O ex-prefeito Otacílio Parras (PSB) (André Fleury / DEBATE)
Publicado em: 25 de setembro de 2021 às 02:28
Sérgio Fleury Moraes
Em entrevista à rádio 104 FM na quarta-feira, Otacílio Parras (PSB) descartou totalmente a candidatura do atual prefeito Diego Singolani (PSD) à reeleição, a quem chamou de “cria”, e ainda confirmou que será candidato em 2024.
Nos últimos dias, o ex-prefeito tem participado de reuniões com vereadores na administração, mesmo não sendo convidado, e até acompanhado sessões da Câmara. Na prática, ele prepara seu nome para as eleições municipais que só serão realizadas dentro de três anos.
Horas depois de conceder a entrevista, por exemplo, Otacílio esteve no gabinete do prefeito no final da tarde, quando Diego Singolani conversava com alguns vereadores.
Mesmo assim, para o “público externo” o ex-prefeito garantiu que “evita participar” das reuniões entre Diego e os vereadores. “Faço isto para deixar o prefeito Diego à vontade”, disse. As declarações, porém, são controversas.
“Com certeza, se o candidato de oposição tivesse vencido a eleição, eu estaria dando entrevistas toda semana”, brincou, garantindo que, nesta hipótese, faria uma “oposição construtiva”. Otacílio usou os microfones de emissoras de rádio durante oito anos para atacar adversários. Nas eleições de 2012, foi eleito sem ter votado nele próprio, pois estava com o título suspenso porque havia sido condenado por difamar adversários.
Ao afirmar que seu projeto político visa apenas Santa Cruz do Rio Pardo, negando participar de governos estaduais ou mesmo disputar eleições para deputado, Otacílio reafirmou mais uma vez que vai disputar de novo as eleições municipais.
“Serei candidato a prefeito nas próximas eleições“, disse, lembrando que sempre se baseou em pesquisas para balizar suas campanhas eleitorais.
O surpreendente é que ele descartou totalmente uma provável candidatura do prefeito Diego Singolani à reeleição. “Com certeza não será candidato”, afirmou em tom enigmático. E completou: “É só perguntar para ele”.
Otacílio não explicou em que baseia esta confiança, mas continuou descartando a reeleição de Diego Singolani durante a entrevista.
“Isto não vai acontecer. Não se pode falar em hipóteses e só podemos raciocinar sobre coisas concretas”, afirmou. Em seguida, reconheceu que o prefeito Diego Singolani foi sua “cria” política, mas descartou qualquer confronto futuro, na surrada hipótese da “cria” se virar contra o criador.
“O que acontece em outras cidades é que a cria, na verdade, não foi criada pelo criador. Foi, isto sim, usada para fazer o criador crescer. É bem diferente”, disse.
O ex-prefeito contou que lançou Diego Singolani a prefeito em 2020, com o candidato já sabendo que o próprio Otacílio seria o nome nas eleições seguintes.
“Esta é a certeza. O único ‘se’ que existe é a possibilidade de eu não ter condições de ser o candidato. Aí o Diego disputa a reeleição”, afirmou. Esta hipótese, segundo o ex-prefeito, seria um problema de saúde, por exemplo, sequer mencionando problemas judiciais. “Mas eu já sou pré-candidato”, declarou.
Otacílio também admitiu que teve participação na nomeação de vereadores eleitos para cargos no Executivo — caso de Milton de Lima, atual secretário de Agricultura, e de José Adriano Campanha, secretário de Esportes.
“Eu não indiquei, mas foi me perguntando o que eu achava. E fui favorável”, contou.
A entrevista também abordou problemas políticos na base governista que teriam descontentado Diego Singolani. É o caso, por exemplo, de postagens feitas pelo diretório do MDB de Santa Cruz do Rio Pardo, que fizeram menções elogiosas a outros governos comandados por prefeitos do partido.
Otacílio negou que seu filho Mauro Assis, um dos que controlam o MDB local, tenha participado dessas postagens. E deu um nome, sugerindo que o servidor da Saúde João Victor Marsolinha teria sido o responsável. “Eu aconselhei o Diego a se afastar destas pessoas”, disse, afirmando que “eles não têm influência nenhuma, mas querem mostrar que têm”.
Em seguida, disse que, quando o fato aconteceu, o filho Mauro foi compelido a desligar João Victor Marsolinha do MDB — e não apenas do diretório. “É preciso pessoas mais sérias no partido”, avaliou.
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