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Etec ‘Escola Agrícola’ de Santa Cruz completou 50 anos de sua criação

Etec ‘Escola Agrícola’ de Santa Cruz completou 50 anos de sua criação

Publicado em: 20 de dezembro de 2020 às 19:34
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 09:52

ETEC “Orlando Quagliato”, de Santa Cruz do Rio Pardo, é reconhecida como uma das melhores do Estado

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Em novembro, a Escola Técnica Estadual “Orlando Quagliato” completou 50 anos de sua criação, através de decreto assinado pelo então governador Roberto Abreu Sodré, cujo pai foi líder político em Santa Cruz do Rio Pardo no início do século passado. Hoje, é uma das unidades reconhecidas em todo o Estado pela qualidade de ensino e pela bela sede rural, uma fazenda nas proximidades do Posto Paloma, na SP-225.

A diretora Leni Dário de Oliveira trabalha na escola há 35 anos e será substituída no próximo ano pelo professor Francis Pegorer. “Mas não vou deixar a escola, que é a minha vida”, disse. Na semana passada, todos os funcionários estavam envolvidos, mais uma vez, nas últimas inscrições para o Vestibulinho, que neste ano não foi presencial. A inscrição, na verdade, foi a entrega do histórico escolar, que será avaliado.

ENSINO RURAL — A diretora da Etec “Orlando Quagliato”, Leni Dário, ao lado de quadro que mostra a área de 50 alqueires da escola (Foto: André Fleury)



A área tem vários pavilhões



Desde a criação da escola até hoje, passando pela incorporação ao “Centro Paulo Souza”, foram anos de esforços, dificuldades e avanços. A escola começou efetivamente a funcionar em março de 1971, como Colégio Técnico Agrícola Estadual, e sua sede era o antigo Colégio Companhia de Maria, onde atualmente funciona a Faculdade de Direito Oapec.

As aulas práticas sempre foram realizadas na fazenda Cachoeira, em áreas doadas pela família Quagliato, daí o nome de “Orlando Quagliato”. No entanto, em 1978 o governador Paulo Egydio Martins assinou decreto alternando nome da escola para “Maria Joaquina do Espírito Santo”. A nomenclatura original em homenagem ao doador só retornou em 1997. A incorporação ao “Centro Paula Souza” aconteceu em 1993.

"A FAZENDA" - Acima, criação de ovinos que é acompanhada pelos alunos; abaixo, a granja de porcos



A “ETEC Orlando Quagliato” possui duas unidades. Na área urbana, funciona provisoriamente no prédio da escola “Sinharinha Camarinha” e oferece os cursos de Ensino Médio integrado a técnicos de alimentos, em informática e em agronegócios. A unidade funcionava no prédio da antiga Delegacia de Ensino, que foi interditado por problemas estruturais e deve ser restaurado pelo governo de São Paulo.

Desde então, opera em salas da “Sinharinha Camarinha”. A sede própria chegou a ser anunciada pelo governo paulista, mas tudo foi suspenso após o início da pandemia.

A unidade localizada na fazenda oferece o curso técnico em agropecuária integrado ao Ensino Médio. A estrutura de 50 alqueires impressiona, com laboratórios para piscicultura, currais, criação de porcos e ovelhas e até plantações e produção de leite mecanizada. Tudo é manuseado pelos técnicos da escola e pelos próprios alunos.

No campo, há laboratórios para reversão de sexo de peixes (abaixo) e vasto espaço com lagos para piscicultura



A fazenda possui até uma cooperativa para gerir a produção interna, cujo lucro é revertido para a própria escola. A unidade produz milho, soja e tem setores de apicultura, piscicultura e granjas. A criação de peixes é um desafio, já que a “Orlando Quagliato” dominou a técnica de reversão de sexo em tilápias. Para tanto, há inúmeros tanques, lago e um laboratório. Em toda a área a internet é livre para os estudantes.

A diretora Leni Dário lamenta o ano difícil, de paralisação por conta da pandemia do coronavírus. No entanto, ela acredita num 2021 melhor. “Temos dois ex-alunos na USP e vários em faculdades renomadas, além de milhares no mercado de trabalho. A verdade é que eles já saem do curso disputados pelas empresas”, afirmou.

Ela também ressalta a mudança comportamental do aluno durante o curso. “Há uma enorme transformação. Alguns chegam cabisbaixos, tímidos e mal conversam. Entretanto, no final do curso estão mudados e prontos para enfrentar o mercado”, ressaltou.

Cerca de 80% dos alunos são de famílias com raízes na agropecuária. A unidade de Santa Cruz tem alunos do Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e até do Pará, embora metade seja do município. Com aulas em período integral, todos têm à disposição um alojamento quase gratuito — aqueles que têm condições, fazem uma contribuição simbólica. Neste ano atípico, a escola teve 205 alunos matriculados.




Lucas Gazola seguiu em faculdade, mas emprego nunca foi problema



Ex-alunos ressaltam a

facilidade no mercado

A declaração da diretora da Etec “Orlando Quagliato”, Leni Dário, sobre a facilidade dos técnicos formados pela escola ingressaram no mercado de trabalho, é fácil de ser comprovado. Se alguns preferem estender a educação em renomadas faculdades, outros optam por trabalhar em empresas imediatamente após a formatura.

O técnico em agropecuária João Paulo Teixeira Guimarães, 19, é um caso à parte. Nascido em Paranapanema e filho de uma produtora rural, ele se matriculou na Etec aos 14 anos. Formado, se aventurou pelo Pará, a mais de 2.000 quilômetros de Santa Cruz do Rio Pardo.

Porém, a saudade e a determinação de continuar estudando falaram mais alto e João Paulo regressou. Dois dias depois de descer do ônibus, ele foi chamado pela própria escola “Orlando Quagliato” para ser estagiário, já que se descatou durante o curso.

Ao voltar do Pará, João Paulo foi contratado dois dias depois do desembarque (Foto: André Fleury)



O ex-aluno aceitou, prevendo uma contratação definitiva em pouco tempo, o que realmente aconteceu. Ele mora no alojamento e é universitário no curso de engenharia agronômica na FIB em Bauru.

Como auxiliar técnico da Etec, João Paulo é uma espécie de “faz tudo” na fazenda. Auxilia alunos e, durante a pandemia, é responsável por cuidar de todos os setores, inclusive das criações e laboratórios. “Meu pai sonhava, desde criança, que eu me formasse engenheiro civil. De certa forma, estou cumprindo este sonho, mas em outro setor”.

João Paulo é apaixonado pelo que faz e tem planos de lecionar na própria Etec. Ele recebeu a reportagem calçando botas brancas, pois tinha acabado de manusear o equipamento de ordenha.

Mas há outros casos de sucesso. Lucas Gazola, 26, têm família com raízes rurais e sempre gostou de agricultura. Começou a estudar na Etec em 2009 e saiu já praticamente universitário. Sem prestar cursinho, começou a cursar Agronomia e já se formou.

Em 2014 Lucas já era estagiário da empresa Sefert, de Santa Cruz, sendo logo efetivado no emprego, onde permanece até hoje. “O ensino na Etec é excelente, um verdadeiro pontapé inicial para seguir uma carreira”, disse.



  • Publicado na edição impressa de 13 de dezembro de 2020


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