A incrível ‘chopeira’ de R$ 1 milhão

Sérgio Fleury Moraes

Dono há seis anos de uma tradicional lanchonete em Santa Cruz do Rio Pardo, o empresário Guilherme Vidor de Paula, 35, o “Ganso”, está finalizando seu novo e chamativo empreendimento: um ônibus que pode ser levado a festas e grandes eventos para servir chope gelado. O veículo está quase pronto exatamente quando a pandemia mostra uma redução drástica e as restrições sanitárias começam a cair.

Criativo, Ganso sempre gostou do ramo de bebidas e alimentação e normalmente apresenta alguma novidade. Agora, ele planeja viajar pelo País e, inclusive, participar de eventos turísticos no Paraguai e Argentina.

“Eu sempre gostei de garantir a qualidade dos produtos que ofereço, mas também invisto muito em tecnologia”, ressaltou. E a última palavra em tecnologia é o ônibus que também foi batizado com o apelido de seu proprietário.

O empresário, por sinal, aproveitou o período da pandemia, quando os estabelecimentos ficaram vários meses fechados, para criar o inusitado “ônibus-chopeira”. Até então, apenas trailers ou até kombis personalizadas avançavam neste nicho de mercado.

O veículo foi comprado da “San Carlos Turismo”, empresa responsável pelo transporte de estudantes universitários de Santa Cruz e tradicionalmente conhecida pelos bons veículos. “Gastei quase todas as minhas economias, planejando o fim da pandemia”, contou Ganso.

A transformação e reforma do ônibus num “Beer Truck” foi feita totalmente na garagem da casa de Guilherme. Aliás, ele mesmo foi o “engenheiro” e supervisionou as mudanças. Entre o “põe aqui”, “tira ali” e “faz assim”, alguns milhares de reais em materiais foram para o lixo. “Eu queria que ficasse do jeito que imaginei. Se não estivesse de acordo, pedia para mudar”, contou.

Foram dois anos de intenso trabalho, muitas vezes feito pelo próprio Ganso e por dois funcionários da lanchonete, além de um amigo mecânico.

Claro que o serviço de tapeçaria e a instalação de equipamentos sofisticados da choperia ficaram a cargo de profissionais especializados. Muitos, aliás, até de cidades de outros estados brasileiros. “Mas a ideia sempre foi nossa”, explicou.

O resultado final impressiona em todos os sentidos. O custo, por exemplo, se aproxima de R$ 1 milhão. O ônibus possui 20 torneiras para chope de vários tipos e capacidade de armazenamento para 4.000 litros. O “estoque” fica na parte de baixo, ocupando a área que normalmente em ônibus é reservada às bagagens.

Na lateral, ao lado da fileira de torneiras importadas, há um telão enorme para transmitir eventos ou música. Todo o equipamento externo pode enfrentar chuvas, o que também é uma novidade. Aquilo que não pode molhar fica dentro do espaçoso “Ganso” sobre rodas.

A ousadia de Guilherme foi tanta que ele não economizou nos equipamentos. A câmara fria para garantir o chope a 3,5 graus negativos é, na verdade, uma máquina própria para congelados. “Estou usando equipamentos para congelar em produtos de refrigeração. Neste caso, temos uma margem muito grande de temperatura e nada trabalha em excesso”, disse.

Mas não é só. Para se livrar do incômodo de viagens longas, quando não se sabe se haverá hotéis disponíveis, o ônibus é uma confortável residência em seu interior, com uma caixa para armazenamento de água com capacidade para 600 litros. Há acomodações para funcionários, ampla cozinha, banheiro com água quente, espaço para estoques de copos ou outros produtos, além de uma “suíte” que, naturalmente, será de seu dono e idealizador. Tudo, claro, com dois potentes aparelhos de ar condicionados. “É um motorhome de chope”, brinca Guilherme, rindo.

No caso de eventos maiores, como as grandes festas de peão, há uma carreta auxiliar com capacidade para 5.000 litros de chope, que seguirá no engate quando necessário. Além disso, ele tem contrato com uma cervejaria que assume a entrega da bebida no lugar em que o “Ganso” estiver estacionado, inclusive disponibilizando carretas para acompanhá-lo. “Chope nunca vai faltar”, garante. O empreendimento vai oferecer as marcas Oriente e Heikel.

Quando estacionado, o veículo é acoplado a um ponto de energia fixa. Para o caso disto não estiver disponível, Ganso instalou um gerador de última geração na frente do ônibus.

O ‘Ganso sobre rodas” também teve o motor Scania recondicionado e ganhou um envelopamento na cor preta.

A pandemia ainda não possibilitou a apresentação pública. Guilherme diz que a inauguração oficial está marcada para novembro, quando a nova sede do “Clube CAT” será aberta aos associados de Santa Cruz do Rio Pardo, numa área da rodovia Orlando Quagliato.  No dia 25 de novembro já está agendada uma festa de grande porte, no estilo country, em Salto Grande. “A estimativa é um evento para 200 mil pessoas, quando haverá até o sorteio de um caminhão. Mas, sem dúvida, nosso ônibus será um dos principais atrativos”, disse.

Mas ainda há outros planos tecnológicos. Ganso quer “computadorizar” as torneiras para que o próprio cliente retire seu chope. “Estamos planejando um sistema com um cartão de recarga que destrava a torneira através da simples aproximação. A quantidade de chope será digitada pelo consumidor num teclado”, contou.

No momento, o único inconveniente, segundo Ganso, é que durante as pernoites em algumas cidades será preciso descer do ônibus para encher uma caneca de chope. No entanto, ele brinca que já pensa numa solução. “Quem conseguiu adaptar 20 torneiras do lado de fora, não custa nada colocar uma torneirinha dentro para relaxar”, disse.  

* Colaborou Toko Degaspari