Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Integralismo ou Fascismo

Coluna de Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Integralismo ou Fascismo

Publicado em: 19 de fevereiro de 2022 às 02:02

Plínio Salgado foi o fundador do Partido Integralista Brasileiro. Também foi um dos participantes da Semana de 22, atualmente completando cem anos de seu importante acontecimento. Era, pois, um intelectual. Foi candidato a Presidente da República, em 1955, perdendo para JK e concorrendo também com Juarez Távora, tivera comitê em Santa Cruz do Rio Pardo.

Seu lema, “Deus, Pátria e Família”, é um slogan apropriado pelo Presidente Bolsonaro, que, pois, com ele, assume um inequívoco fascismo, facção de extrema-direita, e não deixa dúvida sobre a linha a ser seguida por Jair Messias, em seu desejo de implantar no Brasil um governo direitista, com o controle do Judiciário e poder absoluto para o Executivo, ainda porque “Brasil acima de tudo”, outro lema de nosso bolsonarismo, é mesmo uma tradução literal do lema da juventude alemã dos anos de 1934 a 1945, ou mesmo da própria Alemanha, que queria dizer Alemanha acima de todos.

Plínio Salgado, em que pese quisesse um governo não constitucional liberal, quisera ser um ditador para nos dirigir. Embora fosse admirador de Hitler e de Mussolini, valorizava a cultura brasileira, em sua vertente luso-tupiniquim, e não era declaradamente racista como seus paradigmas, italiano e alemão.

Mesmo assim, naquela época da Ditadura de Vargas, do Estado Novo, fascista, alguns integralistas do mesmo perfil ideológico que Getúlio, portanto, fascistas, tentaram um golpe de Estado contrariamente a Vargas e de armas na mão, quiseram invadir o Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1938, para matar Getúlio e tomar o poder dele, então simplesmente um ditador. Mas deu tudo errado e esses integralistas terminaram presos e derrotados, sem que Plínio Salgado tivesse participação no atentado.

Mas é necessário fazer uma distinção importante. Como ensina a Filosofia do Direito, as leis mudam no tempo e no espaço, conforme a mudança social as altera, transformando a ética e os costumes de cada época. E o fato é que o integralismo, no Brasil, foi muito mais um movimento nacionalista. Em que a simbologia era toda ela indígena. Os integralistas, ao invés de Heil Hitler, saudavam-se igualmente na posição nazista de braço direito esticado, que, na verdade, era uma forma de saudar dos antigos romanos, dizendo Anauê, que na língua de nossos índios, quer dizer olá. Entre outras preciosidades (imaginem!) quiseram substituir o Papai Noel, pelo Vovô Índio, um cacique que, no Natal, traria presente para as crianças de bom comportamento.

Em minha postura nunca fui fascista e sou mesmo um social-democrata. E me arrepio quando a “Deus, Pátria, Família”, o Presidente Messias, acresce Liberdade, que, para mim, tem conotação cívica e social de extensão real da cidadania, a todos os segmentos populares, sem distinção, pela dignidade, que a todos os brasileiros deve amparar em suas vidas jamais descartáveis. Diferentemente do pensamento dele, de Bolsonaro, para quem liberdade é não querer tomar vacina e poder mandar brasa no faiquenius, para falar de todo mundo o absurdo que se queira dizer em um exercício de pós verdade e assim, de novo ganhar a eleição presidencial.

Não vou dizer precise o Presidente Jair ler Kant para saber mesmo o que é Liberdade. Seria demais exigir isto dele. Mas o fascismo de seu irmão, Viktor Órban, da Hungria, é uma confusão a significar contracultura. Entretanto o integralismo contou com homens como Goffredo Telles, Miguel Reale, Santiago Dantas, dos maiores juristas de toda história do Brasil e ainda, com Dom Helder Câmara, dentre outros.

Mas estes quando viram a fria em que tinham entrado, pularam fora da loucura integralista e nunca mais mesmo quiseram saber dela e são protagonistas de muito do progresso social no Brasil. Talvez uns ou outros deles, os comunas a que se refere Bolsonaro. Por isto penso que andar com Bolsonaro, é andar para trás. Dar murro em ponta de faca.


Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Luiz Antonio Sampaio Gouveia

Santa-cruzense, Sampaio Gouveia é advogado graduado pelas Arcadas e especialista em Finanças e Contabilidade (pela EAESP/FGV) e em Direito Penal Econômico (pela GVLAW/FGV), mestre em Direito Público (Constitucional) pela PUC-SP, Conselheiro e Orador oficial do IASP, membro do Consea/Conjur/Fiesp, procurador-jurídico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, entidade em que é irmão Mesário e remido, conselheiro da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Medicina da Faculdade de Misericórdia de São Paulo. É membro do Instituto Brasileiro de Recuperação de Empresas em Crise. Foi conselheiro-seccional da OAB-SP e da ASP. CEO Sampaio Gouveia Associados


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