O padre Gustavo é réu em ação penal por homicídio qualificado
Publicado em: 30 de janeiro de 2023 às 15:27
Atualizado em: 01 de fevereiro de 2023 às 15:18
Sérgio Fleury Moraes
Estava prevista para a última sexta-feira, 27, a primeira audiência do processo criminal contra o padre Gustavo Trindade dos Santos, que era o pároco da Igreja Matriz de São Sebastião de Santa Cruz do Rio Pardo. Em maio do ano passado, ele atropelou propositalmente um ladrão que levou algumas peças de roupa da Casa Paroquial. Ângelo Marcos dos Santos ficou internado mais de dois meses em estado grave e morreu em julho.
Pelo menos oito testemunhas deveriam ser ouvidas na audiência, mas ainda não houve atualização de informações no site do Tribunal de Justiça.
Esta é uma etapa do processo criminal para que o juiz Pedro de Castro e Sousa decida se o religioso deve ir a júri popular, conforme pedido do Ministério Público.
O crime aconteceu na noite do dia 7 de maio do ano passado, logo após o padre celebrar um casamento na Igreja Matriz. Ao receber informações de que a Casa Paroquial havia sido furtada, Gustavo Trindade dos Santos avistou o ladrão pulando um muro e imediatamente pegou o carro da Diocese de Ourinhos e saiu em perseguição a Ângelo.
Duas quadras depois, já na avenida Tiradentes, no centro de Santa Cruz, ele atirou o carro contra Ângelo, que corria pela calçada. O veículo arrombou o portão de uma garagem e prensou o ladrão contra a traseira de um caminhão estacionado no local.
Em seguida, o padre deu marcha-a-ré e deixou rapidamente o local. Horas depois, fugiu da cidade num Fiat Doblô pertencente ao Colégio Dominicano do Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Ele rumou para Bauru e, depois, Ribeirão Preto. O trajeto foi descoberto porque o delegado Valdir Alves de Oliveira requisitou imagens das praças de pedágio.
Ângelo sofreu traumatismo craniano e inúmeras fraturas e foi internado na UTI da Santa Casa de Misericórdia. Toda a ação foi captada por câmeras de monitoramento de empresas comerciais.
A Polícia Civil pediu por duas vezes a prisão de Gustavo Trindade dos Santos, mas a Justiça rejeitou. O padre também demorou para se apresentar à polícia, já que mudou seu domicílio para um convento de São Paulo.
Ele foi denunciado por homicídio qualificado. Posteriormente a polícia também descobriu que o padre não estava sozinho no Chevrolet Cobalt. Gustavo estava na companhia de um estudante do Colégio Dominicano de Santa Cruz do Rio Pardo.
Quando finalmente foi ouvido pela Polícia Civil, através de videoconferência, o padre negou estar arrependido e deu uma versão totalmente diferente do que as câmeras de monitoramento mostraram.
Gustavo alegou que o ladrão se jogou contra o capô do automóvel e que, momentos antes do acidente, gritou para que ele parasse através do vidro do passageiro, que estaria entreaberto. A versão é desmentida não apenas pelas câmeras, mas por testemunhas. O carro só foi identificado, por exemplo, porque uma delas anotou a placa do carro da Diocese.
A família de Ângelo Marcos dos Santos também ajuizou ação indenizatória contra o padre e a Diocese de Ourinhos. O processo tramita na comarca de Santa Cruz do Rio Pardo e está em fase inicial.
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