Luiz Bosco

Os porquês da existência

Não é raro que nos vejamos em becos sem saída, insistindo em tentar enxergar a origem de um nó cujas pontas não aparecem

Os porquês da existência

Publicado em: 25 de março de 2022 às 18:05
Atualizado em: 26 de março de 2022 às 02:57

Diante do sofrimento que não nos deixa em paz, daquelas dores da existência que nos acompanham anos a fio, empenhamos tempo e energia tentando compreender possíveis causas para o que nos atinge. Não é raro que nos vejamos em becos sem saída, insistindo em tentar enxergar a origem de um nó cujas pontas não aparecem.

Para algumas pessoas, a vida pode parecer um permanente período de dificuldades. Questionar-se dos porquês disso se torna ainda mais intenso. Qual a finalidade de uma existência em que a tranquilidade parece não ter espaço?

A vida pode se arrastar sob o peso de respostas que nunca vêm. Sentimos que dependemos de certezas para que nosso viver tenha sentido, seja agradável e construtivo. Enquanto nossas perguntas permanecem nos assombrando, tudo se paralisa, decisões não são tomadas e objetivos permanecem sendo adiados.

O comportamento de procrastinação pode ser uma expressão dessas respostas inexistentes, que aguardamos possuir para que o cotidiano possa transcorrer e nossas obrigações possam ser cumpridas. A vida segue em suspenso enquanto ela for um enigma.

A existência tem poucas respostas e seus porquês são insatisfatórios. Sabemos que a vida começa e termina, que o tempo passa e que o mundo se transforma. Contudo, não temos certeza do porquê de nada disso. Esboçamos inúmeras explicações, elaboramos intrincados sistemas com uma possível “razão” por trás de todas as coisas, mas o que encontramos é a não-razão, pois o existir foge ao cálculo, ao ordenamento e à lógica.

A angústia vem da constatação de que o existir não tem um propósito pré-estabelecido, ou que o transcenda (que venha de algo fora dele mesmo). Cada momento transcorrido apenas se esvai e não nos revela algo maior e, quando olhamos para o passado, tampouco vemos um grande propósito traçado.

Podemos insistir na ideia de que há um destino, mas isso não seria uma prisão? É pior a vida já traçada ou a existência aberta a possibilidades?

Uma forma de se compreender o existir está justamente em enxergá-lo como possibilidade. Os porquês podem se apresentar como sem resposta; um caminho promissor para a reflexão é elucidarmos o “como”. Diante do sofrimento, dos contratempos e das agruras, pensar sobre como elas se abatem sobre nós ajuda a entender o que está acontecendo em nossa vida e o que podemos fazer para torna-la um pouco melhor. Desvia-nos de uma busca por causas, que pode ser infrutífera quando falamos de questões profundas, cuja origem pode estar nos desvãos da mente e de nossas experiências. Leva-nos a enxergar o que está acontecendo e quais ações, processos e estruturas estão envolvidos, permitindo-nos intervir sobre eles.

A angústia de se defrontar com a falta de sentido para a vida pode ser transformada em força libertadora das circunstâncias que nos oprimem, pois essa “falta de sentido” aponta para o fato de que a vida está em aberto, para que a trilhemos e façamos nosso próprio caminho.


Luiz Bosco

Luiz Bosco

Psicólogo (CRP 06/96910), Doutor em Psicologia pela Unesp. Escreve quinzenalmente. Contato: (14) 99850-0915


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