O charreteiro que marcou várias gerações

Ele dizia que já estava aposentado do serviço que tanto encantou crianças de várias gerações, mas nunca foi esquecido por elas. Durante décadas, José Biancon transportou crianças para escolas de Santa Cruz do Rio Pardo em sua charrete. Era o meio de transporte preferido por elas. O velho charreteiro morreu na quinta-feira, 6, aos 86 anos.

Biancon nasceu na zona rural de Santa Cruz do Rio Pardo e sempre esteve ligado ao cavalo. Ainda jovem, foi boiadeiro, que era o meio de transportar boiadas pela região. Existiam, na época, antigas estradas boiadeiras por onde centenas de cabeças de gado eram levadas por valentes cavaleiros.

Muitas passavam por algumas ruas de Santa Cruz do Rio Pardo e não raramente algum boi se desgarrava e era preciso o trote enérgico do boiadeiro para recolocá-lo no grupo.

Depois, foi trabalhar como carroceiro. Fazia frentes, transportando materiais de construção, móveis e produtos agrícolas. Em seguida, virou charreteiro, levando pessoas para todos os cantos.

Mas o que deu a José Biancon a maior alegria de sua vida foi começar a transportar crianças para as escolas.

Era um momento em que a charrete já não era mais útil para o transporte de pessoas, mas trabalhar com crianças todos os dias era o orgulho de José Biancon. Seus olhos brilhavam mais do que os dos pequeninos.

No início, ele levava crianças para a escola “Sinharinha Camarinha”, mas depois passou a transportar alunos da antiga escola infantil “Mércia Scucuglia Salemme”, extinta no governo de Otacílio Parras.

A maioria das crianças cresceu e formou famílias, mas todas jamais se esqueceram do trote da charrete.

José Biancon era viúvo de Iracema Nogueira, com quem teve os filhos Luiz Carlos, Luiza, Elizabeth, Maria Aparecida, Rosa e José.

O corpo do charreteiro foi sepultado no Cemitério da Saudade na manhã de Sexta-Feira da Paixão.