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Jornalista João Castanho Dias morre aos 80 anos

Santa-cruzesnse era conhecido como “Jota” e fez história no jornalismo rural brasileiro

Jornalista João Castanho Dias morre aos 80 anos

O jornalista João Castanho Dias escreveu mais de 10 livros e participou de várias publicações rurais

Publicado em: 06 de setembro de 2023 às 19:21
Atualizado em: 06 de setembro de 2023 às 20:22

Sérgio Fleury Moraes

 

Nascido em Santa Cruz do Rio Pardo, o jornalista João Castanho Dias morreu no sábado, 2, aos 80 anos. Ele enfrentava problemas de saúde há algum tempo e tinha, inclusive, dificuldade para locomoção. “Jota”, como era conhecido, é autor de mais de 10 livros, era também formado em Direito e escreveu para as principais revistas do setor agropecuário no Brasil.

João era neto de Jaime Castanho, que foi juiz de paz em Santa Cruz e membro de várias entidades filantrópicas. Aliás, “Jota” costumava dizer que o avô foi quem o incentivou a ingressar no jornalismo.

Formado em Direito, ele iniciou a carreira no jornalismo somente aos 59 anos. E se apaixonou pelo texto rural, já que era produtor de leite no interior paulista. João Castanho Dias se transformou num exímio pesquisador do tema. O jornalista, então, passou a ser referência no jornalismo rural, citado em vários artigos e livros.

 

"Jota" era de Santa Cruz do Rio Pardo e ingressou no jornalismo aos 59 anos, por influência do avô Jaime Castanho

 

João Castanho Dias escreveu sobre tudo relativo ao campo. Em 2011, por exemplo, o jornalista lançou o livro “Uma Viagem Saborosa”, sua nova obra, contando a história do queijo — ele próprio era produtor. “Jota” relata que o queijo era uma iguaria “somente para ricos” na época do Império no Brasil.

Outra obra importante do jornalista foi “500 Anos do Leite no Brasil”, em edição de luxo que teve o apoio da Embrapa e da Nestlé. Lançado em 2006, o livro é um relato impressionante do rebanho brasileiro, que, segundo João Dias, teria começado em 1532. Foi quando Martin Afonso de Souza trouxe 32 bovinos da Europa para o Brasil, que até então só conhecia a anta como o maior mamífero de sua fauna.

No final de 2011 “Jota” escreveu o livro “A Imprensa Rural no Brasil”, um trabalho fascinante sobre as publicações voltadas à agropecuária desde Pero Vaz de Caminha, que o autor definiu como “primeiro jornalista agrícola, antes mesmo do termo jornalista existir”. É mais uma obra que pesquisou o tema a fundo, inclusive trazendo ilustrações de anúncios e revistas pioneiras, algumas do século XIX.

“As propagandas, por si só, são ótimas testemunhas do progresso ocorrido na agricultura brasileira nos últimos cem anos”, afirmou Castanho na época, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”.

 

A obra "O Leite na Paulicéia" foi eleito o "Livro do Ano" pela rádio Eldorado, do grupo "Estadão"

 

Mais um livro relevante de Dias foi lançado em 2015. “Virtuosa Missão”, impresso nas oficinas da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, narra a história da medicina veterinária no Brasil. “Jota” conta a trajetória heroica de centenas de profissionais pioneiros do setor, que enfrentaram com coragem os surtos da peste bovina e outros.

A obra “O Leite na Paulicéia” chegou a ser eleito o “Livro do Ano” pelo programa “São Paulo de Todos os Tempos”, da rádio Eldorado, pertencente ao grupo do “Estadão”.

 

Em foto antiga, “Jota” ao lado do avô Jaime Castanho, em Santa Cruz

 

João Castanho Dias ainda escreveu para diversas revistas e suplementos voltados ao meio agro, como “Globo Rural” e “Suplemento Agrícola” do jornal “O Estado de S. Paulo”.

O santa-cruzense morreu na madrugada de sábado, 2, em Santa Cruz do Rio Pardo. João Castanho Dias foi sepultado no Cemitério da Saudade no final da tarde, em clima de comoção de amigos e familiares.

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