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Prefeitura cancela exame e suspende Dux por dois anos
Publicado em: 18 de dezembro de 2016 às 18:54 Atualizado em: 29 de março de 2021 às 08:21
Sérgio Fleury Moraes
Da Reportagem Local
A empresa Dux Consultoria e Serviços foi suspensa do direito de licitar e contratar com a administração pública pelo período de dois anos, além de ser multada no valor de 10% sobre o último contrato que manteve com a prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo. A punição é o resultado de um processo administrativo que investigou irregularidades no certame organizado pela empresa no mês passado. Em novembro, o DEBATE noticiou que o exame em Santa Cruz repetiu perguntas de outro processo seletivo realizado pela Dux neste ano em São Pedro do Turvo.
O decreto de anulação do processo seletivo 001/2016 foi assinado pelo prefeito em exercício Benedito Batista Ribeiro na semana passada e encerra uma sindicância que apurou a “falta de ineditismo” nas questões aplicadas no certame realizado em salas da escola “Sinharinha Camarinha” no último dia 27 de novembro. Mais de 900 candidatos pagaram taxas de inscrição e participaram do processo seletivo.
De acordo com o decreto da administração, com a anulação do certame seletivo todos os candidatos terão o direito à restituição do valor da inscrição, bastando apresentar requerimento e comprovação do recolhimento aos cofres públicos. As taxas arrecadadas seriam repassadas à Dux, que venceu a licitação para promover o processo seletivo. Ainda não há data estipulada para a realização de um novo exame.
Outra consequência foram as sanções impostas à Dux pela Procuradoria Jurídica do Município, após o resultado do processo administrativo que apurou o descumprimento das obrigações contratuais. A decisão final resultou na rescisão contratual com o município.
Prova aplicada em S. Cruz tinha questões idênticas de outra em S. Pedro
Além da multa de 10% sobre o valor do contrato, a Dux terá de arcar com indenização e reparação dos danos causados aos inscritos e ao erário. A empresa também ficará proibida de licitar ou contratar com a administração pública pelo prazo de dois anos.
No âmbito interno da Procuradoria, a Dux apresentou recurso contra a decisão, mas foi negado o provimento. A empresa ainda pode recorrer à Justiça para tentar anular ou até mesmo “suavizar” a pena aplicada pela prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo.
Histórico
Não é a primeira vez que a Dux se envolve em irregularidades na aplicação de provas para prefeituras municipais. A empresa, com sede em Santa Cruz do Rio Pardo, é alvo de inquérito aberto pelo Ministério Público de Itaporanga-SP para investigar a suposta venda de gabarito de um concurso.
Naquele município, a Dux foi declarada “inidônea” através de decreto do prefeito José Carlos Nute Rodrigues. A empresa ainda foi multada e teve o contrato rescindido com o município de Itaporanga, além de ser condenada a devolver o dinheiro das taxas de inscrições. A Dux tentou reverter a punição na Justiça, mas teve o pedido negado.
A mesma empresa também teve problemas em concursos realizados em Cafelândia, Ribeirão do Sul, Mairinque e outros municípios. Ela já foi acionada, inclusive, por candidatos em concursos suspensos ou cancelados que se sentiram lesados pela empresa.
Empresa usa vários CNPJs,
alguns com mesmo telefone
Como uma empresa com tantas denúncias em municípios diferentes pode participar de licitações e continuar promovendo concursos para prefeituras? Afinal, mesmo com declaração de inidoneidade e investigações em curso no Ministério Público, a Dux ainda é um nome comum em prefeituras do interior. A resposta, entretanto, pode estar no site da Receita Federal.
Através de pesquisas, é possível constatar que há uma série de CNPJs (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) registrados provavelmente pelos mesmos donos. Afinal, apesar do endereço diferente, a cidade e até o telefone são os mesmos em cadastros com números de registro distintos.
A medida pode ser uma estratégia para fugir das restrições que a lei impõe a empresas que, por algum tipo de irregularidade, ficam com restrições para participar de licitações públicas. Assim, se um CNPJ da Dux é impedido de licitar com o Poder Público, a empresa utiliza um outro registro.
Uma rápida pesquisa feita pelo jornal em sites de prefeituras e na Receita Federal encontrou pelo menos três CNPJs diferentes referente à Dux, todos de empresas sediadas em Santa Cruz do Rio Pardo.
A Dux que acaba de ser suspensa por dois anos pelo município, por exemplo, é praticamente uma empresa recém-fundada. De acordo com a Receita Federal, ela surgiu em março deste ano, apenas um mês antes de vencer uma licitação da Câmara Municipal de Avaí-SP, na região de Bauru, onde organizou um concurso público para o preenchimento de vários cargos.
Em setembro deste ano, seis meses após ser fundada, a Dux Consultoria e Serviços venceu a licitação e aplicou o processo seletivo de Santa Cruz, que na semana passada foi cancelado devido a irregularidades.
De acordo com o CNPJ registrado na Receita Federal, a Dux Consultoria e Serviços está localizada na rua Catarina Etsuco Umezu, 171, e um dos telefones é o 3372-2097. O ramo de atividade estabelecido no comprovante de inscrição é “consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica”. O imóvel, entretanto, não possui de identificação da empresa e não há sinais de movimentação comercial.
Mas uma outra empresa, batizada agora de “Dux Soluções”, tem como data de fundação junho de 2015 e está situada em outro local, na avenida Tiradentes, no edifício “Abelardo Pinheiro Guimarães”. A sala é a mesma que era usada como sede do jornal “Atitude”, do ex-prefeito Adilson Mira (PSDB), que fechou as portas em 2014. Um dos telefones da “Dux Soluções” é o mesmo da “Dux Consultoria e Serviços”, apesar de ter atividade totalmente diferente. A “Soluções” desenvolve programas de computador sob encomenda e também trabalha com equipamentos de telefonia e comunicação.
Mas há uma terceira Dux, mais antiga, que é especializada em concursos públicos. Embora situada num terceiro endereço, o telefone continua sendo o mesmo. Fundada em 2005, está em nome de Lidiane Elizabeth Augusto, mulher do proprietário da outra “Dux”, Fábio Moretti. O endereço fornecido à Receita Federal é rua José Zanzarini, na Chácara Peixe, provavelmente a residência do casal.
A “Dux Concursos Públicos” é aquela que foi declarada inidônea pelo município de Itaporanga e, portanto, sofre restrições para participar de licitações em prefeituras.
Licitações
De acordo com a legislação federal, não há impedimentos para que uma empresa recém-criada participe de licitações públicas. Estas modalidades costumam exigir a apresentação do balanço patrimonial, que só é elaborado após um ano de existência. Entretanto, a nova empresa pode exibir, como alternativa, o balanço de abertura.
Esta parece ser a estratégia da Dux para escapar das restrições impostas por alguns municípios onde a empresa foi punida por irregularidades na prestação de serviços.