SOCIEDADE

Presépios encantam no primeiro Natal com pandemia em declínio

‘Magia do Natal’ está de volta e famílias mantêm a tradição natalina do presépio

Presépios encantam no primeiro Natal com pandemia em declínio

O presépio de Paulo Batista, montado há cerca de 30 anos

Publicado em: 24 de dezembro de 2021 às 01:51
Atualizado em: 24 de dezembro de 2021 às 04:01

Sérgio Fleury Moraes

Para o professor de música Paulo Batista de Oliveira, montar o presépio no quintal de sua casa na rua José Rosso, Vila Saul, é um ritual que se repete há aproximadamente trinta anos e uma espécie de “compromisso” que apenas uma vez esteve ameaçado. A doze quadras da residência de Paulo, já no bairro Parque São Jorge, a família de Maria Lúcia da Cruz Chaves transformou a fachada da casa com enfeites, papais-noéis eletrônicos, milhares de luzes e até um grande monjolo que funciona com um sistema de água retornável. É o 13º ano em que a casa é enfeitada no Natal.

Hoje, são poucas as famílias que ainda mantêm a tradição de homenagear Jesus com a representação da paisagem de seu nascimento num estábulo. Aliás, a psalavra “presépio” vem do latim e significa estrebaria, curral ou estábulo.

Há décadas, era tão comum que a Igreja Matriz montava um presépio na praça Pedro César Sampaio, em frente a avenida Tiradentes, no centro de Santa Cruz do Rio Pardo. Uma noite, vândalos atearam fogo à pequena estrebaria coberta de sapé e destruíram tudo. Nunca mais os frades dominicanos instalaram um presépio na praça.

E foi justamente nesta época que o professor de música Paulo Batista de Oliveira ficou tão revoltado com aquele vandalismo que resolveu construir um presépio em sua própria residência, na vila Saul. E lá se vão aproximadamente 30 anos de uma tradição que não foi interrompida nem pela pandemia. “Eu não posso deixar de montá-lo todos os finais de ano”, afirmou.

O presépio de Paulo Batista

A tradição, porém, esteve ameaçada em apenas um ano, quando Paulo estava desanimado e, faltando 20 dias para o Natal, resolveu desistir. À noite, acordou assustado como se alguém o chamasse. Naquele mesmo dia, voltou a fazer o presépio e nunca mais parou.

Ele ressalta que seu presépio não possui muitos ornamentos, retratando exatamente a simplicidade do nascimento de Jesus Cristo com os animais em volta e os reis magos — e sem Papai Noel ou outra lembrança natalina. A única mudança que Paulo não seguiu da tradição cristã é colocar a imagem do menino Jesus somente no dia 25. “Os padres dizem que só se deve colocar o menino Jesus na noite do Natal, mas eu acho melhor deixar o presépio completo muito tempo antes”, disse.

Aliás, Paulo antecipou o presépio neste ano, que ficou pronto já em novembro. “Nós passamos momentos difíceis neste ano, com muita tristeza. Então, quis fazer o quanto antes para resgatar uma alegria que estava escondida”, explicou. E deu certo. Quando trabalhava na montagem, as pessoas que passavam pela rua o incentivavam com gestos ou palavras. E foi o ano que Paulo sofreu com a covid, que deixou uma sequela temporária numa de suas mãos.

Neste ano, o presépio do professor de música ganhou uma novidade: um monjolo, doado por um amigo. “Ele queria fazer um igual, mas desistiu no meio do caminho e acabou me dando o monjolo de presente”, contou. Para o presépio do próximo ano, Paulo já planeja instalar um mecanismo de água para acionar o monjolo. Além disso, deve trocar o telhado de sapé, como faz a cada dois anos. O material é colhido numa propriedade rural perto de Bernardino de Campos e instalado pelo próprio músico. “Aprendi a fazer quando morava no sítio”, lembra.

O presépio na casa 268 da rua José Rosso está aberto à visitação pública até o dia 6 de janeiro, Dia de Reis e, curiosamente, o aniversário de Paulo Batista.

No Parque São Jorge, na rua Ferrúcio Rigon, os enfeites natalinos na casa da família de Maria Lúcia da Cruz Chaves se transformaram na atração do bairro — e de visitantes da cidade toda. A frente da residência foi totalmente decorada com milhares de luzes piscando, um trenó e um Papai Noel dançante, além de um monjolo quase em tamanho real, além de muitos outros atrativos.

Lúcia e o marido Alcides na casa de Papai Noel

Maria Lucia e o marido Alcides Chaves estão felizes depois de pular um ano sem os enfeites por causa da pandemia. Sem contar a paralisação de 2020, faz 13 anos que a família encanta os vizinhos e toda a cidade com os adornos natalinos. “Neste ano, nós começamos a preparação em maio e a casa foi aberta ao público em novembro”, conta Lúcia.

E haja público. Todos os dias, a partir das 19h e até 22h, dezenas de famílias com suas crianças visitam os enfeites e aproveitam para tirar fotografias. Para os pequenos, aliás, a família distribuiu balas e pipoca à vontade. “Tem dia que a gente põe as cadeiras lá fora e fica olhando o movimento das crianças. É muito bonito”, diz Lúcia.

Neste Natal, há muitas novidades em relação a 2019, como “cascatas” de LED descendo pelo teto e imagens sacras dos Reis Magos e Maria com o menino Jesus no colo. O casal já venceu concursos de enfeites que eram realizados pela prefeitura no passado e guardou os troféus. “O dinheiro nós investimos em mais enfeites”, conta Alcides.

Além disso, há um novo Papai Noel dançante em tamanho natural, tocando saxofone, que é ligado num simples bater de palmas. O anterior, segundo Lúcia, “ficou com as cadeiras duras” e a filha resolveu dar um novo de presente. O velho foi reformado, ganhou pernas novas e agora é aquele que comanda o enorme trenó iluminado.

Grande número de famílias visita a residência

Pintor profissional, Alcides garante que pintar uma casa é muito mais fácil do que montar os enfeites. “São muitos detalhes e de vez em quando eu ainda levo uma bronca da Lúcia”, diz. “É que minha mulher quer fazer tudo do jeito dela e eu sou obrigado a desmontar”, conta, resignado, lembrando que Lúcia foi a idealizadora de tudo há 14 anos. Alcides diz que a fiação elétrica não passa pelas tomadas da residência para evitar problemas. “Ela vem direto da rede da casa, como se fosse um poste”, explicou.

Como o presépio de Paulo Batista de Oliveira, os enfeites da casa de Maria Lúcia vão permanecer até o dia 6 de janeiro para visitação pública.

SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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