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Radialista morre em São Paulo por complicações no coração

Radialista morre em São Paulo por complicações no coração

Publicado em: 12 de março de 2006 às 14:03
Atualizado em: 29 de março de 2021 às 18:47

leiteO radialista policial Aparecido Leite, 62, foi sepultado no cemitério municipal de Ourinhos no domingo. Ele morreu sábado, 4, por volta das 21h, devido a complicações em uma cirurgia no Instituto do Coração (Incor) na capital para instalar um marcapasso. O corpo foi velado na Câmara e enterrado por volta das 18h.

Centenas de pessoas e vários políticos compareceram no domingo na Câmara, onde o corpo foi velado. Leite estava afastado da rádio há um ano e meio, depois de ter passado por vários infartes. Sempre com um gravador portátil a tiracolo, se notabilizou no comando do “Vigilante 820”, programa policial que ia ao ar ao meio-dia na Clube de Ourinhos do grupo Coligadas. O radialista teve uma breve passagem pela concorrente Sentinela AM em 1977, mas lá não ficou por muito tempo e voltou logo à emissora. A maior parte da sua carreira foi na Clube, mas ele conta no seu currículo com curta passagem pela rádio Educadora de Jacarezinho (PR).

Nascido em Salto Grande, casado com Maria Helena e radicado em Ourinhos desde 1962, começou a trabalhar no rádio aos 14 anos.

Antes de se fixar em Ourinhos, ainda jovem morou na Fazenda Caiuá, em Cambará (PR). Nos fins de semana visitava a fazenda uma kombi das Casas Pernambucanas, acompanhada de Devair Bernardeli, locutor da rádio de Cambará. O carro de som fazia divulgação dos produtos e concedia prêmios para quem lesse o texto da loja. Foi aí que surgiu a paixão por empunhar microfone e trabalhar no rádio. Extrovertido, Leite leu os texto e faturava prêmios, mas em contato com Bernadeli pediu uma chance para ler textos na rádio.

Inicialmente ele percorria 11 km para chegar até a rodovia e tomar um ônibus que o levava até Cambará. Fazia tudo isso para ter uma pequena participação na leitura de textos comerciais na rádio Cultura.

Leite ainda morou em Paraguaçu Paulista e trabalhou em açougue. Lá teve outra chance de trabalhar em rádio, quando ficou sabendo no balcão do estabelecimento que faltava locutor na emissora. A estréia era para ser em reportagens gravadas, mas o equipamento enguiçou e teve que se apresentar ao vivo.

Em Ourinhos, começou a trabalhar como cobrador da rádio Clube, mas a partir de 1970, por sugestão de Odilson Camargo Mendes, achava que aquela voz anasalada se daria bem como repórter. “Ou você vira repórter, ou está despedido”, ordenou o gerente. Nesse período, trabalhou com Osvaldo Lazarini e Theodomiro Rossini (Zé Godoy), conhecido locutor sertanejo.

O radialista tinha seus críticos, devido à potencialização que fazia das ocorrências policiais. Criou um alter ego — o “Dedão”, um personagem que delatava os bandidos.

Leite também teve uma breve passagem pelo jornalismo. Substituiu o jornalista Edson Rodrigues (transferido de Ourinhos para a Sucursal de O Estado de S. Paulo em Santos) como correspondente na região.

Nessa época trocava figurinha com o jornalista Benedito Pimentel, então correspondente da Folha de S. Paulo. Leite gostava de contar que nesse período foi o que mais passou notícias que divulgava Ourinhos no jornal paulistano.

Durante a exposição agropecuária, a Fapi, o jornal da capital ficou com o troféu de mídia que mais divulgava o evento. Amigo de Roberto Gandolpho Constante, então presidente do Sindicato Rural de Ourinhos e incentivador da Fapi, Leite teve um papel importante na divulgação da mostra agropecuária na região e depois pelas páginas do Estadão. O radialista também trabalhou no serviço de alto-falante da feira.

Quando queria, incomodava autoridades com suas perguntas em entrevistas coletivas. De racicíonio rápido, Leite sabia improvisar. O programa policial do meio-dia se baseava em boletins de ocorrências. Muitos deles, o radialista apenas copiava os principais detalhes e conseguia depois reproduzir a ocorrência em longos improvisos.

Leite dizia que o rádio é “emotivo”, mas “ingrato” porque, como profissional, passou apertos. “Só ganha dinheiro o dono e o gerente”, disse o radialista em entrevista ao Jornal da Divisa em 2003.

O radialista tentou se eleger vereador, mas não conseguiu os votos suficientes, o que o deixou desgostoso, porque acreditava ter muita popularidade.

Nessa época teve o primeiro infarto que o deixou mais de um mês afastado da Clube. A campanha foi feita por familiares, porque o médico recomendou para evitar o agito eleitoral. Em fevereiro deste ano, ele tinha planos de voltar aos microfones da Clube, mas o seu estado de saúde se agravou e morreu no sábado.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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