POLÍTICA

Discussão com contribuinte põe o secretário de Finanças na berlinda

João Zarantonelli garante que não ofendeu mulher e que tem testemunhas da discussão que aconteceu na prefeitura

Discussão com contribuinte põe o secretário de Finanças na berlinda

Publicado em: 09 de janeiro de 2023 às 16:50

Sérgio Fleury Moraes

 

Assim que o prefeito Diego Singolani declarou ao DEBATE e à rádio 104 FM que vai promover alterações no governo, em entrevista na terça-feira, 3, o nome do secretário de Finanças João Carlos Zarantonelli passou a ser alvo de especulações. É que no final de dezembro ele teria discutido com uma contribuinte no prédio da prefeitura e a mulher registrou uma queixa por injúria na Polícia Civil.

O caso aconteceu no dia 29 de dezembro, quando a mulher foi até a secretaria de Finanças para reclamar do pagamento em duplicidade de uma guia de honorários do setor jurídico. O valor era de R$ 100,00 e a administração deveria fazer o estorno do pagamento para devolver à munícipe.

Segundo informações, João Carlos explicou que o caso havia sido enviado à Procuradoria Jurídica e que o estorno só poderia ser feito mediante autorização no processo interno. A mulher insistiu e houve uma discussão.

Foi, então, que João Carlos retirou uma nota de R$ 100 do bolso e entregou à mulher. Era um gesto, segundo o próprio secretário, para encerrar o caso.

A contribuinte, porém, se sentiu humilhada e desrespeitada. João Carlos disse que estava sendo desacatado. A mulher, cujo nome não foi divulgado, deixou a prefeitura e se dirigiu à Polícia Civil para dar queixa do secretário. Ela foi levada pela secretária de Gestão e Comunicação, Marina Belei.

 

A secretária Marina Belei, da pasta de Gestão e Comunicação

 

Outra funcionária do setor de Comunicação, de nome Érika, testemunhou na polícia contra o secretário. Até o fechamento da edição, a reportagem não teve acesso ao Boletim de Ocorrência, mas há informações de que uma outra servidora também testemunhou.

O secretário João Carlos Zarantonelli garante que não ofendeu a mulher, mas admite ter se exaltado quando a contribuinte se mostrou intransigente. “Ela não queria aguardar a restituição e, para encerrar a discussão, tirei dinheiro do bolso para ela ficar satisfeita”, explicou.

“Eu não fiz isto para humilhar, mas para encerrar o caso. Na verdade, ela continuou fazendo barraco e também me exaltei. Eu expliquei que estava resolvendo o problema, enquanto ela ainda continuava causando confusão”, afirmou.

Neste instante, a secretária Marina Belei entrou na discussão e, segundo João Carlos, teria insinuado que ele estaria disposto a agredir a mulher. “Não tenho nenhum processo, nenhuma ação judicial ou denúncia por agressão. Jamais faria uma coisa dessa”, disse o secretário.

A secretária Marina Belei disse que neste momento não vai se pronunciar. Ela aguarda a chegada do prefeito Diego Singolani — que retorna de um curto período de férias na próxima semana.

Zarantonelli disse que não teve acesso à denúncia na polícia, mas garante que auditores da prefeitura foram testemunhas da discussão. “Se eles forem chamados a depor, vão falar a verdade. Não li o BO, mas, pelo que me contaram, tudo o que foi narrado não é verdadeiro”, disse.

João Carlos admite que está abalado e reconhece que corre o risco de perder o cargo. “Eu assumi a secretaria logo após o caso Sueli Feitosa. Estava tudo destruído, no vermelho, e precisei começar novamente do zero. Passei por momentos difíceis e perdi noites de sono, sempre pensando em fazer o melhor. Não queria que minha história terminasse desse jeito”, lamentou.

O prefeito Diego Singolani deu declarações à imprensa na semana passada, quando ainda estava em férias. “Nós não admitimos falta de postura e nem a interferência de um setor em outro. Na verdade, eu não estou por dentro dos detalhes, mas vou me inteirar de tudo na próxima semana”, declarou.

O prefeito anunciou que vai conversar com o secretário e outras pessoas envolvidas antes de tomar uma posição. “Com certeza, isto não ficará impune para nenhuma parte, nem da acusação e nem daqueles que foram vitimizados. Vou conversar com todos e ouvir testemunhas”, disse.

Diego, porém, elogiou o secretário de Finanças, mas ponderou que ele eventualmente apresenta  problemas no relacionamento com as pessoas. “O secretário de Finanças possui um perfil técnico de extrema qualidade e é uma pessoa chave dentro da administração, pois trabalha com os recursos da prefeitura. Porém, demonstra não ter o mínimo de espírito de liderança ou empatia com as pessoas que buscam atendimento. E, para ser secretário, não basta ser técnico”, afirmou.

Segundo o prefeito, qualquer servidor pode estar sujeito a um estresse muito grande. “Às vezes, é preciso até buscar apoio médico para lidar com as questões emocionais. Ocupar cargo público é muito desgastante. Eu, por exemplo, não tenho problema algum em dizer que faço terapia”, afirmou.

 

No ano passado, o secretário discutiu com Juninho Souza e o advogado César Mércuri na Câmara

 

O próprio João Carlos Zarantonelli admite que tem esta dificuldade com as pessoas. No ano passado, ele se envolveu numa discussão na Câmara de Vereadores, durante uma reunião informal com membros da empresa “Sanson Tecnologia” sobre o impasse no serviço de monitoramento.

Ele estava na companhia do secretário Gerson Garcia e se exaltou quando foi confrontado pelo advogado da empresa Sanson. A reunião começou num clima tenso porque a presidência teria avisado que a conversa seria com os vereadores e não com representantes da empresa.

Zarantonelli e o vereador Juninho Souza bateram boca e foram contidos pelos vereadores presentes.

Como secretário municipal, cargo demissível a qualquer momento, João Carlos não pode responder a uma sindicância interna. Neste caso, somente o prefeito Diego Singolani tem competência para tomar alguma providência.

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