A carta tóxica caiu sobre o trevo de acesso ao DI e a remoção foi feita com extremo cuidado
Publicado em: 09 de outubro de 2021 às 03:58
Atualizado em: 10 de outubro de 2021 às 21:11
Sérgio Fleury Moraes
O acesso ao Distrito Industrial de Santa Cruz do Rio Pardo foi interditado na manhã de quinta-feira, 7, e só liberado às 15h do dia seguinte. O bloqueio foi necessário porque uma carreta carregada com produtos químicos tombou parcialmente perto da alça de acesso à vicinal Plácido Lorenzetti e o líquido tóxico se espalhou, provocando uma perigosa fumaça amarelada. Houve relatos de que pelo menos um motociclista que passou pelo local foi atendido na UPA — Unidade de Pronto Atendimento — com dores de cabeça.
A interdição foi decidida pelo Corpo de Bombeiros logo após o acidente, que aconteceu perto do portal de entrada do município pela rodovia Orlando Quagliato (SP-327). O líquido ficou acumulado no trevo e, segundo informações, o ácido nítrico e o cloreto férrico se misturaram e causaram uma reação química tóxica, exalando uma fumaça colorida.
A vicinal foi interditada na altura da escola Sesi e na alça da rodovia estadual. O trânsito foi desviado para outros acessos à cidade pela própria SP-327 e pela rodovia João Batista Cabral Rennó (SP-225), alguns quilômetros à frente. No entanto, muitos veículos utilizaram uma estrada rural de terra, a partir da rua Miguel Arnaldo Tosta, no bairro Residencial Lorenzetti. Os moradores da quadra reclamaram do barro no asfalto, já que choveu naquela madrugada (leia abaixo).
O bloqueio teve a participação de funcionários da Cart — Concessionária Auto Raposo Tavares —, que administra as rodovias da região e dos bombeiros, com apoio de técnicos municipais de trânsito e do secretário do Meio Ambiente Luciano Massoca.
A Cetesb enviou uma equipe ao local no final da manhã e a expectativa era de liberação rápida da vicinal. No entanto, o bloqueio avançou até a tarde de sexta-feira, já que havia risco de intoxicação. Funcionários e industriais do Distrito Industrial tiveram de buscar alternativas para deixar o local.
Aparentemente a carreta fez uma curva muito fechada na avenida que dá acesso ao Distrito Industrial, antes de alcançar a vicinal Plácido Lorenzetti, e acabou derrubando os galões contendo cloreto férrico e ácido nítrico, substâncias usadas na produção de fertilizantes.
A polícia foi chamada e o motorista e seu ajudante foram detidos e levados à Central de Polícia Judiciária. O delegado Valdir Alves de Oliveira deu ordem de prisão aos dois por suposto crime ambiental e transporte de substâncias perigosas em desacordo com normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Os dois pagaram fiança no valor total de R$ 4 mil e foram liberados horas depois.
De acordo com a Cetesb, a carga estava sendo transportada de uma fábrica em Guarulhos-SP para uma unidade industrial de fertilizantes líquidos no Distrito Industrial. Um dos sócios da empresa santa-cruzense Convivium, o químico Cidro Basseto Júnior, disse em entrevista à rádio 104 FM que o vazamento atingiu 8,4 mil litros de os produtos, de um total de 14 mil transportados.
A substância tóxica foi isolada com uso de serragem para absorver o líquido. Em seguida, um equipamento retirou a mistura para descarte em local adequado. O ácido que vazou é perigoso e o vapor exalado pode comprometer os pulmões, aumentar a pressão arterial e provocar dificuldades respiratórias. Inicialmente a informação era de que não houve grande impacto ambiental, mas a Cetesb ainda vai avaliar os possíveis danos. A polícia também vai investigar as causas do acidente.
Por precaução, a vicinal Plácido Lorenzetti só foi liberada às 15h da última sexta-feira. Mesmo assim, o acesso ao Distrito Industrial permaneceu sendo monitorado por agentes de trânsito do Demutran – Departamento Municial de Trânsito de Santa Cruz do Rio Pardo. Eles implantaram o sistema “pare e siga” como prevenção contra intoxicações.
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