Publicado em: 04 de agosto de 2023 às 01:28
Atualizado em: 04 de agosto de 2023 às 01:32
Jamais duvidem da capacidade do homem médio em subestimar a capacidade das mulheres e tentar impor seu código de conduta para manter as coisas como elas são.
Os motivos não são nada indecifráveis, afinal de contas, o status quo é um cenário machista que privilegia o homem e dá a ele plena liberdade para ser e fazer o que bem entender, relegando às mulheres encaixar-se onde sobra: um espaço pequeno demais para viver não como desejam, mas dentro do possível e desde que suas escolham não firam de morte o ego do macho frágil.
Graças a todos os santos, orixás e sortes, meu maior exemplo de vida foi uma mulher que, do seu jeito, esteve sempre à frente do seu tempo e nunca ligou para a opinião de homem nenhum. Fez sua vida num cenário machista e conseguiu espaços dentro dele, sem que os ares conservadores notassem seu ar suavemente (ou nem tanto) disruptivo. Isso certamente contribuiu para que eu e meu irmão tivéssemos uma postura mais respeitosa e aberta, ainda que, por óbvio — e aqui falarei apenas sobre mim, pois não tenho poder e direito de falar por mais ninguém —, eu também seja machista em diversos momentos, mesmo que sem perceber.
Feita a confissão para evitar julgamentos desnecessários e como forma de evitar resquícios de arrogância, volto ao tema inicial para lamentar a insistência em menosprezar a mulher, o que acontece mesmo numa sociedade já modificada e com tantos exemplos de que é inócuo lutar contra a avassaladora força da mudança.
Primeiro a mulher não podia entrar no mercado de trabalho, tinha que ficar em casa e cuidar dos filhos. Isso mudou com a Revolução Industrial e especialmente com as grandes guerras, já que, com os homens todos nos campos de batalha, restou às indústrias recorrer à força de trabalho feminina, transformando para sempre o mundo ocidental do trabalho.
Mudamos de século e de temas, mas continua gritante o incômodo do super macho com a presença da mulher. Lembro-me de quando estourou a dupla sertaneja Maria Cecília & Rodolfo, para desespero dos imbecis que afirmavam, orgulhosamente — como se sua opinião fosse importantíssima para a música nacional, diga-se —, ser impossível gostar de uma mulher cantando sertanejo, ainda que lendas como Roberto Miranda, Inezita Barroso, As Galvão etc. já estivessem há décadas nos palcos. Hoje, todos amam a saudosa Marília Mendonça, Maiara & Maraisa, entre outras.
Também no humor foi assim e os mesmos que até “ontem” se incomodavam, hoje amam Tatá Werneck, Dani Calabresa, Valentina Bandeira (preferem os homens, mas elas até que são boas, né?).
Agem sempre da mesma forma e não cansam de ser idiotas, para surpresa de um total de 0 (zero) pessoas, e agora lutam mais uma vez contra si mesmos diante da “invasão” feminina no mundo do futebol. Duvida? Basta perguntar para algumas pessoas do seu convívio e descobrirá o ódio mortal que sentem das narradoras Natália Lara e Renata Silveira ou das comentaristas Renata Mendonça e Ana Thaís Matos. Dizem que é por algum outro motivo, mas sabemos bem a origem do repulsa.
A bola da vez, aliás, é o futebol feminino. Isso mesmo, o futebol FEMININO! Não tem nenhuma mulher jogando entre os homens, comentando os homens, narrando os homens… Nada disso. Estão jogando, entre si, o esporte que os homens dizem amar e a simples publicidade da Copa do Mundo de Futebol Feminino já faz subir a pressão dos idiotas para “20/12”, num aparente desespero com a conquista de mais esse espaço por quem deveria aceitar sua posição de coadjuvante.
Parece até que não gostam de trabalhar, e sim dos trabalhadores; não gostam da música, gostam dos cantores; não gostam do humor, gostam dos humoristas; não gostam de futebol, gostam dos jogadores. Mas dizem, em toda e qualquer oportunidade, gostarem muito de mulher.
Será mesmo?
Enzo é advogado em Santa Cruz do Rio Pardo
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