O frade dominicano Gustavo Trindade dos Santos é pároco da Igreja Matriz de Santa Cruz do Rio Pardo
Publicado em: 10 de maio de 2022 às 14:42
Atualizado em: 11 de maio de 2022 às 17:27
A Polícia Civil de Santa Cruz do Rio Pardo pediu a prisão preventiva do frei Gustavo Trindade dos Santos, 37, que atropelou propositalmente um ladrão no domingo, 8, ao persegui-lo nas ruas após um furto na Casa Paroquial.
O Ministério Público, porém, é contra a medida. Segundo parecer do promotor Reginaldo Garcia, o frade dominicano não oferece risco à segurança pública e, por isso, pediu o indeferimento da prisão preventiva.
Garcia também enfatizou que o padre não escondeu e nem escondeu provas, e não haveria riscos de o religioso cometer outros crimes.
O carro da Casa Paroquial foi vistoriado pela perícia técnica da polícia. Ele apresenta danos na lateral e na frente.
A Justiça pode se pronunciar ainda nesta terça-feira, 10, sobre o pedido da Polícia Civil. O frade dominicano é defendido por um grupo de advogados, entre eles o presidente da OAB de Santa Cruz do Rio Pardo, Daniel Pegorer.
O acidente aconteceu no domingo, quando Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, 40, furtou moletons e camisetas da Casa Paroquial da Igreja Matriz de São Sebastião. Conhecido nos meios policiais como “anjinho”, não seria a primeira fez que Ângelo comete furtos na Casa Paroquial.
Frei Gustavo, que é pároco da Igreja Matriz, percebeu o furto e passou a perseguir o ladrão, que fugiu a pé pelas ruas, com um carro da Casa Paroquial. Depois de duas quadras, o homem entrou na avenida Tiradentes. Foi então que o padre subiu com o carro na calçada, invadiu a garagem de uma loja de tintas e atropelou o ladrão.
Ângelo Marcos dos Santos Nogueira está internado em estado grave na UTI da Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo. Mesmo nesta situação, ele teve a prisão decretada. Segundo informações do hospital, ele passou por uma cirurgia na cabeça porque sofreu traumatismo craniano.
Nas redes sociais, o padre Júlio Lancellotti criticou a atitude do padre e afirmou que “um crime não justifica o outro”. O caso ganhou tanta repercussão que saiu nos principais veículos de imprensa do País, como os jornais “O Globo”, “Folha de S. Paulo” e também no Jornal Nacional.
Em nota divulgada hoje, a Ordem dos Frades Pregadores (Dominicanos) e a Diocese de Ourinhos, por intermédio do bispo dom Eduardo Vieira dos Santos, lamentam o incidente e informam que frei Gustavo “se encontra profundamente consternado e arrependido pelo trágico desfecho”. A nota ainda diz que o padre conclamou a todos os fiéis por orações pela vida do ladrão.
De acordo com a Diocese de Ourinhos, o frei Gustavo Trindade está cooperando com as investigações e se colocou “à disposição da Justiça para os esclarecimentos necessários e eventual responsabilização”.
No entanto, a polícia informou que o frade dominicano ainda não foi encontrado para prestar depoimento. Ele pode ser considerado foragido da Justiça porque não prestou socorro ao homem atropelado.
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