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Após reunião com prefeito, Câmara arquiva o caso do assessor desconhecido

Após reunião com prefeito, Câmara arquiva o caso do assessor desconhecido

Publicado em: 22 de abril de 2018 às 19:42
Atualizado em: 28 de março de 2021 às 14:56

Otacílo se reuniu com vereadores minutos antes da

sessão e caso foi ‘encerrado’ sem maiores explicações

FIM — Câmara desistiu de investigar influência do corretor de Otacílio



A indignação demonstrada pelos vereadores, imediatamente após a descoberta de um misterioso assessor do prefeito que nunca havia conversado com algum parlamentar, deu lugar a um recuo igualmente enigmático. Na última segunda-feira, 16, o prefeito se reuniu a portas fechadas com todos os vereadores, antes da sessão ordinária. Havia a expectativa de que pelo menos um requerimento de informações seria apresentado pelos vereadores, mas o assunto sequer foi abordado. Somente no final da reunião, às 21h13, o presidente Marco “Cantor” Valantieri (PR) avisou ao pequeno público que acompanhava a sessão que o caso “estava encerrado”.

A presença do advogado André Gozzo no primeiro escalão do governo, anunciada no início do mês pelo jornal, foi uma surpresa para os vereadores. O cargo de assessor de Relações Institucionais tem a função de promover a “interlocução” entre os poderes Executivo e Legislativo. Entretanto, mesmo sendo assessor há praticamente um ano, nenhum vereador conhecia André Gozzo.

Na verdade, a nomeação do advogado foi um acerto entre Otacílio Parras (PSB) e o corretor de imóveis Irineu Gozzo, que cuida dos negócios imobiliários da família do prefeito. Irineu é costumeiramente reverenciado por Otacílio como seu “amigo número um”.

Um dia após a publicação da reportagem sobre o “assessor desconhecido” no DEBATE, o advogado pediu demissão e voltou para São Paulo. Horas antes, porém, tentou explicar suas funções a duas emissoras de rádio e acabou admitindo que monitorava as redes sociais — especialmente o Facebook — para o prefeito, destacando as críticas à administração. André Gozzo tinha salários mensais de R$ 7,4 mil.

A princípio, a Câmara reagiu de forma contundente. Vários vereadores disseram a emissoras de rádio que haveria, no mínimo, um desvio de função. Todos admitiram que o advogado era um desconhecido dos parlamentares.

Os vereadores chegaram a analisar a possibilidade de investigar o caso através de uma Comissão de Assuntos Relevantes. Depois, discutiram a remessa de um requerimento solicitando informações ao prefeito sobre o tal assessor. Por fim, resolveram convidar o prefeito para uma reunião na Câmara, uma hora antes da sessão da última segunda-feira, 16. Alguns vereadores tentaram despistar a imprensa, dizendo que a “sabatina” seria na terça, um dia após a sessão.

Apesar das portas fechadas, foi possível ouvir gargalhadas da reunião entre Otacílio e os vereadores. O encontro, inclusive, atrasou o início da sessão ordinária em 20 minutos.

Durante toda a sessão, nenhum vereador comentou o caso. O requerimento de informações — que já tinha, inclusive, assinaturas de vários parlamentares, inclusive da base governista — também não foi colocado em votação.

No final da sessão, o presidente Marco “Cantor” Valantieri (PR) se limitou a dar um aviso: “Sobre este assunto que foi questionado pela imprensa durante duas semanas, que é o caso do assessor André Gozzo, esclareço que o prefeito aceitou o convite para uma reunião e respondeu a todas as perguntas relacionadas ao cargo. Para todos os vereadores, as respostas estiveram a contento e tudo foi esclarecido de uma vez por todas. Assim, esta presidência dá por encerrado este assunto”, disse.

Valantieri não contou detalhes da reunião e nem das explicações do prefeito. A decisão dos vereadores de arquivar o caso foi tomada um dia depois do jornal noticiar que o corretor particular do prefeito possui outros parentes em cargos comissionados na administração.




“CASO ENCERRADO” — O presidente ‘Cantor’ usou um minuto da sessão para dizer que assunto estava encerrado



Para presidente, bastou

a explicação do prefeito

Marco “Cantor” confirma que Câmara

desistiu de investigar caso do assessor

Um a um, os vereadores deixaram rapidamente o prédio da Câmara, na sessão de segunda-feira, 16, sem dar entrevistas para explicar o arquivamento do caso do assessor desconhecido. O único que aceitou falar foi o presidente Marco “Cantor” Valantieri (PR), para quem a conversa com o prefeito “esclareceu tudo” e, por isso, os vereadores entenderam que o caso nem deveria ser investigado.

Para o vereador, a existência de um “etc” entre as funções do assessor, na lei que regulamentou o cargo, deu ao prefeito condições para usar o detentor da função para quaisquer atividades, inclusive o monitoramento de redes sociais. Gozzo custou quase R$ 100 mil ao município.

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DEBATE — A Câmara decidiu encerrar o caso, mas não explicou os motivos. O senhor poderia dizer o que houve na reunião com o prefeito, que motivou esta decisão?

Marco — Durante os últimos dias houve questionamentos por parte da imprensa e por várias pessoas, inclusive com vereadores buscando informações. Então, fizemos um convite ao prefeito para que ele prestasse esclarecimentos sobre o tal assessor. E pouco antes da sessão ele marcou presença e ficou aberto para todos os vereadores fazerem perguntas sobre o assessor. Então, chegamos à conclusão que as respostas do prefeito foram satisfatórias para que este caso seja encerrado.

DEBATE — Mas o senhor pode dizer o que foi perguntado na reunião com o prefeito?

Marcos — Tudo a respeito do cargo, principalmente a função do funcionário. O que pegava era o possível desvio de função, uma vez que o prefeito disse em várias entrevistas que era ele quem dava as ordens para o assessor. Mas tudo dentro das atribuições do cargo, que são aquelas 14 linhas que constam no projeto. Então, entendemos que realmente era uma prerrogativa do prefeito. Os vereadores também entenderam que o fato do funcionário não ter feito nenhum contato com a Câmara também era uma prerrogativa do prefeito, pois ele explicou que o assessor prestou seu serviço durante o tempo em que permaneceu na prefeitura.

DEBATE — Mas o próprio assessor disse, em entrevista a emissoras de rádio, que tinha a função de monitorar as redes sociais para o prefeito...

Marcos — O prefeito deixou claro que o funcionário, dentro de suas funções, buscava informações sobre o Legislativo, através dos requerimentos e indicações que chegavam à prefeitura logo após a sessão da Câmara. Então, acredito que foi uma colocação mal feita por parte do funcionário e este foi o entendimento de todos os vereadores.

DEBATE — O prefeito, ao não nomear um substituto após a saída do André Gozzo, também mostrou que o cargo não faz nenhuma falta...

Marcos — O prefeito deixou claro que não vai nomear um novo funcionário somente para fazer esta “ponte” entre Executivo e Legislativo. É uma prerrogativa dele e não sabemos ao certo se ele pode indicar alguém. Mas entendemos que ele não vai nomear ninguém.

DEBATE — A reunião foi feita um dia após o jornal noticiar que o corretor particular do prefeito, avô do ex-assessor, também tem outros parentes na administração. A Câmara também não vai investigar estes fatos?

Marcos — Este é um fato novo que surgiu neste final de semana. Nós somos em 13 vereadores e, a partir do momento que recebemos uma denúncia, nossa função é buscar informações e transmitir transparência à administração. Mas isto também foi comentado rapidamente na reunião com o prefeito e ele disse que não é bem assim. Estas informações não procedem, pelo menos isto é o que o prefeito falou. Claro que cabe a cada vereador buscar agora as informações.

DEBATE — Mas chamou a atenção o fato da Câmara não fazer nenhum questionamento na sessão. A reportagem do jornal mostrou que somente uma filha do corretor não ocupava cargo comissionado, pois há uma sobrinha que foi nomeada para direção de escola e também havia uma neta em cargo de direção ilegal, que foi extinto a pedido do Ministério Público. A própria Câmara aprovou a lei de extinção do cargo...

Marco — Isto foi perguntado e, como eu acabei de dizer, o prefeito disse que não procedem estas denúncias. Pelo menos para nós, ele disse que está tudo normal e não há nenhuma irregularidade. Foi isto o que o prefeito falou.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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