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A força da babosa

A força da babosa

Publicado em: 30 de janeiro de 2017 às 22:10
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 13:41

Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Magno Alves já fez de tudo na vida. Foi cabeleireiro, dono de escola de corte de cabelo, abriu danceteria e proferiu palestras. Alguns empreendimentos foram sucesso; outros, nem tanto. Aos 54 anos, porém, Magno pode estar dando o “pulo do gato” ao descobrir um fertilizante natural, à base de babosa. Sim, ela mesmo, aquela planta que comprovadamente nutre os cabelos. Mas esta é a única semelhança entre o Magno Alves cabeleireiro e o agora empresário do ramo de fertilizantes. Pela primeira vez na vida, ele está aplicando na prática os estudos do campo, já que se formou pela Escola Agrícola (Etec) de Santa Cruz do Rio Pardo.

A história do incrível fertilizante começou há vários anos, quando Magno comprou uma fórmula para fabricar fertilizante de um cientista da Unicamp. Pagou uma pequena fortuna e, por muitas vezes, imaginou que havia entrado numa “furada”. Antes, porém, precisava investir no plantio da “Aloe vera”, o nome científico da babosa.

Mas a fórmula não era tão fácil de ser produzida. Foram vários anos de estudo, experiências e conhecimentos que culminaram, enfim, na produção do fertilizante. O interessante é que a babosa tem propriedades hidradantes, é repelente de insetos e estimula o apetite. “O Biotônico Fontoura, usado para abrir o apetite, possui babosa em sua fórmula”, contou Magno.

O empresário estava focado em descobrir um fertilizante natural, sem agentes químicos, já que a maioria dos países mobilizam cientistas na direção este caminho. Mas o “pulo do gato” é que, nas primeiras aplicações, o novo produto mostrou que os benefícios da Aloe Vera para o ser humano também foram absorvidos pela vegetação. O resultado é uma lavoura livre de pragas, resistente ao sol e que retira da terra muito mais nutrientes do que os produtos convencionais.

Magno Alves ficou entusiasmado, mas ainda precisava convencer agricultores a usar o produto. “Em algumas propriedades eu tive de implorar, pois a maioria dos agricultores é muito desconfiada. Eles foram aplicando aos poucos, mas os resultados foram extraordinariamente visíveis”, contou.

A ajuda de um primo foi fundamental. Como a propriedade fica na beira da rodovia SP-225, era a oportunidade para o cultivo se transformar numa espécie de “vitrine” ao ar livre. “Mas até meu primo foi aplicando aos poucos, igualmente desconfiado. Hoje, já usa em toda a produção de soja”, disse Magno.

Testes surpreendem

CRESCIMENTO — Edvânia mostra tomate com mais cachos após aplicação

CRESCIMENTO — Edvânia mostra tomate com mais cachos após aplicação



Os primeiros testes foram feitos com produtores de hortifruti em estufas na zona rural de Santa Cruz do Rio Pardo. Os resultados novamente surpreenderam, com tomate, pimentão e pepino crescendo muito melhor do que com agrotóxicos. Algumas propriedades ainda usam pesticidas como prevenção, mas aos poucos ele será abolido.

Há casos de estufas cuja produção seria descontinuada. Com o produto, as plantas renasceram e voltaram a produzir com muita força.

O “boom” da babosa está prestes a revolucionar a agricultura. Magno, entretanto, sabe que precisa de investidores, que já estão aparecendo apenas pelos rumores no mercado sobre o novo produto. Na semana passada, o santa-cruzense conversou com empresários do grupo Cocais. Na quinta-feira, 26, um suiço saiu da Bahia, onde mora, para conhecer o “Aloe Fertil”, o nome do fertilizante. Pascal Langenegger deixou Santa Cruz impressionado e disposto a ser o representante do produto para um projeto de exportação direto para a Europa.




Produtos de estufas têm

reações surpreendentes

”SEM PEPINO“ — Adriana disse que até formato do legume mudou

”SEM PEPINO“ — Adriana disse que até formato do legume mudou



Como a produção do “Aloe Fértil” começou timidamente, Magno Alves foi atrás dos produtores que utilizam estufas. “Eu pedia uma chance para mostrar o produto, inclusive entregando amostras de graça”, contou. As primeiras aplicações serviram para “ajustar” de vez a fórmula.

Na região de Caporanga, distrito de Santa Cruz, os resultados foram tão bons que vários produtores hoje são usuários “cativos” do fertilizante.

No bairro Ribeirão Bonito, a produtora Edvânia Fátima da Silva Andrade manteve a tradição do pai, um dos pioneiros no município no uso de estufas, e produz tomate, pimentão e pepino. Segundo ela, o ramo enfrenta vários problemas climáticos e de pragas e o lucro não é garantido. Há três anos, ela cedeu aos apelos de Magno Alves e começou a aplicar o fertilizante à base de babosa. Primeiro, em pequenas áreas; hoje, em todas as estufas.

“A produção aumentou muito e não há incidências de pragas, principalmente mosca branca e o trips. Meus clientes já elogiaram até o sabor dos alimentos, já que não há quase agrotóxicos”, disse. Edvânia, na verdade, ainda aplica agrotóxicos a cada 15 dias apenas por precaução. “Antes, o veneno era aplicado duas vezes por semana”, contou. Aos poucos, a química será definitivamente retirada. “Hoje, minha filha colhe o tomate diretamente da estufa para consumo no próprio local, sem nenhum problema”, disse.

Filha consome tomate na estufa

Filha consome tomate na estufa



A poucos quilômetros da propriedade, a cunhada Adriana de Andrade Silva possui estufas há 13 anos e aplica o Aloe Fértil há três. Aliás, ela resolveu experimentar o produto numa estufa de pimentão cujos pés seriam retirados porque já não produziam. A planta, entretanto, reagiu e voltou a produzir. “Isto nos impressionou, pois a planta é mais vistosa e resistente. Parece que o produto age como repelente”, contou.

Ela notou diferenças surpreendentes no cultivo de pimentão, tomate e pepino. “No caso do pepino, até o formato mudou, pois com outros produtos ele crescia torto e, apesar do mesmo sabor, tem preço reduzido”, contou. Com o fertilizante natural, a aplicação, antes perigosa com o uso de agrotóxico, passou a ser até divertida.




Grandes produtores ficaram surpresos com os resultados na soja

Grandes produtores ficaram surpresos com os resultados na soja



Soja ‘natural’ responde bem

Talvez a pessoa mais impressionada com os resultados do fertilizante à base de babosa seja seu criador, o empresário Magno Alves. Afinal, em todas as lavouras onde o novo AloeFértil foi aplicado, o resultado surpreendeu. O produto já mudou culturas de café, hortaliças, mandioca ou milho. Mas como o plantio de soja na região de Santa Cruz do Rio Pardo é grande, Magno espera ansioso a próxima safra, que vai começar a ser colhida dentro das próximas semanas.

O empresário, no entanto, está ciente do impacto que a safra terá na aceitação do AloeFértil. É que os resultados já são visíveis aos próprios produtores. Alguns, inclusive, fizeram questão de deixar “testemunhos”, ou seja, separaram pequenas áreas com aplicação de produtos diferentes.

Leandro Logullo diz que novo produto derrotou um “Barcelona”

Leandro Logullo diz que novo produto derrotou um “Barcelona”



É o caso de Leandro Ferreira Logullo, agricultor há sete anos e dono de propriedades na região. “O produto surpreendeu. O custo é mais baixo dos que os concorrentes e a eficiência, muito alta. A soja respondeu com a qualidade que eu queria”, disse.

Leandro planta soja e milho, mas por enquanto usou o fertilizante na soja. “E ainda não usei em toda a lavoura. Já estou fazendo a terceira aplicação e deixei uma área como ‘testemunhada’, onde usei outro produto tradicional do mercado que contém teor químico”, afirmou.

Logullo disse que, no início, os dois produtos apresentaram a mesma eficiência. “Isto já foi uma grande coisa, pois coloquei o ‘Barcelona’ para jogar contra ele”, brincou, sem revelar o nome do concorrente. Entretanto, algumas semanas depois a área com o novo produto começou a reagir melhor. “O visual da minha soja é outro. Aliás, estou fazendo a terceira aplicação em toda a lavoura”, contou.

Até no café

José Sanches Marin ficou surpreso com reação do café

José Sanches Marin ficou surpreso com reação do café



José Sanches Marin, ex-presidente da Associação Comercial e empresário do ramo de tintas, também é agricultor há mais de 20 anos em Santa Cruz do Rio Pardo. No ano passado, ele concordou em usar o produto de Magno Alves na lavoura de soja e se surpreendeu. “O resultado foi muito expressivo, muito melhor do que outros produtos que utilizam química”, disse, explicando que também deixou algumas áreas com produtos concorrentes para efeitos de comparação.

Segundo Marin, as vagens da soja cresceram maiores e mais vistosas. “Claro que o tempo ajudou muito, mas será a melhor soja dos últimos dez anos”, explicou.

Ele também resolveu testar o AloeFértil numa pequena área de café. “Na verdade, eu arrendei uma propriedade cujo café seria irradicado. Estava feio e parecia não reagir mais. Com o produto, ganhou força”, contou. Sanches Marin, inclusive, igualmente deixou uma área sem aplicação e o resultado é nítido. “Os nutrientes são iguais, mas a diferença é o fim do veículo químico na irrigação. É só água e Aloe Vera”, afirmou. “E o melhor é que teremos alimentos naturais, que não agridem o consumidor”, elogiou.

Edmur está satisfeito e espera safra “gorda” nas próximas semanas

Edmur está satisfeito e espera safra “gorda” nas próximas semanas



Outro grande produtor de soja de Santa Cruz do Rio Pardo, Edmur Pedroso da Silva, 52, há 25 anos possui uma propriedade do bairro das Palmeiras. Ele veio com a família de Cerquilho-SP, quando o pai resolveu investir em terras da região.

Edmur, na verdade, é aquele típico agricultor “desconfiado” citado por Magno Alves. Usando o produto pela primeira vez, ele espera ver o resultado na safra, que começa a ser colhida a partir de fevereiro. No entanto, admite que os resultados já são visíveis. “Falta apenas comprovar, mas dá para perceber que a planta é mais forte e apresenta vagens maiores”, explicou.

Edmur cultiva soja, milho e possui pastagens para o gado. Se o resultado for tão animador como se apresenta, o agricultor vai expandir a aplicação para todas as lavouras. “É uma grande novidade no mercado. Separei uma área para aplicar outros produtos e já dá para comparar. O natural saiu-se muito bem”, afirmou.

Se a revolução na agricultura se confirmar com o novo fertilizante, será mais um empreendimento de sucesso com origem em Santa Cruz do Rio Pardo.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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