Publicado em: 03 de dezembro de 2022 às 10:41
Na festa de aniversário de um amigo, algumas semanas atrás, a temática totalmente inusitada para o mês de outubro – carnaval – foi inevitavelmente acompanhada de muito samba e MPB. Os convidados, um mix de eleitores de Lula, Bolsonaro e Felipe D’Ávila, aproveitavam a banda contratada pelo amigo, quando um deles disparou: “Eu sei separar o artista da obra”. A frase se dirigia à música de Caetano Veloso que tocava no momento. O comentário se referia ao posicionamento político do músico que, desde antes do golpe de 64 e da instauração da ditadura militar no Brasil, estava associado a movimentos de esquerda, resultando inclusive na sua prisão e posterior exílio.
Historicamente, os grandes nomes do samba e da MPB estão alinhados aos ideais da democracia, também são defensores da igualdade social e de gênero, utilizando suas composições como instrumentos de militância, luta e difusão dos valores que defendem. Artistas do calibre de Caetano, como Chico Buarque, Beth Carvalho, Alcione e Zeca Pagodinho, são apenas alguns exemplos dos que se posicionaram politicamente nas últimas eleições, as mais acirradas da nossa história.
O racha causado pela polarização esquerda-direita ainda surte efeitos negativos no bom funcionamento do país. Seja através de manifestações antidemocráticas e de paralisações nas estradas, seja pela hostilização de personalidades por ambos os lados, nem mesmo a Copa do Mundo teve sucesso em nos unir como um só país novamente. Episódios recentes evidenciam o que digo: Neymar, o grande nome do futebol brasileiro da atualidade e um dos mais aclamados jogadores do mundo, às vésperas do primeiro turno declarou seu voto em Bolsonaro “fazendo o 22” em postagem nas redes sociais. Agora, no Catar, após uma lesão no tornozelo durante a estreia do Brasil, recebeu uma enxurrada de mensagens negativas das alas mais extremistas da esquerda. Nesta mesma onda de ódio mal direcionado, o cantor Gilberto Gil, vencedor de diversos Grammys, sentiu a fúria de eleitores bolsonaristas relutantes em aceitar o resultado das urnas enquanto assistia a esta mesma partida do Brasil versus Sérvia. Foi perseguido e xingado, enquanto o grupo filmava o infeliz acontecimento.
As discussões e diferenças são saudáveis em qualquer sociedade e as provocações nos movem em direção à evolução do pensamento e da humanidade. Devemos sim confrontar – pacífica e legalmente – os políticos com os quais não concordamos. Mas nossos maiores ídolos, representantes da nossa cultura diante do mundo todo, independentemente de sua ideologia, devem ser poupados de episódios tão vergonhosos e degradantes.
Arquiteto, é santa-cruzense e estudou História da Arte em Madrid
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