ESPORTE

Médico de Santa Cruz guarda relíquia do Parque Antarctica

Palmeirense ‘fanático’, Paulo Sérgio Marcato ganhou uma cadeira do antigo Parque Antarctica, que foi demolido para a construção do “Allianz Parque”

Médico de Santa Cruz guarda relíquia do Parque Antarctica

Marcato mostra cadeira do antigo Parque Antarctica, que começou a ser demolido em 2010 para dar lugar ao Allianz Parque

Publicado em: 05 de fevereiro de 2022 às 03:03
Atualizado em: 08 de fevereiro de 2022 às 17:52

Sérgio Fleury Moraes
Da Reportagem Local

Na próxima terça-feira, 8, e provavelmente no sábado, 12, o médico santa-cruzense Paulo Sérgio Marcato, 61, só vai atender casos de extrema urgência. São os dias em que o Palmeiras vai jogar no Mundial de Clubes da Fifa, tentando, pelo segundo ano consecutivo, o título que os torcedores de outros clubes insistem em dizer que o alviverde não possui. Se em 2021 a participação do Palmeiras foi um fiasco, sem nenhum gol marcado em dois jogos, desta vez o médico acredita no título.

E, para ele, será o segundo mundial, já que Paulo Marcato assegura que o campeonato de 1951, vencido pelo Palmeiras, foi disputado exatamente nos moldes atuais. “Isto é óbvio e acho até que foi reconhecido. Esta discussão é inútil porque o Palmeiras foi realmente campeão mundial, tanto que no escudo há uma estrela relembrando a conquista”, assegura.

Marcato tem espaço em sua casa e no consultório para bonecos, automóveis e canecas com o escudo do Palmeiras. Mas a grande relíquia é a cadeira número 71 do antigo Parque Antarctica, uma das peças que o clube vendeu após a demolição do velho estádio para dar lugar ao moderno Allianz Parque.

Na verdade, a cadeira “caiu do céu”. Quando soube que o clube iria vender objetos do estádio demolido, Paulo Marcato entrou rapidamente na internet para comprar uma cadeira. Todas sumiram, em questão de minutos. “Era bem cara, mas eu queria comprar. Paciência!”, lembra.

Com a mulher Anelise, no moderno Allianz Parque: “Ela é gremista”, confidencia

Mas o destino sorriu a seu favor. Não por acaso, Paulo se reúne com os amigos da época de faculdade pelo menos uma vez por ano, quando, lógico, o assunto principal é o futebol. E olha que o médico de Santa Cruz era minoria nos tempos da universidade, pois no mesmo quarto moravam corintianos, são-paulinos e até santistas. “Foi minha pior época como torcedor, pois o Palmeiras não ganhava nada”, lembra. Depois veio o período da Parmalat e o time deslanchou.

Pois num desses encontros, um dos amigos abriu o porta-malas do carro e anunciou o presente. Dentro de uma enorme caixa de papelão, estava a cadeira. Desde então, é nela que o médico se acomoda para assistir a um jogo do Palmeiras, em casa ou em sua chácara.

O médico em seu consultório, cercado por produtos que carregam o escudo do time do coração

A paixão de Marcato pelo Palmeiras vem da família. Ele é neto de italianos e o pai já era alviverde desde a época do Palestra Itália — o primeiro nome do clube, que foi obrigado pelo governo federal em 1942 a trocar até o escudo para não fazer alusão à Itália, um dos países que lutavam contra os aliados na Segunda Guerra Mundial. Primeiro, virou “Palestra de São Paulo”, mas logo se transformou em Sociedade Esportiva Palmeiras.

Paulo nasceu em Ipaussu, se formou em 1986 na faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu e fez mais quatro anos de residência no hospital da instituição. Nos dez anos em que permaneceu em Botucatu, morava na república de estudantes que culminou numa amizade de universitários que permanece até hoje. Logo veio para Santa Cruz e construiu sua história como conceituado cirurgião do aparelho digestivo.

“Meu pai dizia que era palmeirense, mas gostava mesmo é de um bom futebol e de ver seu time ganhar do Corinthians”, brincou. “Na verdade, meu avô era mais fanático e foi neste ambiente eu herdei a paixão”, conta.

O médico de Santa Cruz costuma levar os filhos e amigos para assistirem aos jogos do Palmeiras

Na primeira visita ao Parque Antarctica, levado pelo avô, Paulo Marcato ainda era uma criança de oito anos, quando viu pela primeira vez os famosos “jardins suspensos”. O jogo foi entre Palmeiras e Corinthians, vencido pelo alviverde. Após a partida, de repente ele se viu no vestiário do clube. “Imagine eu ao lado de Ademir da Guia, Zé Maria ou Edu Bala”, lembrou. A partir daí, a torcida virou paixão absoluta.

E Paulo cresceu torcendo e aprendendo a brincar com torcedores de outros times. Ele sempre foi alvo dos colegas quando o Palmeiras era derrotado. Já médico, por exemplo, foi obrigado a abandonar uma final quando recebeu um telefonema supostamente do hospital, anunciando um caso urgente. Era trote de um dos amigos que estava na mesma casa.

“Estas brincadeiras são normais”, diz. Quando o Palmeiras perde, um carro de som costuma ficar passando em frente à residência de Marcato, no centro da cidade. Chega a gastar o asfalto, em outro “presente” dos amigos. Mas e quando vence? “A maioria do pessoal da Casa Vuolo, por exemplo, é corintiana. Numa das vitórias do Palmeiras, eu simplesmente mandei entregar uma coroa de flores na loja”, lembra.

A paixão de Paulo Marcato pelo Palmeiras contaminou toda a família. Ou quase todas, já que ele diz que a mulher é gremista

Paulo Marcato é “pai de sangue” de Pedro e tem mais quatro filhos que assumiu quando se casou com Alenise Leitão, que era viúva e é a atual secretária de Saúde de Santa Cruz do Rio Pardo. Anelise costuma acompanhar Paulo nas viagens para o Allianz Parque, já que o médico é sócio do Palmeiras. “Acho que ela finge que torce, pois no fundo sei que é gremista”, revela Marcato, lembrando a origem da família da mulher.

Claro que as viagens de Paulo só ocorrem quando a Medicina permite. No início do ano passado, por exemplo, o médico estava no Maracanã vendo o Palmeiras sagrar-se campeão da Libertadores ao derrotar o Santos por 1x0. Ele viajou numa van e retornou a Santa Cruz às 6h da manhã. “Vesti o jaleco e fui trabalhar. Cansado, mas muito feliz”, lembra.

A família e os amigos de Marcato já sabem quando tem jogo do Palmeiras. Afinal, “quando surge o alviverde imponente”, basta passar em frente à residência do médico e ver a bandeira do clube hasteada. Sim, ele instalou até um mastro na frente do jardim, onde o pavilhão alviverde sobe, vigoroso, em dias de jogo.

 

* Colaborou Toko Degaspari

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