O empresário Edson Marrero, idealizador da Festa do Peão, após entrevista no escritório; na prateleira, os produtos customizados da grife “Véio Marrero”
Publicado em: 15 de janeiro de 2022 às 02:44
Atualizado em: 18 de janeiro de 2022 às 15:27
ATUALIZAÇÃO - Festa do Peão foi cancelada. Leia mais clicando neste link
André Fleury Moraes
“Pretendemos começar o mais rápido possível e terminar também”. A frase do empresário Edson Marrero, idealizador da Festa do Peão de Santa Cruz do Rio Pardo, é reflexo de uma angústia que tomou seu cotidiano desde que a pandemia chegou ao mundo.
O motivo é óbvio: quando acaba um rodeio, na semana seguinte já se iniciam os preparativos para a próxima festa. Em 2020, ano em que o último evento foi realizado, o cenário foi diferente. Um vírus desconhecido chegou para inundar o luto das famílias do mundo todo — e ninguém sabia quanto tempo a doença permaneceria circulando. Por isso mesmo, com a esperança de que tudo melhorasse, mas ainda que com algum receio, Marrero manteve o evento para janeiro de 2021. Não deu certo, e os planos foram por água abaixo.
No final de 2020, em reunião com o ex-prefeito Otacílio Parras (PSB), o empresário avaliou que o evento poderia acontecer em abril do ano passado. Faltou vacina e apareceram variantes cuja letalidade era ainda maior. A última aposta de Marrero ficou para 2022 — e deu certo.
Com maior oferta de vacinas e uma consciência do brasileiro de que somente a imunização retomará os antigos hábitos, Marrero finalmente voltará a colocar os pés na areia do recinto — fruto de um trabalho que levou anos para ser conquistado.
“Nós temos que saber resolver os problemas, assimilar todos eles. Claro que foi uma fase difícil”, avalia.
A grande dificuldade, diz o empresário, foi lidar com um futuro incerto. “Quando você diz que serão seis meses parados, sabemos que não poderemos contar com este período. Infelizmente não foi assim, ninguém sabia o que estava por vir”, afirma. Para ele, a realização da vigésima sexta Festa do Peão em Santa Cruz do Rio Pardo representa um marco para todo o setor.
“Existe uma infinidade de segmentos que estão por trás do evento”, afirma. No rodeio em si, avalia, está a sobrevivência de milhares de peões brasileiros — cuja renda foi significamente impactada durante a pandemia. Além, é claro, do comércio de selarias, treinadores e demais atividades.
Mas também existem os shows, prestigiados por milhares de pessoas que vêm à cidade e lotam salões de beleza, hotéis, restaurantes e o próprio comércio.
Ele projeta ter investido um valor que já beira os R$ 3 milhões para garantir que o evento aconteça neste ano.
A Festa do Peão começa já nesta terça-feira, 18, e termina no sábado, 22. A abertura oficial acontece na quarta-feira, 19, dia em que o DJ Alok se apresenta nos palcos.
Na terça, o grupo Barões da Pisadinha animará o público. A dupla Jorge e Matheus se apresenta na quinta-feira e é seguida por Maiara e Maraísa, que subirá aos palcos antes do fenômeno César Menotti e Fabiano.
No sábado, data de encerramento, Felipe Araújo e Fiduma e Jeca serão os grandes destaques do evento.
Um dos percauços que Marrero enfrentou foi justamente na grade: há pouco mais de três meses, a queda de um avião matou a artista Marília Mendonça, que se apresentaria no vento em Santa Cruz.
Ao longo do tempo, porém, o empresário também enfrentou outras dificuldades. Com a escalada da inflação, por exemplo, o valor de alguns produtos praticamente dobrou de preço desde o último evento.
Ele também tem lidado com as críticas de manter o evento mesmo diante do aumento dos casos de Covid-19 em Santa Cruz. “A gente fica triste, até porque vários eventos estão acontecendo normalmente. Houve comemorações na praça, o ginásio está lotado com os Jogos Santacruzenses. E nossa festa nem começou”, afirma.
Segundo ele, todas as medidas sanitárias serão seguidas e, para além disso, o comprovante de vacinação será obrigatório.
A montagem da estrutura da festa já está na reta final para ser inaugurada pelo público. Segundo Marrero, a participação do município no evento foi novamente positiva — o governo bancará dois shows em comemoração ao aniversário da cidade.
Tradicionalmente presenciada por políticos, Marrero diz que não interfere na presença de autoridades na abertura oficial da festa. “Não mexo com isso”, garante.
Segundo ele, o único político com o qual mantém uma relação mais próxima é o deputado federal Capitão Augusto (PL), que lidera uma frente parlamentar em defesa dos rodeios no Congresso.
Os camarotes já estão vendidos, conta o empresário, e a maior estimativa de público está para os shows de Alok e Jorge e Matheus, quarta e quinta-feira, respectivamente.
Marrero lamenta para somente uma coisa: não terá um estande para expor os produtos dos quais é o protagonista. É que no ano passado ele inaugurou a “Véio Marrero”, uma grife country cujo símbolo é ele próprio.
A ideia partiu dos filhos e tomou uma proporção que não era prevista. No escritório na rua Conselheiro Antônio Prado alguns deles já estão à venda, mas também é possível comprar pela internet. “Em tempo de avanço”, diz o slogan da “Véio Marrero”.
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