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Artigo de João Zanata Neto - Edição de 22/01/2017

Artigo de João Zanata Neto - Edição de 22/01/2017

Publicado em: 24 de janeiro de 2017 às 00:35
Atualizado em: 30 de março de 2021 às 01:58

À deriva

João Zanata Neto *

Eu ando por aí, imerso em pensamentos. Caminho como se fosse invisível. Pareço não ser deste mundo. É outra dimensão onde a realidade se dissolve e o tempo não existe. Talvez, a realidade não exista ou não poderia existir. Eu só posso experimentar uma ilusão. Minha verdade é uma aproximação do real.

Não sei quantas horas já caminho. Não tenho preocupações. Vou mecanicamente ao meu destino. Na rua alguém passa. O cotidiano remete as gentes aos seus compromissos. Para mim, um ser humano a ser considerado e respeitado. Mas eu estou disperso e ando abnegado da realidade. Do cotidiano nada importa.

Eu ando por aí, angustiado. Caminho cheio de dúvidas. Parece que nada é certo neste mundo. É outra a realidade onde a ilusão me envolve e o tempo se enlonga. O tempo é a sensação que algo ficou para trás ou que ainda não veio. O tempo presente não tem referente.

Não sei quantas dúvidas trago na mente. Mesmo assim não tenho cogitado muito sobre elas. Só sei que elas existem. Na rua não se encontra as respostas. Nas lojas só vejo placas e palavras de impacto. Para mim, um costume, nada mais. Mas eu estou desatento para estes dizeres. O pensamento deve ir além do lugar comum.

Por um momento pensei: eu sou irreal! Sou fruto da minha imaginação. Estou me recriando a cada pensamento. Eu sou o pensamento. Sou irreal e impalpável. Talvez, eu não exista. Quem me vê, só percebe a projeção do meu pensamento.

Não sei se há limite para a imaginação. Nunca encontrei onde a realidade perde sua verdade. Entretanto, a imaginação depende da criatividade. A verdadeira criatividade não tem referente. É pensar o impensado. Para isto é preciso desconhecer.

Por um instante hesitei: eu sou real? Ou sou fruto da minha ilusão? Estou inventando uma realidade a cada dia. Eu sou o inventor de mim mesmo. Sou surreal e improvável. O improvável, entretanto, não deixa de ser possível. O surreal não tem referente. Ele é a ilusão suprema.

Não sei quantas vezes me reinventei. Este eu agora deve ser outro amanhã para ser reinventado. Ao reinventar-me posso ser você por coincidência. A semelhança é possível porque é referente. O eu pode ser recorrente. O eu pode ser quântico. Pode existir em níveis discretos. Para fugir do eu comum, devo ser surreal.

Sou tão vazio quanto o universo. Sou um pequeno universo. Sou um conglomerado modesto de partículas, suficiente para poder pensar e criar a minha realidade. Existir é nada mais que viver uma ilusão. 

* João Zanata Neto é escritor santa-cruzense, autor do romance “O Amante das Mulheres Suicidas”.
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