João Ferreira

O gigante e o menino

Coluna de João Ferreira

O gigante e o menino

Publicado em: 07 de julho de 2023 às 22:39

Hoje não é dia de falar de política. Este colunista achou por bem deixar os políticos em paz, em trégua que tem dia para acabar: a próxima coluna, se o diretor permitir. A narração em terceira pessoa acaba aqui.

Pois bem. Há cerca de vinte dias, tive a oportunidade de levar meu filho para assistir a um jogo de futebol. Jogo do soberano (ok, podem caçoar, a fase é ruim mesmo) São Paulo. O menino, digo, adolescente, pedia há meses. Eu já o havia levado para “assistir” (ficou apenas brincando no espaço kids de crianças) um São Paulo 0x1 Chapecoense e noutro São Paulo 5x0 Linense. Ele nem lembrava disso, motivo pelo qual insistia, com razão.

A escolha foi ajustada. Adversário colombiano frágil, feriado, enfim, tudo conspirava em benefício da diversão. Dito e feito. São Paulo 5x0 Tolima. Mas não foi só. Houve a expectativa pela chegada do ônibus com os jogadores, uma multidão de mais de 40 mil torcedores, coros e hino, bandeiras e a mais absoluta paz e tranquilidade. Para completar, pipoca, refrigerante e uma aparição de papagaio de pirata na TV Gazeta (sabem aqueles torcedores desvairados que aparecem atrás do entrevistado? Pois é, fizemos isso também). Tudo isso com o amigo Matheus, a tia Bianca, o tio Rê e a vó Regina, do Matheus.

Mas qual a razão de tudo isso? Para mim, foi uma viagem ao passado com meu pai, atualmente residente e domiciliado no Reino dos Céus, CEP desconhecido, mas lugar certo para onde vão todos os pais. Em 16 de agosto de 1981 (fui pesquisar na internet), fui levado pelo meu pai, pela primeira vez, ao gigante de concreto chamado, popularmente, de Morumbi (ou estádio Cícero Pompeu de Toledo). Era a estreia do famoso jogador Mário Sérgio, já falecido. Fiquei deslumbrado com aquele monumento encravado no meio do bairro que leva o mesmo nome, Morumbi. Resultado: São Paulo 3x0 Botafogo/SP. Lembro que meu pai comprou uma bandeira e uma corneta (a chamada “vuvuzela”, aquela mesma da Copa do Mundo da África, de 2010) para que nos divertíssemos. Lembro, ainda, do placar antigo, preto, com pontilhados amarelos para simbolizar os nomes das agremiações e outras mensagens. Lembro da ambulância e da maca desenhadas no placar quando um jogador, que sequer lembro o nome, estava estirado no chão depois de uma falta dura. Lembro do menino maravilhado diante dos gigantes: o de concreto, Morumbi, e o de nome Dácio, meu pai.

Fui e voltei no tempo por diversas vezes neste jogo contra o Tolima. Vi meu filho, um menino, cantando coros, comemorando, xingando (sim, permiti tais veleidades) e divertindo-se naquele gigante de concreto. Pai e filho. Dois meninos: o do passado e o do presente. E dois pais: o do presente e o do passado. Todos juntos, gritando gol! Pais e filhos.

Até hoje me emociono, como um menino, com os gigantes: o de concreto e com meu pai, Dácio. Serão, para sempre, um gigante e um menino.


João Ferreira

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João Ferreira é advogado


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