Publicado em: 24 de maio de 2023 às 15:18
“Created by the poor, stolen by the rich” (“criado pelos pobres, roubado pelos ricos”). Esses eram os dizeres de uma enorme faixa erguida nas arquibancadas pela torcida do Club African, time de futebol tunisiano, num amistoso contra o poderoso Paris Saint-Germain, da França (clube onde jogam estrelas como Neymar, Messi e Mbappé).
Isso aconteceu há alguns anos, quando o clube francês já havia sido comprado pelo grupo Qatar Investiment Authority, passando a ter como manda-chuva e presidente o empresário qatariano Nasser Al-Khelaifi.
Assim o PSG se transformava em uma grande potência do futebol europeu graças ao inesgotável dinheiro árabe, mas algumas coisas não se podem comprar e disso os tunisianos já sabiam. Começavam investimentos bilionários enquanto colaboravam com a aniquilação do espírito do esporte mais popular do planeta.
Isso porque o futebol é fruto da Revolução Industrial e se popularizou na Inglaterra, onde foi inventado, justamente entre os trabalhadores, na classe operária. Só com o tempo os ricos foram aos poucos atraídos pelo esporte, mas foi a paixão dos pobres que fez o futebol ser o que é: amor, paixão, fanatismo, entrega, lealdade, alegria e, em muitos casos, uma verdadeira razão para viver.
O Maracanã lotado, multidões comemorando pelas ruas, cidades paradas para assistir a todo e qualquer jogo da seleção brasileira. Essa paixão ainda existe e pulsa nos torcedores verdadeiros, mas eles estão cada vez mais distantes do seu time do coração.
E por que isso acontece? Porque o futebol se transformou em negócio. Hoje em dia, vivemos cercados de pessoas que conhecem o extrato bancário do próprio time, que comemoram números como se fossem títulos e tratam títulos como se fossem os únicos responsáveis por manter viva a chama que esquenta o coração do torcedor.
Estádios substituídos por arenas multiuso e ingressos caríssimos destinados aos sócios-torcedores. Qual a consequência? Muito simples, basta assistir a um jogo de times mais gourmetizados e tentar procurar, quando as câmeras passarem pelas arquibancadas, alguém que seja do povo. Não tem um negro, não tem um pobre, parece que o jogo está rolando na Europa e não nas proximidades da Marginal Tietê (meu tricolor, por sorte e necessidade, foge à regra por ter maior capacidade no Morumbi e ingressos mais acessíveis. Ufa!). São espectadores e não torcedores, acompanham mais do que apóiam, e com isso transformam as outrora pulsantes arquibancadas em um tédio mórbido, interrompido apenas para fazer um vídeo para o Tiktok ou uma foto para o Instagram.
É claro que as coisas mudam e que a parte financeira se mostra cada vez mais importante para os times de futebol, influenciando diretamente na qualidade dos times e nos resultados dentro de campo. Mas a alma do torcedor é feita de sonhos e não de faturamento, e o dia em que ela morrer, não importa quanto os times estejam a lucrar por temporada: o futebol morrerá com ela.
Enzo é advogado em Santa Cruz do Rio Pardo
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