POLÍCIA

Polícia Civil pede novamente prisão do padre Gustavo Trindade

Frei dificulta investigações, diz o delegado Valdir, de Santa Cruz

Polícia Civil pede novamente prisão do padre Gustavo Trindade

Publicado em: 14 de maio de 2022 às 00:01
Atualizado em: 16 de maio de 2022 às 16:04

Sérgio Fleury Moraes

O delegado da Polícia Civil Valdir Alves de Oliveira reiterou à Justiça na quinta-feira, 12, o pedido de prisão preventiva do frei Gustavo Trindade dos Santos, 37, acusado de ter perseguido e atropelado propositadamente um ladrão que furtou três moletons e uma camiseta da Casa Paroquial de Santa Cruz do Rio Pardo.

Os fatos aconteceram na noite de sábado, 7, e foram flagrados por câmeras de segurança das imediações da Igreja Matriz de São Sebastião. O religioso fugiu e não prestou socorro à vítima.

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Na segunda-feira, 9, a Polícia Civil já havia pedido a prisão do padre, mas o promotor Reginaldo Garcia deu parecer contrário alegando que o religioso não oferecia riscos à garantia da ordem pública e que os fatos “deveriam ser melhor apurados”.

O juiz Pedro de Castro e Sousa acompanhou o Ministério Público e negou a prisão, argumentando que não havia indícios de que o padre se furtaria a aplicação da lei penal.

A Justiça, porém, autorizou a busca e apreensão do automóvel — que pertence à Diocese de Ourinhos — e a quebra do sigilo telefônico do frei Gustavo Trindade.

O ladrão é Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, 40, que, segundo informações, é dependente químico e pratica pequenos furtos para comprar drogas. Seria a segunda vez que Ângelo teria invadido a Casa Paroquial para levar produtos usados que são vendidos num bazar. Ele entrou no imóvel arrombando uma janela lateral.

Conhecido como “Anjinho”, ele tem outras passagens pela polícia, inclusive quando era menor de idade.

Ângelo foi atingido pelo carro que o padre dirigia, um Chevrolet Cobalt, que invadiu a calçada, sendo arrastado contra um portão de uma loja de tintas da avenida Tiradentes e, em seguida, pressionado contra um veículo que estava dentro da garagem.

Ele está internado estava em estado crítico na UTI da Santa Casa de Ourinhos, para onde foi transferido após seu quadro de saúde piorar. Ângelo sofreu várias fraturas, inclusive traumatismo craniano, e foi submetido a uma cirurgia no fêmur. Ele se encontra intubado.

O frei dominicano desapareceu logo após o atropelamento. A polícia teve dificuldades para encontrar o automóvel, que estava num porão e apresentava danos na lateral e na frente. As chaves não foram fornecidas, e o carro foi removido com auxílio de um guincho.

Ao mesmo tempo, o religioso passou a ser defendido por um grupo de advogados de Santa Cruz do Rio Pardo, entre eles o presidente da OAB, Daniel Pegorer, e Homell Antonio Martins Pedroso.

O caso, então, passou a ter repercussão nacional. Os grandes veículos de comunicação do País noticiaram a atitude do padre e o assunto chegou ao “Jornal Nacional” da Rede Globo, o mais importante telejornal brasileiro.

Os desdobramentos, porém, agravaram a situação do frei Gustavo Trindade. Primeiro, ele praticamente abandonou os advogados de Santa Cruz — que, aparentemente de forma voluntária, estavam atuando na defesa.

Há informações de que o padre chegou a marcar um encontro com os defensores, mas não apareceu. No dia seguinte, constituiu novos advogados, com escritório em Ribeirão Preto.

Na sexta-feira, 13, numa petição que pede o indeferimento do novo pedido de prisão, os advogados do padre disseram que os outros defensores são “desconhecidos” e agiram sem autorização do acusado. Segundo o texto, tanto estes advogados de Santa Cruz como o delegado de polícia estariam interessados numa exposição “midiática”.

Ao mesmo tempo, notas da Ordem dos Pregadores garantiam que o frei estaria “colaborando com as investigações”. Na prática, porém, o religioso também teria enganado até o delegado, conforme a Polícia Civil informou à Justiça.

Na noite de terça-feira, 10, um dos novos advogados do frade dominicano informou ao delegado Valdir Alves que ele queria prestar depoimento na sede da Delegacia Seccional de Ourinhos no dia seguinte, às 15h30.

O delegado tinha acabado seu plantão, mas decidiu seguir para a cidade vizinha na companhia de um escrivão. Entretanto, no mesmo horário Gustavo se apresentou no fórum de Santa Cruz do Rio Pardo, na companhia de um advogado. Ele não deu explicações à Polícia Civil.

No fórum, o padre informou um novo endereço para intimação, que é a sede do Convento Santo Alberto Magno, no bairro de Perdizes, em São Paulo. Além disso, seus advogados — César Augusto Moreira e Rafael Rosário Ponce — oficiaram ao delegado de polícia afirmando ser “imprescindível” a oitiva da alegada vítima do atropelamento, que segue em estado crítico e inconsciente.

A polícia procurou o frade dominicano no novo endereço, no bairro paulistano e, mais uma vez, não o encontrou.

A defesa disse que o padre não vai dar a sua versão dos fatos. “O histórico do boletim de ocorrência foi narrado por terceira pessoa, motivo pelo qual a suposta vítima e eventuais testemunhas devem ser ouvidas antes da oitiva do acusado”, afirmou. No entanto, já existem nos autos os depoimentos das testemunhas, bem como imagens das câmeras de monitoramento

Os advogados também pediram ao juiz a decretação de sigilo nos autos para “preservar a intimidade” do padre.

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