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Lixão em Bernardino: contaminação e morte do gado afligem proprietários
Publicado em: 25 de janeiro de 2021 às 17:49 Atualizado em: 29 de março de 2021 às 23:45
Pequenos agricultores protestam pelo fim imediato do aterro
Sérgio Fleury Moraes
Da Reportagem Local
Mário Redondo, 60, convive há quase 30 anos com o “lixão” que se transformou o aterro sanitário de Bernardino de Campos, no bairro rural do Lageadinho. Apenas uma cerca divide a pequena propriedade de 5 alqueires com o aterro sanitário. Mário se defende na Justiça de uma ação de desapropriação em que o município quer tomar posse de parte do sítio, mesmo sabendo que a Cetesb não concederá nenhuma licença ambiental. É mais um capítulo na novela para se ganhar tempo.
O agricultor conta que suas culturas invariavelmente amanhecem tomadas por sacos plásticos levados pelo vento. “É preciso limpar até durante a noite”, reclama. O acesso à sua propriedade foi fechado durante meses porque a estrada de terra ficou tomada pelos dejetos. “A gente precisava passar o carro no meio do lixo”, lembrou.
Mário já perdeu pelo menos quatro vacas leiteiras. Duas ingeriram plásticos. Outras morreram por ataques de urubus, principalmente durante o parto, quando as aves matam até o bezerro recém-nascido. “Tem lixo até no ribeirão, que fica perto”, disse.
O drama dos agricultores do bairro começou há mais de dez anos, quando o município passou a abandonar o aterro. Eles já apresentaram abaixo-assinado ao juiz, ao Ministério Público e agora vão tentar sensibilizar o prefeito recém-empossado, Wilson Garcia.
Uma das moradoras mais afetadas é Jandira Pereira, que mora a menos de 100 metros do “lixão”. Ela tem, inclusive, um poço artesiano e garante que a água está contaminada. No entanto, o parecer de uma análise de empresa contratada pelo município atestou que a água é potável, contrariando outro parecer, mais antigo, elaborado pela Sabesp. A empresa é prestadora de serviços para o município.
Segundo os vizinhos, o chorume que desce do “lixão”, principalmente quando chove, passa ao lado da residência de Jandira, que está doente.
"Lixão" irregular faz divisa de cerca com propriedades particulares
Problemas de saúde, aliás, afligem vários moradores. Maria de Lourdes Padavini Amancio, 54, diz que a situação é cada vez pior. “Os urubus estão tomando conta de tudo. Na minha chácara eu já perdi vários leitões mortos por ataques de urubus”, afirmou. Ela contou que o marido Nivaldo está em tratamento de câncer.
“Não posso afirmar que a doença aconteceu em decorrência do lixão, mas é uma possibilidade. Nós viemos morar no sítio há 15 anos para ter uma vida saudável, mas não foi isto o que aconteceu. É um lugar muito bonito, mas não temos qualidade de vida”, afirmou.
Langer Donizeti Silva, 65, mora há 30 anos no bairro. “É um sofrimento ao longo dos anos, pois nada foi feito de acordo com a lei. É lixo para todo lado”, afirmou. Ele disse que precisa retirar os sacos plásticos do pasto antes de soltar o gado. “Eu já perdi novilhas para os urubus. Eles bicam o olho do animal e atacam em bando até matar”, contou. Langer desconhece porque a decisão judicial não é obedecida, sem punição para os responsáveis.
Outro proprietário rural revoltado é Marco Aurélio Valente Moraes, 54, cujo arrendatário está querendo romper o contrato de uma área ocupada por plantação de amendoim devido aos ataques dos urubus. “São muitos e extremamente agressivos. Eu já contei um bando de 237, para se ter uma ideia da quantidade”, disse.
Marco suspeita que o lençol freático de todas as propriedades está contaminado. “É gravíssimo, mas nenhuma autoridade toma providências. Os prefeitos empurram com a barriga e passam por cima da legislação”, afirmou.
O grupo de moradores planeja ajuizar uma ação indenizatória conjunta pelos danos sofridos ao longo de muitos anos. “Não dá mais. Daqui a pouco o lixo está na sala das nossas casas, pois a administração já invadiu terras. Queremos uma solução definitiva para fechar o aterro”, disse Marco.