DIVERSOS

Pedidos de socorro

Coluna de Henrique Perazzi de Aquino

Notícia patrocinada por: Centro Paulista

Pedidos de socorro

Publicado em: 23 de outubro de 2021 às 04:23
Atualizado em: 04 de maio de 2022 às 15:25

Circulando pelas redes sociais me deparo constantemente com pedidos variados de socorro. Eis um dos que mais me sensibilizou nessa semana: “O povo vem de fora e consegue emprego. Eu sou nascida e criada nessa cidade, não consigo, nada tenho. Aluguel, água, luz pra pagar. Como sobreviver sem emprego? As contas não esperam cair dinheiro do céu”.

Não quero identificar a pessoa. O sentido do escrito é outro. Trata-se de desabafo de alguém de cidade pequena, arredores de Bauru, menos de 5 mil habitantes. Desses que, impossível a leitura e o passar batido, fingindo nada ocorrer, ou melhor, está ocorrendo por aí. Isso que essa pessoa sofre é o que mais vejo florescer nestes tempos.

O Brasil quebrou e as ruas estão cheias, abarrotadas de pessoas no desamparo, cada vez mais necessitadas do básico, do mínimo, do que lhe dá dignidade para continuar vivendo.

Fui olhar melhor e descobri que a pessoa desta mensagem possui um agravante, ela é transexual. Muito conhecida em sua cidade, vive de um pequeno negócio de festas, mas tudo mais do que convulsionado nestes tempos. Para estes, como se vê, as portas se fecham ainda mais.

Circulei semanas atrás com o jornalista André Fleury Moraes, do DEBATE, pela praça mais famosa de Bauru, a central Rui Barbosa e ali, grande incidência de transexuais, todos vivendo na rua, sem eira nem beira. André vai escrever deles, mas me antecipo e junto os dois momentos, cada qual angustiante e doloroso.

Em Bauru nunca vi tanta gente em situação de rua como nos tempos atuais. A crise já atingiu algo nunca visto.

Já é dado como normal ver gente morando em barracas, até então, pouco usual por aqui. As marquises estão cheias, espaços livres debaixo de viadutos loteados e com divisões de espaço de doer nos ossos.

Por onde passo diariamente, uma cobertura de vinte metros, antiga área de lazer, hoje fechada, completamente dividida, ultrajes como divisórias, cada qual ocupando diminuto espaço, insana luta para não dormir no total relento.

Dentre todos, impossível não notar a incidência de muitos homossexuais e mais do que perceptível como sofrem mais.

Além de tudo, o maldito preconceito. São histórias muito mais impactantes do que o relato aqui selecionado, de alguém ainda com amparo, porém ciente de que, se todos lutam, ela terá que o fazer até acima de suas possibilidades.

Dias atrás, uma transexual bate em minha porta. Pede para que chegue bem perto e me diz, separados pela grade, olhando em meus olhos: “Eu não quero comida, não quero dinheiro. Eu queria tomar banho. O senhor não me deixa fazer uso dessa sua mangueira”. Abri o portão, a torneira, prendi o cachorro, mas não fiquei presenciando a cena. Entrei e alguns minutos depois quando voltei querendo conversar, ela já estava longe.

SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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