DIVERSOS

Otacílio ataca Ummes sem provas e documentos contestam acusação

Otacílio ataca Ummes sem provas e documentos contestam acusação

Publicado em: 09 de abril de 2020 às 15:07
Atualizado em: 28 de março de 2021 às 16:12

Prefeito fez duras críticas à entidade após testes

rápidos para coronavírus não terem chegado


Documentos, notas fiscais e conversas em grupos

de 
WhatsApp, porém, contestam versão de Parras


André Fleury Moraes

Da Reportagem Local

“Tem uma história muito errada, muito complexa nisso daí. Algo muito estranho aconteceu”, disse o prefeito Otacílio Parras (PSB) nos microfones da rádio 104 FM na sexta-feira, 3.

Ele se referia ao fato de os testes rápidos para constatar o coronavírus, adquiridos pela prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo através da Ummes (União dos Municípios da Média Sorocabana), não terem chegado na quinta-feira, 2.

Em vez dos testes rápidos, foram entregues EPIs — equipamentos de proteção individual —, que se resumem a máscaras e aventais que evitam o contágio do covid-19. “Mas em nenhum momento a Ummes adquiriu EPIs. Ninguém ofereceu EPIs para os prefeitos”, disse o prefeito.

“Quando o motorista retirou esses equipamentos em São Paulo, também não pegou nenhum recibo ou nota fiscal”, afirmou. Ele se referia motorista do Samu Laércio Lauder da Silva, que ficou encarregado de buscar o material.

Documentos obtidos com exclusividade pelo DEBATE, porém, contestam a versão do prefeito. Na verdade, a Ummes discutiu a compra de vários produtos — entre eles os EPIs — num grupo de WhatsApp em que estão prefeitos e secretários de Saúde, como o santa-cruzense Diego Singolani.









O DEBATE não vai publicar as conversas obtidas para preservar a identidade da fonte.

Para organizar a demanda de cada município, a Ummes formulou uma tabela em que constavam os pedidos de cada prefeitura. Através dela é possível verificar que Ourinhos, por exemplo, pediu mil máscaras simples e 150 máscaras modelo N95 — indicado para trabalhadores expostos constantemente a riscos, como médicos.

Outros municípios associados à Ummes também fizeram pedidos semelhantes. É o caso de Timburi, que pediu 300 máscaras simples. O fato contradiz o que afirmou Otacílio sobre nenhum prefeito ter sido consultado a respeito da compra dos EPIs.

Até porque seu apadrinhado político Diego Singolani, que é pré-candidato a prefeito para o pleito de outubro, faz parte do grupo de WhatsApp pelo qual discutiu-se a aquisição dos equipamentos de segurança e testes rápidos.

E o argumento de Otacílio de que “ninguém ofereceu EPIs para prefeitos” também é controverso. Na lista dos materiais, Santa Cruz aparece como compradora de 150 máscaras modelo N95, que seriam entregues no dia 30 de março.

Em outra ocasião, o município também encomendou outras 80. Segundo a reportagem apurou, o secretário Diego Singolani também solicitou à Ummes outras 5 mil máscaras normais.




Tabela mostra relação completa, em que Santa Cruz do Rio Pardo pede 150 máscaras modelo N95






Na entrevista de sexta-feira, Otacílio também sugeriu que uma funcionária da Ummes — cujo nome não revelou — teria “inventado uma história” nos últimos 15 dias de que os testes rápidos estariam barrados na alfândega e depois teriam sido liberados para, finalmente, chegar a São Paulo, onde seriam retirados.

Em seguida, ele acusou a funcionária de ter enganado as prefeituras associadas à União Média dos Municípios. “Na realidade, não foram adquiridos testes, não foram adquiridos EPIs”, disse o prefeito.

Os testes, na verdade, foram, sim, adquiridos, conforme apontam mensagens obtidas pelo DEBATE. O impasse da alfândega foi discutido no grupo da Ummes com a anuência de todos os membros — inclusive do secretário Diego Singolani.

Segundo o jornal apurou, a compra foi intermediada por um laboratório, já que uma portaria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a fornecedores para que vendessem apenas a institutos credenciados.

A transportadora encarregada de trazer os testes rápidos chama-se Argius. Um caminhão sairia de Santa Catarina para ir a São Paulo. Quem retiraria a mercadoria é o motorista do Samu, que se dirigiu ao local com um carro.

A alta demanda por produtos hospitalares — entre eles o teste rápido — em todo o Brasil atrasou o caminhão da transportadora, que ficou “empacado” em SC.

As mensagens apontam ainda que o laboratório chegou a cogitar ir ao estado para buscar o produto, fato que não se concretizou. Os testes, então, ficaram em Santa Catarina e não chegaram à capital paulista, de onde viriam para o interior.

A transportadora para a qual iriam os testes está localizada em Barueri-SP. Mas o motorista que seria o encarregado por trazer o material a Santa Cruz dormiu numa pensão na zona leste de São Paulo, já que muitos hotéis fecharam as portas por causa do novo coronavírus.

Segundo a reportagem apurou, como os testes não chegaram, o laboratório de São Paulo ofereceu EPIs à funcionária da Ummes para que o motorista não voltasse de mãos vazias. A caixa contendo o material foi entregue na recepção do hotel e, em seguida, trazida para Santa Cruz do Rio Pardo.

Não havia notas fiscais porque a compra original — os testes rápidos — sequer chegaram à capital paulista. E também não foram pagos.

Os produtos foram entregues na casa da funcionária, que já havia avisado os municípios sobre o atraso na chegada dos testes.

Nos bastidores, a informação é a de que Otacílio quis “lavar as mãos” ao jogar para a Ummes a responsabilidade pela não chegada dos testes rápidos. É que há pelo menos dez dias ele vinha fazendo propaganda a respeito da compra, sobretudo nas redes sociais.

O DEBATE apurou que a compra dos testes rápidos está mantida e o material pode chegar ao município no início desta semana.

O prefeito Otacílio Parras não foi procurado porque ele não responde mais aos questionamentos do jornal de maneira institucional. Na semana passada, o DEBATE enviou perguntas a Parras e as respostas foram proferidas ao vivo em redes sociais — enquanto, na verdade, eram questões direcionadas a uma matéria jornalística deste jornal, e não ao público.




Funcionária da Ummes se

identifica nas redes sociais

A funcionária da Ummes que foi acusada por Otacílio de ter enganado todos os prefeitos da região se pronunciou nas redes sociais na noite de sexta-feira, 3.

Trata-se de Aline Silva de Oliveira. Ela publicou um texto no Facebook e disse que “toda história tem dois lados; quem vê só um, geralmente defende o lado errado”. Ela não citou o prefeito Otacílio Parras na publicação.

No texto, Aline afirma que “normalmente, quando fazemos algo errado, ficamos sem dormir, ficamos mal”.

“Na área política, aprendi que aprendi que alguns dormem bem pelo simples fato de tirar o deles da reta e acusar o outro”, escreveu.

Segundo Aline, “não é uma entrevistinha em rádio ou live de Facebook que vai tirar seu sono”. “Ter um bode expiatório sempre será uma ótima saída a quem não tem saída lógica”.

Segundo o DEBATE apurou, ela pretende processar Otacílio por calúnia e difamação.



  • Publicado na edição impressa de 05/04/2020


SANTA CRUZ DO RIO PARDO

Previsão do tempo para: Sábado

Céu nublado
22ºC máx
10ºC min

Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com tendência na segunda metade do dia para Céu limpo

COMPRA

R$ 5,41

VENDA

R$ 5,42

MÁXIMO

R$ 5,43

MÍNIMO

R$ 5,39

COMPRA

R$ 5,45

VENDA

R$ 5,63

MÁXIMO

R$ 5,46

MÍNIMO

R$ 5,43

COMPRA

R$ 6,38

VENDA

R$ 6,39

MÁXIMO

R$ 6,38

MÍNIMO

R$ 6,37
voltar ao topo

Voltar ao topo