O campeão entre os técnicos Peterson e Campanha e o pai Rodrigo
Publicado em: 21 de maio de 2022 às 03:10
Sérgio Fleury Moraes
O estudante Heitor José Martins Lopes, 12, sagrou-se campeão brasileiro no evento promovido pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu e pela International Open Championship. O título foi conquistado na cidade de Barueri/SP entre 6 e 15 de maio. O surpreendente é que Heitor começou a treinar na categoria há apenas um ano.
O garoto faz parte da equipe “Campanha Jiu-Jitsu” da “Moovit Academia”, que tem como técnicos Márcio Flávio Campanha e Peterson Kopper. No entanto, além das atividades que realiza na academia durante três ou quatro dias por semana, Heitor também treina em casa, já que o pai, Rodrigo Martins Lopes, 42, também luta a modalidade de arte marcial japonesa.
Rodrigo luta há mais de dez anos, mas fez uma pausa quando o filho nasceu. Quando retomou o treinamento, ele pensou que deveria matricular Heitor em algum tipo de esporte. “Tentamos o futebol, mas a família nunca foi bem na bola. Como sou concunhado do Campanha, ele insistiu que Heitor deveria tentar o jiu-jitsu”, contou.
E deu certo. Com apenas dois meses de treinos, o adolescente já era campeão num torneio interno da Moovit. Logo, começou a disputar campeonatos em outras cidades, sendo campeão ou vice em Garça (Copa Extreme), Marília (Copa Jiu-Jitsu), Bauru (Circuito Interior Paulista e Copa Max Titanium). Em vários torneios, ele chegou a disputar com atletas com mais tempo de treinamento ou até de faixas superiores.
Em pouco tempo, Heitor já era o campeão paulista da modalidade. O campeonato brasileiro era o maior desafio, com tão pouco tempo no esporte. Aliás, a competição em Barueri é considerada o maior campeonato de jiu-jitsu do mundo.
E a principal medalha foi para o peito do garoto de Santa Cruz do Rio Pardo. “Quando tentei o futebol, percebi que nunca gostei. Mas amo o jiu-jitsu”, afirmou, exibindo várias medalhas no peito e nas mãos. Sobre a disputa em Barueri, Heitor disse que passou por “um frio na barriga”, o que é normal antes de qualquer luta, mas lembrou que esteve focado nos adversários para vencer a competição. “Tive muita confiança”, revelou.
O treinador Márcio Campanha, 43, admite que Heitor surpreendeu pelo pouco tempo no esporte e por ter conquistado o campeonato de maior expressão no Brasil. “Ele vem evoluindo muito. O Heitor começou na turma infantil, mas como cresceu muito — em estatura e desempenho nos treinos —, achamos melhor passá-lo para o treinamento junto com os adultos”, afirmou o técnico, com uma experiência de 24 anos em lutas marciais.
De fato, apesar dos 12 anos, Heitor tem 1,72 metro de altura e calça sapatos 42.
Rodrigo disse que possui em casa um tatame para os treinos dele e do filho. A mãe de Heitor, que é psicóloga, também apoia o garoto, mas o pai reconhece que ela fica “com o coração apertado” pensando que o atleta pode disputar campeonatos até no exterior.
E esta é a tendência, segundo garante o técnico Márcio Campanha. “São poucos que se destacam de uma maneira muito rápida. Se ele continuar nesta linha, em pouco tempo o Heitor será destaque mundialmente”, avaliou.
O jiu-jitsu é uma arte milenar que os historiadores acreditam ter nascido na Índia, através de monges budistas. No entanto, há outros que defendem que o esporte nasceu na China entre os séculos III e IV para depois chegar ao Japão.
A arte marcial “explodiu” no mundo nos anos 1990. Na verdade, o jiu-jitsu deu origem ao MMA e é uma vertente do judô. Apesar de ser uma luta, tem como fundamento tornar o indivíduo mais seguro e autoconfiante.
Para o jovem Heitor José Martins Lopes, não são só as conquistas que o incentivam a continuar disputando campeonatos. “Eu fiquei muito feliz porque muitos amigos não apenas me parabenizaram, como começaram a treinar jiu-jitsu por minha causa. Isto é muito bom”, disse o estudante da 7ª série da escola Sesi.
“Quero ser o top um”, revelou, dizendo que vai continuar no jiu-jitsu. Mas é claro que o adolescente de Santa Cruz também pensa em seu futuro na educação, que está diretamente ligado ao esporte. “Vou me formar em Educação Física e quero dar aulas”.
* Colaborou Toko Degaspari
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