Publicado em: 15 de abril de 2022 às 22:23
André Fleury Moraes
RELATO Conto uma história que se passou com um amigo pessoal meu. Não cito nomes porque foi justamente essa a condição para trazer o caso a público. Mas o mistério simboliza o homem que foi o advogado João Nantes, que deixa um legado ímpar para Santa Cruz do Rio Pardo.
*
Luiz (nome fictício) tinha cerca de 10 anos. Passava dificuldades em casa. Devorava doces como qualquer criança — e não dispensava, como ainda hoje não dispensa, um salgado e refrigerante de padaria.
Mas Luiz não tinha um tostão no bolso. Na verdade, contava as poucas moedas que juntava para ver se daria conta de satisfazer sua fome do café da tarde. Até tinha algumas coisas para comer em casa, mas a vitrine das padarias seduzia demais seus olhos. Ninguém, afinal, se finge de inocente ao avistar as dezenas de doces e salgados das panificadoras — muito menos uma criança.
Era 2008, ano de eleição, e o então petista Otacílio Parras queria evitar a eleição da candidata de seu algoz, o tucano Adilson Mira. E Luiz, ainda pequeno, não estava nem aí para quem fosse candidato. Queria mesmo era saber se as moedas que tinha iriam garantir o lanche da tarde.
Ele estava sobre o balcão da padaria Central, da icônica dona Terezinha, contando o pouco dinheiro que carregava no bolso. Sua vontade se limitava a um salgado e um refrigerante, clássica combinação que nenhum ser humano em plena consciência é capaz de recusar.
Contou moeda por moeda e descobriu que o que tinha só daria para comprar um dos itens — ou refrigerante ou salgado. Expressou um olhar triste, melancólico, de uma criança que não tinha a mesma condição de outras com quem convivia.
Foi quando notou a aproximação de um homem que vestia camisa impecável, cujo tom de voz não poderia ser mais suave. O homem, mais do que desconhecido para a criança, convidou Luiz para se sentar ao seu lado no balcão. E deu a ele a opção de pedir o que tivesse vontade — pagaria tudo.
“Isso é coisa de político em eleição”, afirmou o homem. “O senhor é político?”, perguntou a criança. Rindo, o desconhecido respondeu que não. Era advogado, conforme se apresentou ao pequeno. Mantiveram um diálogo curto, sem muitas palavras, mas que marcaria aquela criança para o resto da vida.
A criança cresceu, melhorou de vida, e hoje consegue ajudar seus pais em casa. Trabalha com o que gosta e tem um excelente trânsito em toda a sociedade. Já adolescente, com melhor condição financeira, descobriu que o homem que o ajudara naquele 2008 era o advogado João Nantes, para quem nunca revelou a ajuda recebida na padaria. Mas por quem é eternamente grato.
Se eu, aos 20 anos, conheço um relato do legado que representou João Nantes, imagine quantos outros não existem por aí.
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