
Voluntárias da vila Divineia estão tendo aulas de maquiagem com Natália Locali
A coleção de roupas produzida pelas mulheres do “Ateliê Alinhavando Sonhos”, do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) “Betinha”, do bairro São José, será mostrada à população no próximo dia 8.
As 15 peças feitas por mulheres de todo o território dos arredores do bairro São José — entre elas calças, saias, blusas e vestidos —, serão apresentadas no Palácio da Cultura às 19h30. A entrada é gratuita. As modelos são adolescentes da vila Divineia e todo o processo envolverá pessoas da comunidade.
Além das costureiras e modelos, o desfile contará com o apoio de pessoas da comunidade que ficarão responsáveis pela maquiagem e cabelo das modelos. Para tanto, o grupo recebe aulas de cabelo e maquiagem semanalmente, há um mês. O responsável por orientar a produção dos cabelos é o cabeleireiro André Luiz Martins. Já as aulas de maquiagem estão a cargo da maquiadora Natália Locali.
André conta que ficou sabendo do projeto por meio de uma amiga jornalista, que acompanha o processo. “Sempre tive vontade de realizar trabalho voluntário na minha área e vi no desfile uma ótima oportunidade. Depois, passei a ideia para a Natália, com quem trabalho, que abraçou a causa. Estamos felizes e realizados. A equipe é muito interessada e as aulas fluem com muita positividade”, garante o cabeleireiro.
Além das oficinas de cabelo e maquiagem, as 15 modelos que apresentarão os “modelitos” recebem aulas de passarela com a psicóloga Lívia Maria Rosseto Ortega. É ela, ainda, a responsável pela criação das peças confeccionadas no ateliê. É que, antes de se formar em psicologia, Lívia frequentou aulas em uma faculdade de moda.
A professora de costura Regina Terezan Mariani conta que as peças desenhadas pela psicóloga tiveram o conceito definido após pesquisa com as próprias costureiras. “A coleção foi inspirada na contracultura no que diz respeito às formas e a cartela de cores. No caso dos adereços, nos inspiramos na arquitetura moderna brasileira”, conta.
O desfile de moda faz parte do projeto “Fala Vila”, uma parceria entre a secretaria de Assistência Social, secretaria de Cultura e Associação de Moradores da Vila Divineia. A arte e a moda estão sendo usadas como instrumentos para que a comunidade rompa preconceitos ainda existentes e lute pela emancipação comunitária.
Iniciado em junho deste ano, o “Fala Vila” tem o objetivo de quebrar barreiras existentes entre a vila e a cidade. O primeiro passo foi a produção de um documentário sobre uma figura querida da Divineia, o “João Nervoso”. Uma oficina de grafite e o projeto fotográfico Salgadinhos também foram realizados. Paralelo ao desfile, são desenvolvidas oficinas de vídeo e música com os adolescentes.
A intenção é comercializar as peças desfiladas e também produzir novas para serem vendidas como coleção própria do ateliê.