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Avião salvou vítima da pólio

Avião salvou vítima da pólio

Publicado em: 14 de novembro de 2019 às 16:23
Atualizado em: 07 de outubro de 2023 às 03:53

Fato aconteceu há 62 anos, quando menino apresentou
sintomas e foi levado às pressas para São Paulo



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

O agropecuarista Maurício Camilo dos Santos, 63, possui uma sequela quase que imperceptível de um episódio que, por pouco, não se transformou em tragédia. Aos nove meses de idade, ele começou a ter febre muito alta e a mãe percebeu que o bebê, que já tinha começado a dar os primeiros passinhos, já não ficava mais em pé. Os médicos não sabiam o que ele tinha, mas os pais desconfiaram da poliomielite, pois havia um surto no Brasil na década de 1950. O menino precisava ser levado às pressas para São Paulo. A sorte é que havia aeroporto em Santa Cruz, com uma linha regular da Vasp para a capital. Depois de uma longa internação e meses de fisioterapia, a única marca da pólio em Maurício é o fato de mancar de uma das pernas, que ficou mais fraca.

 

 

Maurício Camilo só ficou com uma pequena sequela da poliomielite

 


Dias depois do Dia Internacional de Combate à Pólio — 24 de outubro —, Maurício conta sua história e alerta as famílias sobre as “Fake News” espalhadas nas redes sociais que levam as pessoas a não vacinarem seus filhos. “Se eu tivesse sido vacinado logo depois de nascer, não teria passado por isso. Minhas filhas foram todas vacinadas”, conta o agropecuarista.

Claro que, na época da infância de Maurício, as vacinas não estavam disponíveis no Posto de Saúde da esquina. Aliás, não havia tantos postos e nem campanhas de vacinação em massa. Foi por isso que o Brasil teve surtos de poliomielite que atingiram várias famílias. Houve crianças que morreram, enquanto outras ficaram com sequelas o resto da vida, principalmente afetando as pernas.

Anos depois, sucessivos governos fizeram campanhas todos os anos, a vacina se popularizou e, um intenso trabalho que teve a participação decisiva do Rotary Club Internacional, a poliomielite foi erradicada do Brasil.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o País não possui um caso positivo de pólio há pelo menos 28 anos. No entanto, outras doenças que também eram consideradas erradicadas, estão voltando. É o caso do sarampo, rubéola e difteria.

Há existem alertas sobre a poliomielite, como em algumas regiões do Nordeste. O problema é a baixa adesão dos pais em campanhas de vacinação, que é considerada “crítica” nestas regiões do País.

O pior é que as redes sociais, nas chamadas “Fake News”, contribuem decisivamente pelo desinteresse dos pais. Eles acreditam em notícias falsas que espalham boatos sobre contaminação de vacinas.

 

 

 

 

 

VIDA NORMAL — Maurício e a mulher Marli: preocupação com as filhas

 


Rapidez salvou

Maurício Camilo nasceu uma criança normal e já começava a dar os primeiros passos prematuramente, antes do primeiro aniversário. Foi quando aconteceu o problema. Segundo ele, na época havia um surto da doença em todo o País e Santa Cruz não estava imune. Aliás, na mesma década houve vários casos de pacientes com poliomielite no município.

“Minha mãe contava que, do dia para a noite, eu passei a ter febre muito alta e as pernas já não tinham sustentação”, contou. Os médicos da cidade, segundo Maurício, diziam que tudo podia ser um reflexo de uma forte gripe que estaria evoluindo para pneumonia. Na verdade, pouco se sabia no Brasil sobre a pólio. O diagnóstico, enfim, era difícil.

O menino, entretanto, piorou. A mãe percebeu que podia ser uma moléstia pior. Ela chegou a dizer que possivelmente era paralisia infantil, como era chamada a pólio na época. Quando a palavra surgiu em consultórios, os médicos recomendaram encaminhar a criança às pressas para São Paulo.

Foi aí que entrou a existência de linhas aéreas da Vasp em Santa Cruz. “Eu fui colocado no primeiro avião rumo ao Hospital das Clínicas”, lembra Maurício.

O gesto dos pais salvou o menino. Ele ficou internado vários meses sem ao menos se comunicar com os pais. “Eles só me viam através de uma janela de vidro”, afirmou.

Depois, foram necessários meses de fisioterapia, mas só existia profissionais em grandes centros. Maurício só voltou a Santa Cruz do Rio Pardo praticamente um ano depois. Uma das pernas, porém, perdeu força em relação à outra.

A sequela permanece até hoje, mas nada que atrapalhe a vida de Maurício Camilo dos Santos. Ele teve uma infância e adolescência saudáveis, se casou com Marli Santos e tem duas filhas já adultas.

“Na verdade, eu brinquei de tudo na infância. Ou quase tudo, pois não conseguia jogar bola”, conta. Ele cresceu comendo geleia de mocotó, que foi ministrada pelos médicos. “Era meu alimento corriqueiro. Tinha todo dia”, lembrou.

Depois que a cura foi confirmada pelos médicos, a mãe ainda pagou muitas promessas. “Uma delas foi cortar meu cabelo e ir até Aparecida do Norte”, conta o agropecuarista.

Hoje, Maurício vê as “fake news” contra a vacina como preconceito, irresponsabilidade e desinformação de quem espalha este tipo de notícia falsa. “Minhas filhas foram vacinadas corretamente. Não é possível que alguém ainda acredite nisso e coloque em risco da vida dos filhos”, disse. 

 

 

 

 

 





     
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  • Publicado na edição impressa de 10/11/2019




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