Laura Zacura, durante passeio com a cachorrinha em Israel
Publicado em: 18 de outubro de 2023 às 23:16
Sérgio Fleury Moraes
“Uma semana de guerra e há uma sensação que faz um século”. A frase publicada em rede social é da santa-cruzense Laura Zacura Oliva Alon, que mora em Israel com o marido e filhos há anos. Ela é filha da artista plástica e escultora Mariza Zacura, que morou muitos anos em Santa Cruz do Rio Pardo e hoje possui um ateliê de artes em Arraial d’Ajuda, na Bahia.
Laura trabalha na embaixada de Portugal em Tel Aviv e acompanha a frenética operação daquele país para retirar seus cidadãos de Israel. Muitas vezes, ela permanece no aeroporto praticamente três dias seguidos, ajudando famílias inteiras de portugueses.
A guerra atual começou no sábado, 7, quando um ataque terrorista do Hamas matou várias pessoas, a maioria jovens que estavam numa festa “rave” perto da fronteira com a Palestina. O confronto já matou mais de 4.000 pessoas, sendo 2,5 mil palestinos e 1.400 israelenses.
Naquele sábado, que era o “shabbat judaico”, de repente as sirenes tocaram em quase todo o país logo às 6h30. “Corremos imediatamente para o abrigo, sem compreender muito bem o que estava acontecendo. De lá para cá, estamos vivendo — ou melhor, sobrevivendo — a uma sequência de atrocidades e terror”, contou Laura.
O Governo Federal iniciou a retirada de brasileiros no início do conflito e já conseguiu repatriar quase 1.000 pessoas. Muitas faziam turismo religioso quando os ataques começaram. O setor diplomático ainda não conseguiu autorização para retirar brasileiros da faixa de Gaza, mas as negociações continuam.
No caso de Laura Zacura, Israel é seu lar há muitos anos. No entanto, ela admite que o medo faz parte do cotidiano. “Tem sido tenso e intenso, um exercício contínuo no sentido de mantermos uma certa calma e sanidade mental”, explicou.
De acordo com a santa-cruzense, a família dela está segura. “Mas temos amigos e conhecidos que perderam muitos parentes. Sobre aqueles jovens que estavam naquela festa, muitos foram capturados e não há notícias se estão vivos ou não”, disse.
A tensão entre Israel e Palestina é antiga. Em 1993 houve a maior tentativa de se estabelecer a paz, quando os líderes Yitzhak Rabin (Israel) e Yasser Arafat (Estado da Palestina) apertaram as mãos, num acordo costurado pelo então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. No entanto, grupos extremistas palestinos não endossaram o acordo e as hostilidades recomeçaram em pouco tempo.
Laura Zacura, por exemplo, disse que se acostumou com o clima de conflito ao longo dos anos. “Mas esta guerra está sendo diferente de tudo o que já passei aqui”, admitiu.
Segundo ela, o perigo e o pânico têm sido constantes e o povo de Israel vive uma corrente de solidariedade interna, com uns ajudando os outros. Ela garante que o fato de trabalhar na embaixada de Portugal, de certa forma, ajuda a afastar o medo.
Laura conta que recebeu muitas mensagens de amigos do Brasil, principalmente de Santa Cruz do Rio Pardo. “É fundamental este apoio. Muitos disseram que estão orando pela paz. Agradeço muito a todos que estão determinados a descobrir possibilidades de se criar paz e buscar o diálogo e a informação idônea. Há muita desinformação e isto dificulta muito todo o processo”, afirmou.
Quando pode, Laura escreve no Instagram e Facebook o que chama de “notícias possíveis”. Há três dias, ela escreveu: “Há um silêncio absurdo entre um sinal de alarme e outro, entre o estrondo de um míssil que é interceptado e outro, e quando este silêncio invade tudo saio com a minha Uma (uma cadelinha) para que ela possa sentir a estabilidade do solo, para que possamos ter a oportunidade de sentir que ainda resta um certo equilíbrio na Terra”.
Oswaldo Aranha presidiu a assembleia
da ONU que reconheceu criação de Israel
Da Agência Brasil
O desavisado turista brasileiro que estiver passeando pelo bairro de Mamilla, em Jerusalém, poderá ter uma agradável surpresa ao ver uma placa “dedicada ao nobre povo brasileiro”, em uma simpática praça. Não é por acaso que essa homenagem está ali, escrita em hebraico e português. Trata-se da Praça Oswaldo Aranha, localizada bem próxima à Cidade Velha de Jerusalém, e batizada em homenagem ao diplomata brasileiro.
Mas essa não é a única homenagem que Israel presta a Aranha. Há ruas com seu nome na capital, Tel Aviv, e na cidade de Be’er Sheva, no sul do país. Mas o que esse diplomata brasileiro fez para merecer esse reconhecimento em Israel?
Em 1947, o Reino Unido se preparava para deixar a Palestina, região majoritariamente árabe que lidava com uma recente e crescente imigração judaica, apoiada pelo governo britânico por meio da Declaração de Balfour, de 1917.
A rápida modificação no equilíbrio demográfico da região gerou tensões entre as duas comunidades. De um lado, árabes que compunham grande parte da população da região pelo menos desde o século 7 depois de Cristo. Os ancestrais de muitos deles possivelmente habitavam aquela região por milênios e foram apenas convertidos ao cristianismo e, posteriormente, ao islamismo.
De outro, judeus, que ao longo dos séculos, desde antes de Cristo, marcaram sua presença na região com uma pequena população e que agora vinham de todos os lugares do mundo — e principalmente da Europa oriental — voltando para um local que, segundo a tradição judaico-cristã, lhes fora prometido por seu Deus.
A solução para a situação explosiva foi entregue para a Organização das Nações Unidas (ONU), na época ainda uma criança de apenas 2 anos de idade. A Assembleia Geral, órgão que representa igualitariamente todos os membros da ONU, se propôs a estudar a questão, em uma sessão especial.
A Assembleia havia sido criada no ano anterior e só havia tido uma sessão ordinária. Nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1894, o jurista, cientista social e diplomata brasileiro Oswaldo Aranha foi eleito para presidir essa primeira sessão especial. Surgiu, assim, a solução para a Palestina, a sua divisão em dois estados, um para os judeus e outro para os árabes. E, apesar da orientação do Itamaraty para que o Brasil se abstivesse de votar, a delegação brasileira, sob o comando de Aranha, votou a favor da partilha, que foi aprovada.
“Oswaldo Aranha foi importante nesse processo, porque ele não se limitou a presidir de uma maneira indiferente a votação. Ele se empenhou para que a divisão fosse reconhecida e aquela situação fosse resolvida, para que cada povo fosse acomodado e construísse o seu estado. Portanto, Oswaldo Aranha agiu todo o tempo de boa-fé, interessado em resolver aquele conflito envolvendo os dois estados”, explica Williams Gonçalves, professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A solução acabou não sendo implantada porque países árabes discordaram da solução. Em 1948, no momento em que os britânicos deixaram a Palestina, quando os dois estados deveriam nascer, houve uma guerra entre Israel, recém-nascido, e vizinhos árabes.
O resultado foi que Israel não apenas se consolidou como o único Estado nascido da partilha, como ampliou o território que havia sido designado a ele pelas Nações Unidas. O que restou do território designado aos palestinos, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, foi ocupado respectivamente pelo Egito e Jordânia. A situação se prolongou até 1967, quando em uma nova guerra com países árabes, Israel tomou Gaza e a Cisjordânia. Depois do acordo de Oslo, em 1993, Israel permitiu à Autoridade Nacional Palestina (ANP) uma autonomia limitada em partes dos dois territórios palestinos. Em 2005, Israel saiu completamente de Gaza, mas manteve a ocupação militar da Cisjordânia.
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