Luís Izidoro, o policial que atirou em Brian
Publicado em: 10 de setembro de 2022 às 00:49
André Fleury Moraes
O policial militar Luís Paulo Izidoro, autor do disparo que matou o jovem santa-cruzense Brian Cristian Bueno da Silva durante uma abordagem na saída da Fapi (Feira Agropecuária e Industrial de Ourinhos) em 2016, vai a júri popular no próximo dia 3 de novembro.
O despacho que marcou o julgamento foi publicado há duas semanas e é assinado pela juíza Raquel Grellet Pereira Bernardi, de Ourinhos. Izidoro, na verdade, iria a júri em maio de 2020, mas a sessão acabou cancelada pela pandemia.
O policial é acusado de homicídio qualificado pela morte do santa-cruzense Brian Bueno da Silva, que estava num carro que foi parado pela polícia ao sair do evento de Ourinhos.
Segundo testemunhas, o veículo seguia em baixa velocidade quando Brian teria colocado o braço para fora e erguido um cone de sinalização, devolvendo-o ao local em seguida. Foi quando a PM deu ordem de parada.
Um soldado iniciou a abordagem, e Izidoro se aproximou e sacou a arma. Brian estava no banco do passageiro, foi alvejado e morreu praticamente na mesma hora. Seis anos depois, o caso segue sem julgamento em primeiro grau.
Izidoro não foi preso preventiva ou temporariamente. Tampouco foi afastado da PM — transferido para trabalhos internos, ele segue recebendo seu salário bruto de R$ 5 mil.
O crime comoveu a região, sobretudo porque imagens de uma câmera de segurança capturaram o momento do disparo que matou Brian. A gravação é uma das principais provas que pesam contra Luís Paulo, mas elas demoraram a aparecer. Na época, houve denúncias de que os envolvidos estariam tentando apagar as imagens, que só foram resgatadas a partir de uma ordem judicial.
Izidoro garante que o disparo foi acidental. Ele é defendido no processo pelo advogado Osny Bueno de Camargo, que já foi juiz em Santa Cruz do Rio Pardo e abandonou a magistratura no final da década de 1990.
Um dos agravantes do caso está no fato de que, horas após o crime, a PM ordenou uma limpeza completa no veículo dentro do qual Brian foi morto.
A corporação disse na época que a lavagem teria sido “um favor” porque o carro estava repleto de sangue — a declaração foi alvo de inúmeras críticas. Para a Polícia Civil, a medida prejudicou a coleta de provas.
Desde que virou réu por homicídio, o PM tentou ao menos duas vezes ser absolvido sumariamente através de recursos às instâncias superiores. Mas suas tentativas foram frustradas.
Para além do impacto na região, o disparo que matou o menino Brian deixou também um vazio em Valdineia Pontes, mãe do santa-cruzense e que há seis anos não vê um ponto final para o caso.
Naquela madrugada de junho de 2016, ela conta ter acordado com um telefonema às 3h10, a mesma hora em que Brian foi morto. “Atendi, mas do outro lado ninguém respondia. Eu ainda não sabia da morte do meu filho. E no meu celular, na verdade, vi depois que não havia nenhum registro de chamada”, disse ao DEBATE em 2019.
Voltar ao topo