NOME DIFERENTE — O construtor Hasenhauer com a mulher Luciamara e o filho caçula Jhonatan
Publicado em: 30 de abril de 2022 às 02:09
Atualizado em: 03 de maio de 2022 às 13:33
Sérgio Fleury Moraes
Um construtor residente no Parque São Jorge, em Santa Cruz do Rio Pardo, já perdeu a conta de quantas vezes teve de explicar a origem de seu nome. Hasenhauer Francisco da Silva, 40, foi batizado em homenagem ao general Dwight Eisenhower, herói da Segunda Guerra Mundial e presidente dos Estados Unidos entre 1953 e 1961. A grafia errada deve-se à simplicidade do pai, morador da zona rural, mas sempre interessado no conhecimento.
“Ele lia tudo, de livros e revistas a jornais velhos. Gostava de saber de tudo um pouco e admirava muitas personalidades mundiais. Um deles era o general que foi presidente dos Estados Unidos”, contou.
Como a pronúncia não é fácil, o construtor é chamado pelos parentes e amigos de “Halls”. Mas ele não é o único com nome de famosos na família. Afinal, Hasenhauer é irmão de Kenedi — também com a grafia diferente — e de Adenauer, já falecido.
João Kenedi Francisco da Silva foi uma outra homenagem do pai a um ex-presidente dos Estados Unidos — e um dos mais lembrados da história.
O curioso é que o verdadeiro general Eisenhower foi adversário político de John Fitzgerald Kennedy, que o sucedeu na presidência ao vencer as eleições de 1960 derrotando o vice do general, Richard Nixon.
Kennedy governou os EUA num período de tensão da “guerra fria” contra a então União Soviética, quando o mundo esteve próximo de uma guerra nuclear. O ex-presidente também tentou invadir Cuba e derrubar Fidel Castro, numa fracassada manobra militar.
Mas há convergências entre Eisenhower e Kennedy. O general foi o criador da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, enquanto Kennedy aprovou projetos e recursos para que o programa Apollo levasse o homem à lua antes do final da década de 1960.
Porém, não chegou a presenciar o ápice da conquista espacial. John Kennedy foi assassinado a tiros no dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, num caso que até hoje sugere conspirações e mistérios.
Histórias à parte, em Santa Cruz do Rio Pardo os irmãos com nomes de presidentes estadunidenses se dão muito bem, obrigado.
Um irmão mais velho, que já faleceu, foi Adenauer Francisco da Silva. O nome escolhido pelo pai remete ao chanceler Konrad Adenauer, que comandou a Alemanha entre 1949 e 1963 e foi um dos responsáveis pela reconstrução do país depois da Segunda Guerra. Sua brilhante biografia mostra que o chanceler governou focado em transformar novamente a Alemanha numa potência mundial.
Adenauer lutou internamente contra os nazistas de Hitler, foi preso duas vezes pela Gestapo e, na última, enclausurado na prisão de Brauweiler, de onde só foi libertado após a chegada das tropas aliadas.
O chanceler, que morreu em 1967, chegou a ser condecorado em vários países, inclusive no Brasil, onde recebeu a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, uma das mais altas homenagens outorgadas pelo governo.
Talvez os pais da família de Santa Cruz não conhecessem os detalhes das personalidades, mas conseguiram homenagear vultos históricos ao batizar os filhos.
O patriarca da família era Romão Francisco da Silva, um lavrador humilde que morava num bairro rural de Santa Cruz do Rio Pardo. “Quando alguém perguntava algo que meu pai não sabia, ele ia pesquisar para descobrir. Gostava muito do conhecimento, mesmo não tendo oportunidade de estudar”, lembrou.
Hasenhauer disse que todos os filhos de Romão foram batizados com nomes de personalidades ou de santos da Igreja católica, uma vez que a família sempre foi muito religiosa. A mãe, Vilma Damin da Silva, concordou com os nomes, desde que a grafia completa não fosse totalmente estrangeira.
O construtor lembra que na escola seu nome já chamava a atenção dos colegas e professores. Na estrada, em abordagens comuns da Polícia Rodoviária, não há quem não se espante com o nome do santa-cruzense.
Pai de dois filhos — Jhoni e o caçula Jhonatan —, Hasenhauer queria batizar o mais novo com seu nome. Seria o “Hasenhauer Filho”, mas a mulher Lucimara não deixou.
Já as três irmãs de Hasenhauer foram batizadas com nomes de santas ou personagens bíblicas. Joana D’Arc, por exemplo, recebeu o nome em homenagem à francesa filha de camponeses humildes que lutou contra a dominação inglesa até a coroação do rei Carlos VII.
Conhecida como “salvadora”, Joana afirmava que ouvia vozes que, segundo acreditava, eram mensagens divinas.
Apesar de heroína, tornou-se símbolo da França e despertou a inveja da elite. Capturada em 1430 por franceses aliados aos ingleses, Joana D’Arc foi acusada de bruxaria e heresia pela inquisição. Ela foi queimada viva em 1431.
A Igreja, porém, reconheceu o erro e Joana D’Arc foi canonizada como santa católica em 1920 pelo papa Bento XV.
A outra filha de Romão é Rita de Cássia, batizada em homenagem à santa católica que curou doentes e foi canonizada no ano de 1900.
A última é Mirian, personagem bíblica do Antigo Testamento, irmã de Arão e Moisés. Segunda a Escritura, ela foi importante na libertação do povo de Israel, na travessia do deserto e na formação na ação israelita.
Na verdade, o agricultor Romão Francisco, que morreu há 15 anos, batizou cada um dos filhos com um personagem da história mundial. No entanto, é comum famílias darem nomes aos filhos de famosos de acordo com o período histórico.
A partir de 1997, por exemplo, quando morreu a princesa Diana, da Inglaterra, floresceram no Brasil crianças com nomes semelhantes. Até jogadores de futebol da atualidade são homenageados pelos pais ao batizarem seus filhos. Neymar é o mais comum.
* Colaborou Toko Degaspari
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