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Santa Cruz chega aos 136 anos em declínio

Santa Cruz chega aos 136 anos em declínio

Publicado em: 22 de janeiro de 2006 às 22:55
Atualizado em: 28 de março de 2021 às 10:41

jk fordAo completar 136 anos de emancipação político-administrativa na sexta-feira, 20, Santa Cruz do Rio Pardo na realidade não tem muitos motivos para comemorar. A trajetória histórica do município demonstra que desde a década de 70 a cidade entrou em franco declínio, contrariando todas as expectativas de crescimento que o dinamismo de Santa Cruz gerava no início do século passado. Em 1910, a cidade já tinha iluminação elétrica, grupo escolar e rede telefônica. Na década de 40, já era asfaltada, tinha serviços de esgoto e campo de aviação — o município chegou a ter até linhas regulares da Vasp.

Dados da Fundação Seade — órgão de pesquisa do governo do Estado de São Paulo — comprovam que o município atualmente é carente em vários sentidos. O primeiro aspecto a demonstrar decadência é a taxa geométrica de crescimento anual da população entre os anos 2000 e 2005. Santa Cruz registrou nesse período taxa de 1,24% — bem menos que Ourinhos, por exemplo. A taxa também é menor que a da região de Marília (1,51%) e a do Estado de São Paulo (1,56%).

A população total, no ano passado, era de 43.481 habitantes, menos do que a cidade possuía em 1940, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicado no livro Santa Cruz do Rio Pardo — Memórias, de José Magali Ferreira Junqueira. Naquele ano, a população de Santa Cruz era de 61.416 habitantes — somando as populações dos distritos de Sodrélia, Rio Turvo (atual Espírito Santo do Turvo), Clarínea e Caporanga. Os mesmos levantamentos ainda mostram que em 1959 a cidade tinha 56 mil habitantes. Esse era o reflexo das condições políticas e econômicas da época. Na eleição de 1962, por exemplo, Santa Cruz conseguiu eleger dois deputados estaduais para a Assembléia Legislativa: Leônidas Camarinha (que já vinha se reelegendo em vários mandatos consecutivos) e Lúcio Casanova Neto. Economicamente a cidade também era beneficiada — apoiada na cultura cafeeira, estava em uma localização privilegiada pela estrada de ferro Sorocabana e pelas rodovi
as.

Nas décadas seguintes, as condições que antes favoreceram o florescimento do município mudaram. Em 1966, a Sorocabana desativou o ramal de Santa Cruz do Rio Pardo. A cultura cafeeira há anos já havia entrado em declínio e a representação política da cidade nunca mais foi a mesma. Com a opção do governo brasileiro em favorecer os transportes rodoviários, Ourinhos passou a despontar como a principal cidade da região — localizado entre entroncamentos de rodovias estaduais e federais, o município ainda é beneficiado pela manutenção da linha ferroviária. Houve declínio populacional nos anos 70 e o censo de 1991 já registrava população de 39.420 habitantes em Santa Cruz do Rio Pardo. Após a emancipação de Espírito Santo do Turvo, o número caiu para 36.446.

Social — Os números da Fundação Seade ainda mostram uma outra faceta de Santa Cruz do Rio Pardo: a desigualdade social. Em 2000, a taxa de analfabetismo entre a população acima de 15 anos era de 8,42%, enquanto no Estado o índice é de 6,64%. A média de anos de estudos da população entre 15 e 64 anos em Santa Cruz é de 6,88 — no Estado, de 7,64. Já a porcentagem da população acima de 25 anos com menos de oito anos de estudo era, em Santa Cruz, de 64,89%. No Estado de São Paulo, a taxa é de 55,55%.

Enquanto o rendimento médio na área dos serviços em 2003 foi avaliado em R$ 736,97, na agropecuária — uma das principais atividades do município — o valor era quase a metade: R$ 425,68. Em comparação aos números do Estado, a cidade fica bem abaixo. A média estadual para serviços é de R$ 1.281,38 e na agricultura, R$ 529,87.

Na avaliação de renda per capita, 2,63% dos domicílios sobrevive com 25% do salário mínimo e 9,42% dos domicílios, com metade dele. Curiosamente, a cidade que possui duas favelas registra um PIB per capita de R$ 13.431,63 — um dos mais altos entre os municípios da região, só perdendo para Chavantes.

Na avaliação do Seade, a cidade vai bem em termos de infra-estrutura: 91,64% dos domicílios tem espaço suficiente, 93,89% contam com infra-estrutura urbana adequada, 98,67% são atendidos por coleta de lixo, 99,07% tem abastecimento de água e 93,92%, esgoto sanitário.
SANTA CRUZ DO RIO PARDO

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