Publicado em: 11 de junho de 2022 às 06:18
Bauru tem de tudo um pouco. Até o tal do astronauta brasileiro, o único dentre os aqui nascidos que foi pra galáxia é aqui nascido, criado e depois colocado no mundo. A cidade inteira tinha muito orgulho dele e o então presidente Lula investiu pesado em colocar o primeiro brasileiro no espaço. O escolhido foi alguém de dentro das Forças Armadas, mais precisamente da Aeronáutica e com alguma experiência. Pagaram de tudo pro gajo, muitos cursos nos EUA e de lá voou longe. Quando voltou começou a decepção. Não tardou muito abandonou o emprego público, para montar seu próprio negócio e assim, deu as costas para todo o investimento feito. Desde então, Bauru se divide entre os que cegamente continuam lhe apoiando e os que ficaram com um pé atrás.
Ele fez mais. Foi vender seus travesseiros espaciais, montou uma escola e criou aqui em Bauru, com anuência e incentivo dos tais “forças vivas”, os poderosos donos da grana, esse Arraiá Aéreo, que neste ano, após a interrupção da pandemia, deve ter, segundo os organizadores mais de 100 mil pessoas. O danado do Marcos Pontes, o tal do astronauta, fez mais – e continua fazendo. Foi ser ministro do Bolsonaro, Ciência e Tecnologia, prometeu até um unguento para curar a Covid, mas evidente que nada vingou, pois disso não entende nada. Permaneceu o tempo todo calado, contido, sem causar atritos com o chefe e assim se manteve, sem nada fazer de produtivo. Com isso, mais uma parcela de bauruense passaram a desacreditá-lo. Existem, porém, os que mesmo com tudo o que Bolsonaro fez e faz ainda os apoiam. Com o astronauta a mesma coisa e ele agora, é candidato a deputado federal.
O Arraiá acontece por aqui neste sábado e domingo, 11 e 12/06. É o acontecimento do final de semana, pois Bauru possui um desses lugares antológicos, um aeroclube de encher os olhos, cara dos anos 50/60, encravado no meio da cidade e sendo algo constante da especulação imobiliária que o quer abaixo. Ele resiste e o astronauta, que de bobo não tem nada, criou uma empresa privada para gerir seus negócios, que hoje se concentram neste grande ato. Vai ter avião de tudo quanto é espécie e assim sendo, como tudo o que vem de cima nos espanta e também nos torna muito curiosos, mesmo muitos criticando, a audiência é sempre grande. Dizem que até o capiroto mor, o destrambelhado do chefe do desgoverno pode aparecer de surpresa. Eu, como sei que lá pelas bandas do bucólico aeroclube o furdunço e a muvuca vão estar em alta, vou estar justamente no lado oposto da cidade, até para evitar atritos com os ainda adeptos do vassalismo bolsonarista.
Bauru, mesmo com tudo o que já está mais do que comprovado contra o ser inominável, também miliciano e ainda na Presidência, apupa e como toda boa (sic) cidade interiorana paulista, ainda se contorce, mas segue votando na desgraça da nação. Nem Alckmin como vice os faz se redimir. Enxergam comunismo onde ele nunca existiu, daí impossível estabelecer algum tipo de plausível diálogo com quem troca as bolas e escorrega na maionese. Com Marcos Pontes não é diferente. Lobo em pele de cordeiro. Voz pausada, trejeitos lentos, parece estar distante, quando na verdade, embroma Bauru e os seus, como o fez nos tempos de Ministério. Discutíamos ontem numa mesa de bar e nenhum dos presentes conseguiu amealhar nada de aproveitável de sua passagem por Brasília. Pontes e Bolsonaro se merecem e devem ir pra lata do lixo da História juntos, sem dó e piedade. Toc toc toc.
Henrique Perazzi de Aquino é jornalista, professor de História e mantém o blog Mafuá do HPA (www.mafuadohpa.blogspot.com)
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