Publicado em: 09 de junho de 2023 às 01:43
Eu me considero classe média. Não sou nem rico – não chego nem perto -, nem muito pobre, portanto sendo do meio termo, faço parte desta classificação. Sei o que ela representa e onde está inserida hoje neste insano Brasil, quase de pernas para o ar. Como o Tavares, velho personagem de Chico Anysio, o canalha que se justifica com o bordão: “Sou, mas quem não é?”. Eu sou, mas não ando na contramão de tudo o que acontece sob as bênçãos destes. As classes médias brasileiras, espremidas entre a falta de perspectiva e a fantasia do dinheiro rápido, há tempo jogaram fora o moralismo. Para elas, vale tudo. Sacanas e cínicas.
Escrevo entristecido para tentar entender o que se passa com esta dita “classe média” brasileira, hoje mais do que encalacrada num conservadorismo pueril, doente e atolada até pescoço em ações também golpistas, ou seja, se antes já era vista como perigosa, hoje se revelam ao lado do que de pior temos na política brasileira. Descrença, desesperança e cinismo criaram por conta própria uma cultura onde um pilantra como Bolsonaro pode nadar de braçada. Sim, em sua maioria estiveram e ainda estão ao lado dos perversos, os que cravam a estaca nos costados do povo brasileiro. Adorariam subir no degrau social e não o conseguindo agem com muito empáfia.
Até hoje é incompreensível como o povo paulista, por exemplo, pôde na última eleição, depois de tudo o que se descobriu sobre esse tal de Seu Jair, ainda continuar votando nele. Não só nele, como neste Tarcísio de Freitas, nosso atual governador. O voto aqui em São Paulo e em alguns outros estados brasileiros se deu em razão de um desmedido ódio pelo que estes entendidos como esquerda, no caso o PT. Na eleição para governador foi mais do que surreal, beirando a plena loucura deixar de eleger alguém como Fernando Haddad, professor com larga experiência e pronto para dar uma guinada progressista no estado mais rico da Federação, para eleger um poste, alguém que nunca morou no estado de São Paulo. Este nada conhecia de e sobre São Paulo. Uma aberração.
Tarcísio hoje mostra suas garras e apronta das suas em tudo que faz, movido 100% por ligações umbilicais com o retrocesso. Nestes poucos meses já deu para perceber o quanto São Paulo perdeu e continuará perdendo com alguém tão alucinado à frente deste trem desgovernado, propondo a cada ação sem sentido o descarrilamento de toda a composição. A culpa disso tudo se chama “classe média”, principalmente sua porção interiorana, essa medrosa e sendo conduzida como manada para o matadouro. Os quatro estados representando o Sul do país – São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - estão mais do que envolvidos em ações despirocadas e numa nau à deriva no meio de uma tempestade.
Olhando para os lados e vendo como vota o povo do interior, observo nossas duas cidades – Santa Cruz e Bauru –, cada qual tendo votado seguindo orientação muito ligada não mais ao conservadorismo, mas a uma ultradireita, resvalando em atos fascistas. Não há no mundo direita como a brasileira. Tem um estômago de avestruz, engole todo tipo de porcaria, mais que em qualquer outro lugar. Pelo jeito, nem acompanha direito as notícias recebidas, dando vazão para um sentimento de que qualquer mudança é perigosa, pois inclui riscos e não os aceita, preferindo se atolar na barbárie. Isso não tem como acabar bem.
Henrique Perazzi de Aquino é jornalista, professor de História e mantém o blog Mafuá do HPA (www.mafuadohpa.blogspot.com)
Previsão do tempo para: Terça
Durante a primeira metade do dia Céu nublado com aguaceiros e tempestades com tendência na segunda metade do dia para Períodos nublados com aguaceiros e tempestades
COMPRA
R$ 6,05VENDA
R$ 6,05MÁXIMO
R$ 6,10MÍNIMO
R$ 6,00COMPRA
R$ 5,91VENDA
R$ 6,27MÁXIMO
R$ 6,12MÍNIMO
R$ 6,04COMPRA
R$ 6,36VENDA
R$ 6,37MÁXIMO
R$ 6,41MÍNIMO
R$ 6,35Voltar ao topo