade, vem atacando o DEBATE desde que o jornal publicou a reportagem sobre o “cartel do lixo”, no qual estaria envolvida a MRover — empresa que fez o serviço de limpeza pública em Santa Cruz nos últimos seis anos. Até o momento, Parras não se pronunciou publicamente sobre o assunto. e demonstrou muita irritação com o fato de a Ártico ter vencido o certame.
Na terça-feira, 12, o jornal rebateu as críticas de Otacílio em vídeo publicado nas redes sociais. O jornalista Sérgio Fleury Moraes lembrou que, no passado, Otacílio aplaudia o jornal ante as críticas do ex-prefeito tucano Adilson Mira.
Quanto às comparações que o prefeito fez com urubus, Fleury lamentou. “Urubu é aquela ave que limpa a sujeira e vive até 500 anos. E o DEBATE de fato limpou muita sujeira em Santa Cruz do Rio Pardo”, afirmou.
“É melhor ser chamado de urubu do que de rato. Rato é aquele animal que dilapida o patrimônio público, aquele que desvia dinheiro público”, respondeu.
O repórter André Fleury Moraes, por sua vez, disse que credibilidade é um fator a ser dispensado. “A história do DEBATE fala por si. É um jornal que já foi homenageado até em Brasília. Nem preciso comentar”.
E prosseguiu. “É interessante que o prefeito diga que o jornal não tem credibilidade nos microfones da rádio Difusora. É a mesma rádio que, afinal, é ré junto com ele em uma ação civil pública por improbidade administrativa”.
Para os repórteres, o prefeito quer que o DEBATE pratique assessoria de imprensa. “Aqui nós fazemos jornalismo”, disseram.
Não é a primeira vez que o prefeito Otacílio Parras (PSB) ataca o DEBATE e seus profissionais. Desde que assumiu seu segundo mandato, em 2017, Otacílio passou a se envolver em polêmicas e destinar ainda mais verba publicitária a veículos considerados “amigos” da administração.
É o caso da rádio Difusora, emissora que recebeu dinheiro público da prefeitura sem licitação durante vários anos, motivo pelo qual divide o banco dos réus junto com Otacílio Parras em uma ação civil movida pelo Ministério Público. O processo pede uma multa de R$ 1,6 milhão a cada um dos réus.
Em 2018, quando veio à tona o caso da falsificação de orçamentos na secretaria de Esportes, Otacílio atacou o DEBATE e disse que repórteres noticiaram mentiras.
No ano passado, Otacílio recusou-se a dar entrevista na rádio 104 FM quando, ao entrar no estúdio, notar a presença do jornalista Sérgio Fleury Moraes e o xingou ao vivo.
Mas surtos acompanham a carreira do prefeito. Quando vereador, em 1989, Otacílio foi acusado de ter ido armado a Caporanga para ameaçar um morador. Na época, Otacílio disse ao DEBATE que “não confirmava e nem desmentia”.
- Publicado na edição impressa de 17/05/2020