SOCIEDADE

Doméstica trabalha há mais de meio século na mesma família

Maria Helena teve seu primeiro e único emprego numa só família, há quase 51 anos

Doméstica trabalha há mais de meio século na mesma família

Maria Helena (centro), entre Acácio (esq.) e Cezário, em agosto completa 51 anos numa mesma família

Publicado em: 22 de abril de 2022 às 21:21
Atualizado em: 22 de abril de 2022 às 23:18

Sérgio Fleury Moraes

Maria Helena Dias começou a trabalhar como empregada doméstica praticamente aos 14 anos. Nunca se casou, mas adora crianças e hoje, aos 64 anos, se orgulha de estar há mais de meio século numa mesma família. “Na verdade, se transformou também na minha família, que  sempre me tratou como uma parente”, diz. Na próxima quarta-feira, 27, se comemora o “Dia da Empregada Doméstica”.

A incrível história de “Tata” numa mesma família começou na residência de Gessumina Beguetto Pereira, já falecida, mãe de Norma Pereira de Lima Firmino, a professora de Santa Cruz do Rio Pardo que escreveu a Bíblia à mão. Católica fervorosa, Norma morreu em março do ano passado, depois de lutar contra um câncer.

Maria Helena conta que sua mãe era freguesa do armazém do pai do marido de Norma e, um dia, perguntou a ele se sabia de alguém que precisava de uma menina para trabalhar com crianças.

“Ela avisou que eu tinha um problema na perna, mas mesmo assim fui chamada. E lá se vão mais de 50 anos”, conta.

Almoço em família nos anos 2000: sempre com a presença de ‘Tata’

O problema na perna, na verdade, só foi diagnosticado quando Maria Helena já tinha mais de 30 anos. Era poliomielite. “O frei José Maria Lorenzetti me incentivou a fazer exames. Fui deixando e demorou, mas o médico disse que eu tive sorte. A doença foi fraca e, por isso, ainda consigo andar. Mas tenho uma perna menor do que a outra”, contou.

Nada impediu, porém, que Maria Helena cuidasse dos netos de Gessumina — Rodrigo e Acácio, filhos de Norma e Cezário de Lima Firmino — desde quando eles eram crianças. “Eu fui uma espécie de segunda mãe. Vi eles crescerem e dei muita bronca”, disse a doméstica.

“Tata” se revezava entre a casa de Gessumina e da filha dela, Norma.

“Era muito gostoso porque eu era menina e brincava com as crianças. Só aprendi a cozinhar com o tempo”, conta.

Nos anos 1970, já com a família

Em 2012, quando Gessumina faleceu, Maria Helena passou a morar na casa da antiga patroa. E convive com a família de Cezário de Lima, 78, desde então. Viúvo de Norma Firmino, Cezário foi o primeiro “marido de aluguel” de Santa Cruz nos anos 1990.

“Hoje não dá mais. Apareceram muitos concorrentes e a idade já não me permite trabalhar”, diz. Antes, Cezário foi caminhoneiro e funcionário da antiga usina Sobar, em Espírito Santo do Turvo.

Sobre “Tata”, Cezário avalia que foi uma parceria feliz para ambos os lados. “Ela ficou sem ninguém e nós a acolhemos com muito amor. E para a nossa família, foi uma bênção”, afirmou.

A opinião é compartilhada por Acácio Firmino, 48, que ainda considera Maria Helena sua “babá”. “Ela me deu muitos conselhos e ainda continua me corrigindo”, diz.

No primeiro e único emprego de sua vida, Maria Helena praticamente acabou sendo “adotada” pela família. É que, quando trabalhava há apenas dois meses, ela perdeu a mãe. Anos depois, perdeu as irmãs e ficou sozinha. “Só tenho sobrinhos hoje, mas sou feliz com minha nova família”, diz.

 

* Colaborou Toko Degaspari

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