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‘Não me deixam aposentar’, diz homem que nasceu sem os dois braços

‘Não me deixam aposentar’, diz homem que nasceu sem os dois braços

Publicado em: 27 de setembro de 2019 às 17:54
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 10:59

Vítima da talidomida, técnico

superou adversidades e quer direitos

Técnico em eletrônica, Sérgio Cunha é reconhecido em Santa Cruz do Rio Pardo como alguém que venceu adversidades que a vida impôs. Ele nasceu sem os dois braços, vítima do medicamento talidomida. Somente anos depois é que cientistas descobriram que o remédio ingerido por gestantes provocava deformidade nos fetos.

Perto de completar 50 anos de idade, ele aprendeu a manusear tudo com os pés. Escreve e conserta aparelhos, inclusive. “Eu tive de me virar, pois nunca me imaginei pedindo esmolas”, conta.

Ele montou uma oficina na avenida Jesus Gonçalves e trabalha desde a adolescência. Tentou a política e, embora não fosse eleito, numa das eleições teve mais votos do que vereadores que assumiram mandatos.

No entanto, hoje Sérgio Cunha começa a enfrentar problemas de saúde e voltou a pensar em aposentadoria. Na semana passada, ele caiu numa calçada irregular e teve vários ferimentos. Afinal, não tem os braços para se apoiar na queda. Ficou acamado e impedido de trabalhar. Além disso, disse que sofreu na UPA para ser atendido.

Para complicar, ele não tem apenas a deformidade nos membros superiores. Sérgio Cunha possui um enorme desvio na coluna que, muitas vezes, o impede até de andar. “A dor é muito forte”, resume. Para piorar, Cunha sofre de hipertensão. “Eu já desmaiei na rua e muita gente imaginou que eu estava bêbado”, diz, rindo.

O drama, entretanto, é conseguir a aposentadoria. Pelo INSS, o benefício foi rejeitado várias vezes. “Isto é incrível, pois conheço muita gente em melhores condições do que a minha e que estão aposentados ou afastados com algum tipo de benefício”, explicou.

O problema é que Sérgio perdeu 17 anos de contribuição porque um contador da cidade não recolhia os valores, embora fossem pagos a ele pelo técnico. Ele também tentou algum benefício pelo fato de ser vítima da talidomida, em vão. “Eu vou tentar de novo mas sem um apoio fica difícil”, reclama.

Há alguns anos, aliás, Sérgio Cunha era o responsável pela manutenção de equipamentos eletrônicos da Santa Casa, apoiado pela ex-prefeita Maura Macieirinha (PSDB). “A vida traz surpresas, pois o atual prefeito cortou estes serviços para minha empresa. Era uma renda garantida”, explicou. Segundo ele, o fato pode ter ocorrido por puro preconceito.

“Já falei com muitos políticos e a maioria diz que amanhã vai tomar alguma providência. Mas este amanhã nunca chega”, diz Sérgio Cunha. A esperança é que algum advogado abrace a causa.



  • Publicado na edição impressa de 22/09/2019


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