“A vida é muito curta para beber vinho ruim”

A frase do título não é minha, mas do famoso escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, que foi um grande apreciador de vinho. Literalmente ele era um apaixonado por vinhos, como eu. Embora esta frase dele sobre vinhos seja a mais conhecida, tem outra que também se encaixa muito bem em nosso tema e revela o quanto o escritor conhecia sobre vinhos e a alma humana. Ele disse: “Os ricos querem bons vinhos, os pobres querem muito vinho”.

Você concorda? Mas preste atenção, ele não está fazendo contraposição de vinho caro com vinho barato. A comparação que faz é de qualidade e quantidade. Segundo o Goethe, independentemente da sua renda, se você escolhe um vinho pela sua qualidade, você é rico. Mas se você abre mão da qualidade para ter mais quantidade de vinho, você está bebendo como um pobre. Fica a dica: nas suas escolhas, dentro da sua capacidade econômica, faça a opção pela qualidade no lugar da quantidade.

Mas, o que é um vinho de qualidade? O que é um vinho bom?

Existe uma forma técnica, objetiva, de se avaliar a qualidade de um vinho. É o que os especialistas fazem. Não é disso que vou falar, mas se você quiser saber como é feita esta avaliação, em meu canal no Youtube há o vídeo “Degustação técnica”.  Aqui, quero apenas compartilhar um conceito, uma ideia fácil até mesmo para os iniciantes classificarem um vinho.

Existem vinhos bons em toda faixa de valor e cada um está acostumado a comprar vinho em determinado nível de preço. Existe vinho barato bom e vinho caro ruim. Assim, é inevitável fazer a associação de preço, satisfação e qualidade do vinho. Vou dar dois exemplos.

Você compra um vinho baratinho, na promoção, paga R$ 35,00. Prova o vinho e diz: “Barbaridade! Joguei dinheiro fora”. Significa o que? Para você o vinho não vale nem os R$ 35,00 que pagou.

Por outro lado, para uma data comemorativa, você segue a orientação de um amigo, de um conhecedor de vinhos, e compra uma garrafa de R$ 150,00 ou por um valor que você não estava acostumado a comprar. No almoço, em família, você anuncia com pompa e circunstância que comprou um vinho especial, que ele vai harmonizar muito bem com o prato principal. Todos experimentam o vinho e um diz: “Nossa! Que vinho diferente, é muito bom!” Outro: “Ele não amarra a boca!” Até a sua sogra ou sogro, diz: “Nunca tomei um vinho como este”. Você prova e chega à seguinte conclusão: “Foi o vinho mais caro que já comprei, mas valeu cada centavo e quando for possível vou comprar novamente”.

O que estou tentando explicar é que degustar um vinho é, acima de tudo, ter uma experiência. Você tem que fazer uma viagem de carro. Você pode ir de fusquinha ou com uma Ferrari vermelha. Ambos os veículos têm a capacidade de levá-lo ao seu destino. Mas, com certeza, o percurso feito com a Ferrari será mais prazeroso.

Quanto ao nosso vinho, se você sente que ele lhe proporcionou uma rica experiência e lhe entregou em satisfação muito mais do que você pagou, você está diante de um vinho ótimo. Se a experiência que você obteve tão somente justifica o valor, isto é, a experiência está compatível com o preço pago, então você está diante de um vinho justo, ou se preferir, um vinho bom. Mas, se a sua experiência foi péssima e você se arrepende do valor pago, então, para você, é um vinho regular. Eu prefiro não chamar de ruim, pois sempre tem alguém que poderá gostar deste vinho.

Este é o objetivo desta coluna e do meu canal no Youtube, incentivar o aprendizado sobre vinhos, como meio para facilitar as escolhas e proporcionar uma ótima experiência.

Se aquele vinho que você tem o desejo de experimentar está acima do valor que costuma pagar, avalie a possibilidade de comprá-lo para uma ocasião especial ou convide amigos que tenham a mesma paixão pelo vinho e dividam o preço.

Saúde e um forte abraço.