Publicado em: 16 de abril de 2022 às 01:44
Quando iniciei a medicina, jamais imaginei os caminhos para onde ela me conduziria. A inocência da juventude me atraiu para uma medicina heroica, cheia de sirenes de emergência, ruídos de desfibriladores, o tão sonhado sinal eletrocardiográfico de volta no monitor e o paciente ali, trazido novamente à vida graças ao esforço rápido da equipe. Sabe aquele cenário de “Grey’s Anatomy”? Eu pensava que a medicina se resumia a isso.
Foram 6 anos amando cada nova experiência, conhecendo muito além daquilo que se vê nos seriados, aprendendo que a linha entre vida/morte é tênue, mas que a linha entre saúde/doença é ainda mais discreta.
Foi bastante difícil escolher qual a primeira residência a fazer, mas depois de passar por todas as experiências do internato (os últimos anos da faculdade de medicina são de rodízios nas especialidades, e a esse rodízio intenso chamamos de “internato”), me apaixonei pela pediatria.
Ainda me lembro do primeiro paciente neuropediátrico na residência de pediatria, um garoto de 8 anos, com paralisia cerebral tetraespástica, no colo do pai. Sua rigidez, a impossibilidade de movimento, a ausência de comunicação e de um simples contato visual me causaram um impacto enorme. Terminei de atendê-lo com o coração rasgado, tranquei a porta do consultório, e desandei a chorar, sozinha, me sentindo a médica mais inútil do mundo.
Quando cheguei em casa, chorei mais um pouco, e me lembro de dizer para minha mãe que queria desistir, que aquilo tudo não era pra mim, que não era a medicina que eu tinha escolhido. Afinal, eu não poderia “curar” aquele paciente. (Mal sabia eu que era ele quem iria me curar.)
A vida é assim: cheia de momentos difíceis que nos amadurecem. Foi a partir desse garoto, a quem sempre serei grata, que comecei a entender que a beleza da medicina vai muito além do curar.
Diferente da medicina e da pediatria, que eu escolhi, com a neuropediatria o caminho foi diferente: Não a escolhi. A neuropediatria me escolheu! E honestamente, não seria mais feliz curando do que sendo curada por meus pacientes e suas famílias, diariamente.
Ellen Manfrim é médica neuropediatra em Santa Cruz do Rio Pardo
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