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Inaugurado em Santa Cruz, "Projeto Casulo" já atende 23 pessoas, 19 da cidade

Segundo Karla Pinheiro Pedro, os próprios atendidos sugeriram a criação de campanha para deixar os semáforos

Inaugurado em Santa Cruz,

Prefeito Diego discursa durante a inauguração do projeto

Publicado em: 14 de junho de 2023 às 18:54

Sérgio Fleury Moraes

 

O “Projeto Casulo”, uma iniciativa do Poder Público com o apoio de empresários de Santa Cruz do Rio Pardo para tratamento de dependentes químicos e moradores de rua, foi inaugurado na manhã de segunda-feira, 5. O vice-governador Felício Ramuth, cuja presença era aguardada, não compareceu porque teve uma viagem de última hora. Ele encaminhou uma mensagem aos organizadores do projeto.

Segundo Karla Pinheiro Pedro, diretora de Saúde Mental do município e coordenadora do “Projeto Casulo”, na primeira semana pelo menos 23 dependentes químicos e moradores em situação de rua procuraram a casa da rua Conselheiro Antônio Prado.

 

Prefeito Diego Singolani (PSD) recepciona o bispo diocesano dom Eduardo Vieira dos Santos

 

O imóvel, alugado pela prefeitura, foi totalmente remodelado para o projeto. Suas paredes ganharam desenhos, frases e cores e, no futuro, deverá receber uma área esportiva nos fundos. Há salas para terapeutas e profissionais que participarão do tratamento aos dependentes químicos, bem como refeitório, cozinha e sala.

Não há camas, pois ninguém vai pernoitar na casa após o fim do expediente. Móveis e utensílios domésticos foram doados por empresários. Todos os copos são de plástico e os talheres, apenas colher.

 

A coordenadora do projeto, Karla Pinheiro, discursa durante a cerimônia

 

Segundo Karla Pinheiro, das 23 pessoas que iniciaram o tratamento na primeira semana do “Projeto Casulo”, 19 são de Santa Cruz do Rio Pardo. “Eles estão participando ativamente de tudo. É claro que ainda são usuários, mas já perceberam que a vida sóbria é muito melhor. Aliás, eles já falam em fazer uma campanha na cidade para parar de ficar nos semáforos”, explicou a diretora.

 

Placa do projeto faz homenagem póstuma ao médico Aluísio Zacura

 

A rotina começa às 7h30, com banho e café da manhã. Eles limpam a casa e lavam as roupas na máquina. Na primeira semana também foi fechada uma parceria com a Pastoral da Sobriedade para a confecção de carnês para doações mensais. Tudo para ajudar a manter o “Projeto Casulo”.

Karla Pinheiro Pedro disse que o projeto está aberto à visitação da população. Ela enfatiza o apoio decisivo do prefeito Diego Singolani e da secretária de Saúde Anelise Link Leitão.

 

O ‘Casulo’ começa com uma rede de 40 voluntários que vão trabalhar na causa dos dependentes
A secretária Anelise destacou o trabalho em equipe

 

 

Bispo de Ourinhos abençoou projeto

 

Apesar da ausência do vice-governador do Estado, o “Projeto Casulo” teve uma concorrida inauguração na manhã de segunda-feira, 5. O bispo diocesano dom Eduardo Vieira dos Santos percorreu as instalações para abençoar a casa em que o projeto foi instalado, na presença de políticos e autoridades de Santa Cruz e toda a região.

A placa de inauguração trouxe uma homenagem especial ao médico Aluísio Zacura, que morreu em 2017 após contrair uma doença rara. O profissional sempre esteve envolvido no tratamento de dependentes químicos e na luta pela reabilitação destas pessoas.

 

O bispo percorreu e abençou as instalações da  casa do projeto

 

O prefeito Diego Singolani (PSD) destacou o papel da sociedade civil e de sua equipe de governo para a implantação do projeto. Como ex-secretário de Saúde, o prefeito explicou que a dependência química é uma doença que precisa ser tratada. “Para nós, é como diabete ou hipertensão. O dependente não é vagabundo ou bandido, mas precisamos tratá-lo com a Ciência e a palavra de Deus. E não tratamos apenas o dependente, mas toda a família. Afinal, a reintegração do indivíduo à sociedade é muito difícil”, disse.

João Paulo Lotufo, coordenador do programa de antitabagismo da USP, fez um apelo para que o “Projeto Casulo” tenha continuidade, com o apoio da sociedade. “Inaugurar é fácil, mas manter é muito mais difícil”, disse.

Lotuffo disse que seu sonho seria ver a casa vazia. “Mas isto não vai acontecer porque a droga está sempre atrás dos jovens, e uma parte deles estará aqui dentro de alguns anos. Então, vamos lutar para manter este trabalho”, afirmou.

Vinícius Marinacci, representante da Febract (Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas), entidade que durante nove anos foi a gestora do projeto “Recomeço” no Estado de São Paulo. “Tivemos aproximadamente 36 mil acolhidos, o que nos deu experiência”, lembrou. Ele advertiu que o problema das drogas não atinge apenas aqueles que consomem as substâncias, mas toda a família e a sociedade.

 

O promotor Marcelo Saliba participou da inauguração do "Projeto Casulo"

 

A secretária de Saúde Anelise Link Leitão destacou que o trabalho é feito em equipe, pela rede municipal de Saúde. “E não é somente a equipe da Saúde, mas de toda a administração. Enfim, é uma sociedade inteira buscando ajudar um dos principais desafios da saúde pública, que é a saúde mental, que ficou evidenciada no período pós-pandêmico”, afirmou.

O promotor Marcelo Saliba, representando o Ministério Público, afirmou que todo projeto fica mais fácil quando há participação de servidores e de toda uma equipe empenhada, além de empresários que desejam o melhor para a cidade. “Este projeto tem uma importância muito grande e vemos esta necessidade diariamente. Nesta semana tenho pedidos de internações e abrigamento em decorrência de dependências”, disse.

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