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Fracassa tentativa de união Severo-Murilo

Fracassa tentativa de união Severo-Murilo

Publicado em: 20 de março de 2020 às 14:31
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 21:12

Grupos conversaram na noite de

quarta-feira, mas acordo não evoluiu

e Murilo anuncia fim do diálogo


SEPARADOS — Murilo Sala não aceitou acordo com Severo e garantiu que vai disputar a prefeitura



Sérgio Fleury Moraes

Da Reportagem Local

Luciano Severo (Republicanos) e Murilo Costa Sala (SD) juntos numa mesma chapa, independente da ordem, é um sonho que continua sendo acalentado por setores da oposição. Os dois vereadores já se lançaram pré-candidatos a prefeito, num cenário em que ambos poderiam, ao menos em tese, dividir votos numa mesma faixa do eleitorado contra o candidato oficial do grupo governista, o secretário de Saúde Diego Singolani. A situação, alertam especialistas, pode repetir as eleições de 1982, 2004 e 2008, em que o vencedor teve votação menor do que a soma dos demais. No entanto, a reunião entre os dois grupos, na noite de quarta-feira, 11, não terminou em acordo.

Segundo apurou a reportagem, o encontro foi articulado por um amigo comum de Murilo e Severo. “Nós fomos ouvir”, disse Murilo, “mas só haveria mudança se o Maurício não quisesse ser o vice ou se o nosso grupo entendesse que a união com o Severo seria melhor”.

O vereador, porém, disse que não decide sozinho e ficou irritado com algumas informações — segundo ele, espalhadas por membros do grupo de Luciano Severo — que teriam “desvirtuado” o teor da reunião. “O burburinho da cidade no dia seguinte é que eu já havia decidido ser o vice do Severo. Então, nosso grupo decidiu manter minha candidatura e a do Maurício”, afirmou.

Ele se refere ao empresário Maurício Cury, já anunciado como pré-candidato a vice, provavelmente numa chapa a ser lançada pelo Podemos, o partido político de Álvaro Dias. Foi o ex-governador, aliás, quem abonou as fichas de filiação de Murilo e Maurício.

De acordo com Murilo, o problema não se restringe aos boatos após a reunião, mas também a uma questão de palavra. Em 2008, lembrou, Murilo apoiou Luciano Severo para prefeito. “E fui até o fim, assim como em 2012 dei minha palavra à Maura. Agora, minha palavra é disputar a eleição com o Maurício Cury de vice”, afirmou.

O vereador disse que haveria possibilidade de uma nova reunião até o final do mês, mas ela deve ser cancelada. “Nós só aceitamos conversar [na quarta-feira] porque também não queremos a continuidade do governo do jeito que está. Entendo que um único candidato a oposição seria mais fácil, mas acho que, mesmo com três candidatos, há grande chance de ganhar a eleição”, disse.

Para Murilo, o atual governo “não está com esta bola toda”, citando problemas graves na Saúde e em outros setores. “Então, nossa candidatura é perfeitamente possível”, disse.

Murilo Sala, porém, ainda deixou em aberto a possibilidade, embora mínima, de novas conversas entre os dois pré-candidatos. “Sinceramente, o intuito dos dois grupos é o mesmo, mas, infelizmente, algumas pessoas estão atrapalhando este diálogo”, afirmou. “O que eu percebi do nosso grupo é que qualquer acordo é difícil. Se for para apostar, diria que não haverá nenhum acordo”, ressaltou.

O empresário Maurício Cury, o pré-candidato a vice na chapa de Murilo Sala, disse que “já na saída da reunião” de quarta-feira era visível a dificuldade de um acordo entre os dois grupos. “Nosso pessoal não concordou, pois não vemos vantagem nesta união. Cada um parte para o seu lado e vamos para a eleição”, afirmou. 




SEPARADOS — Luciano Severo disse que ficou surpreso com anúncio de Murilo mesmo sem uma resposta oficial do grupo



Severo não recebeu resposta ‘oficial’,

mas considera acordo ‘muito difícil’

A reunião entre os grupos de Luciano Severo (Republicanos) e Murilo Sala (Podemos) aconteceu na noite de quarta-feira, 11, no recinto da Câmara, e foi fechada. Estavam presentes vereadores da oposição e alguns coordenadores dos dois pré-candidatos. Na sexta-feira, 13, Severo explicou que o objetivo foi mesmo discutir uma possível união entre os grupos. O vereador, entretanto, ainda não confirmou se será candidato a prefeito na sucessão de Otacílio Parras (PSB).

Segundo apurou o jornal, Severo abriu a reunião sugerindo que a união das oposições poderia facilitar uma campanha eleitoral. Além disso, o vereador anunciou a disposição de integrar a chapa de Murilo como vice. Tudo dependeria de uma pesquisa que pudesse indicar qual dos dois candidatos teria melhor viabilidade na disputa eleitoral. Segundo ele ponderou, “seria uma medida inteligente dos grupos”.

De acordo com Severo, a reunião terminou num clima amistoso e com um otimismo para um acordo eleitoral. “Ficou definido que os grupos iriam discutir o assunto internamente, inclusive providenciando pesquisas, e haveria uma segunda reunião”, disse.

O vereador disse que ficou “surpreso” no dia seguinte, quando recebeu a informação de que Murilo Sala descartava qualquer acordo. “Não fomos comunicados oficialmente, mas a informação que recebemos é que eles iriam prosseguir com a chapa pré-lançada e que a união não interessa no momento”, disse.

Para Severo, os dois grupos vão seguir com seus candidatos. Uma união, segundo avaliação do vereador, seria “razoável” para combater, por exemplo, o uso da máquina administrativa pelo prefeito Otacílio nas eleições. “Isto já está acontecendo e não tenho dúvida de que vai aumentar nas eleições”, alertou.

Sobre uma possível continuidade nas negociações, Severo deixou claro que não considera “impossível”, mas ressaltou que, a esta altura, “é muito difícil”.

Ele também negou, conforme reclamou Murilo Sala, que integrantes de seu grupo espalharam a informação de que a composição estaria fechada e que o vereador do Podemos seria o candidato a vice.

Definição

Apesar das negociações em curso, Luciano Severo garante que não decidiu se vai disputar as eleições de outubro para o cargo de prefeito. “Ainda não me lancei como pré-candidato. Na verdade, estou aguardando este período de novas filiações e composição dos partidos. Só então devo dizer se realmente serei candidato. Se isto se confirmar, entretanto, pretendo fazer o anúncio já com um vice definido”, afirmou. Ao mesmo tempo, Severo também disse que vai analisar o quadro partidário para definir se continua no Republicanos ou se filia a outro partido.

A reportagem apurou que uma das alternativas mais fortes é a filiação do vereador no PSDB do governador João Doria. O partido está passando por uma reestruturação em Santa Cruz do Rio Pardo, especialmente após o ex-prefeito Adison Mira deixar a cidade e fixar residência em Assis.

O convite para entrar no “ninho” tucano partiu não apenas do deputado estadual Mauro Bragato, com quem Severo estreitou relações, mas também do governador João Doria.

O PSDB perdeu terreno nas eleições municipais porque ficou muitos anos sendo comandado por Adilson Mira, hoje alijado das eleições por se tornar “ficha suja”. Nas últimas eleições, Mira sofreu uma derrota humilhante para o atual prefeito, quando Otacílio teve quase 80% dos votos num cenário de dois candidatos.

Entretanto, o PSDB ainda é forte na cidade em eleições estaduais e federais. Em 2018, por exemplo, o tucano João Doria venceu Márcio França (PSB) — o candidato apoiado pelo prefeito Otacílio Parras —, na votação do segundo turno em Santa Cruz do Rio Pardo. A diferença foi superior a 4.000 votos. 




Voto dividido aconteceu

em certas eleições

Onofre: eleito com baixa votação



A falta de união entre oposicionistas já deu a vitória a candidatos do governo em Santa Cruz do Rio Pardo. Alguns exemplos ainda são relativamente recentes, como as eleições municipais de 2004 e 2008. As duas foram disputadas por três candidatos a prefeito e em ambas a soma de dois deles foi superior ao vencedor. Curiosamente, o médico Otacílio Parras (PSB) estava nas duas. Ele sempre culpou a divisão de votos nestas eleições como fator para as duas derrotas seguidas.

Em 2004, o candidato do governo era Adilson Mira, que disputava a reeleição com uma máquina administrativa “azeitada” por políticos e obras que tiveram exposição excessiva através da imprensa “chapa branca”. Não é por acaso que, anos mais tarde, o ex-prefeito chegou a ser condenado judicialmente até pelo uso eleitoral do “Semanário Oficial”.

Além de Mira, disputavam o cargo a então vereadora Wanda Rios e o médico Otacílio Parras, que tinha sido vereador na década anterior e estava retornando à campanha eleitoral. Mira venceu, mas os votos de Otacílio — o segundo colocado — e Wanda foram superiores os do eleito.

Em 2008, Mira lançou sua vice, a atual vereadora Maura Macieirinha (PSDB). Na oposição, estavam Luciano Aparecido Severo e novamente Otacílio Parras. Maura venceu e se transformou na primeira mulher a assumir o cargo de prefeita. No entanto, juntos, Otacílio e Severo receberam mais votos.

Em 2012, novamente com três candidatos, a divisão não aconteceu. Otacílio finalmente venceu e os outros dois candidatos — Maura e Severo — não somaram mais votos.

A eleição mais emblemática sobre a divisão de votos em Santa Cruz aconteceu em 1982, quando cinco nomes disputaram a prefeitura. Venceu o veterano Onofre Rosa de Oliveira que, com tantas opções, ganhou com pouco mais de 3.000 votos. 



  • Publicado na edição impressa de 15/03/2020


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