ECONOMIA

Abandonado, distrito de Ourinhos não tem o básico e prejudica criação de ao menos 80 empregos

Empresário briga há anos por água e luz para mudar de endereço e gerar vagas; prefeitura não responde

Abandonado, distrito de Ourinhos não tem o básico e prejudica criação de ao menos 80 empregos

Aprovado em 2015, quarto distrito industrial de Ourinhos aguarda há anos a disponibilização de serviços básicos para começar a operar (Divulgação / Extechlink)

Publicado em: 16 de outubro de 2021 às 03:20

André Fleury Moraes

Distrito Industrial não é sinônimo de pujância econômica se estiver vazio, e Ourinhos é o maior exemplo regional disso. Com quatro distritos industriais, o governo de Lucas Pocay (PSD) aprovou, no ano passado, a construção de um quinto espaço reservado às empresas — os outros, enquanto isso, estão vazios e abandonados pelo Poder Público.

A demora em regularizar espaços que já estão prontos para uso posterga a criação de novos empregos e prejudica a população, sobretudo num momento em que uma parcela do Brasil faz fila para comprar ossos de animais nos supermercados.

Mas sofrem também os empresários que apostam todas as fichas num local que, anos após ser aprovado e construído, ainda não está apto a funcionar.

É essa a situação do quarto distrito industrial de Ourinhos, que já possui edificações prontas para gerar empregos — mas que até agora não tem água e nem energia elétrica para abrigar as empresas.

Marcos de Carvalho Camargo, 60, é proprietário da Extechlink há 20 anos. Sua empresa fabrica peças e equipamentos para a indústria de óleo vegetal.

Em 2015, conseguiu um espaço no distrito 4 depois de participar de uma concorrência pública aberta pela então prefeita Belkis Fernandes (PSDB).

O resultado que garantiu o local à Extechlink foi publicado em janeiro de 2016 no Diário Oficial do município. Em fevereiro daquele ano o empresário assinou um termo que o autorizava a instalar a indústria no distrito.

O empresário Marcos Camargo, proprietário da Extechlink, durante entrevista ao jornal 
na quarta-feira, 13

Entretanto, a demora no oferecimento de infraestrutura ao distrito se arrasta desde 2016. Um ofício da Extechlink à prefeitura de Ourinhos questionando o fato data de setembro daquele ano. Em resposta, o governo afirmou que as obras estavam sendo iniciadas — o que nunca aconteceu de fato.

Em 2017, sem respostas práticas no distrito, Marcos voltou a questionar o governo, sem sucesso. Naquele ano e nos anos seguintes foram feitas outras reuniões com a prefeitura, mas nenhuma delas resultou em obras no distrito. “Tudo está andando a passos lentos, é uma situação que se arrasta há anos. E quem sai prejudicado somos nós”, diz Marcos.

A ata de uma reunião com a administração realizada em julho de 2018 revela que, naquele dia, o governo de Ourinhos se propôs a entregar, no prazo de 90 dias, o projeto à CPFL de distribuição de energia no distrito. A administração, na verdade, somente entregou o projeto à companhia em 2021.

Enquanto isso, ao longo dos últimos anos e esperando que o impasse se resolvesse logo, Marcos investiu pelo menos R$ 1,5 milhão em infraestrutura para a nova fábrica da Extechlink. O barracão está lá, parado, aguardando água e luz para iniciar os trabalhos.

A situação chegou a tal ponto que a própria Extechlink entrou em contato com a CPFL para acompanhar o processo de energia no distrito. A conversa se iniciou em fevereiro e se arrastou até junho, mas nada foi feito.

O novo barracão da empresa no distrito 4, pronto para ser utilizado

A companhia, por sua vez, alegou durante quatro meses que aguardava o envio do projeto por parte da prefeitura. Depois, passou a afirmar que a aprovação da proposta estava em análise — e nunca mais respondeu. O curioso é que, a apenas 42 metros da Extechlink e dentro do distrito 4, há uma empresa que dispõe de água e energia elétrica. “Até hoje não entendemos isso. É só fazer uma ligação para a nossa área”, diz Marcos.

Em agosto, a Extechlink entrou com uma ação contra a CPFL pedindo para que, com urgência, seja instalada corrente elétrica no local.

Em 15 de agosto, o juiz Nacoul Badoui Sahyoun deferiu medida liminar para que, em 15 dias, a CPFL fornecesse energia à Extechlink. Mas nada foi feito até agora — e a companhia, por sua vez, corre o risco de sofrer multa por descumprimento de ordem judicial.

A aposta do empresário ao assumir o compromisso de se instalar no distrito foi alta. Marcos prevê dobrar o número de empregados da Extechlink de 80 para 160. A inação do poder público, porém, posterga o movimento da economia ourinhense. O faturamento, consequentemente, também deve subir. “Hoje eu recuso alguns pedidos porque já estamos trabalhando no limite de produção”, diz.

Com o novo distrito, a Extechlink também se livraria de outro gasto mensal: o aluguel. A atual sede da indústria custa à empresa nada menos do que R$ 20 mil mensais — e ainda assim o espaço é muito pequeno para suas atividades.

De uma forma ou de outra, Marcos garante que mudará sua empresa ao distrito em janeiro do ano que vem. “Com ou sem energia e água”, diz.

Seu plano é adquirir um gerador e comprar água de particulares. De qualquer maneira, lamenta ter de arcar com algo que deveria ser fornecido pelo Poder Público.

SANTA CRUZ DO RIO PARDO

Previsão do tempo para: Sábado

Céu nublado
22ºC máx
10ºC min

Durante a primeira metade do dia Períodos nublados com tendência na segunda metade do dia para Céu limpo

COMPRA

R$ 5,41

VENDA

R$ 5,42

MÁXIMO

R$ 5,43

MÍNIMO

R$ 5,39

COMPRA

R$ 5,45

VENDA

R$ 5,63

MÁXIMO

R$ 5,46

MÍNIMO

R$ 5,43

COMPRA

R$ 6,38

VENDA

R$ 6,39

MÁXIMO

R$ 6,38

MÍNIMO

R$ 6,37
voltar ao topo

Voltar ao topo