Recep, dono da Hilal Grup, que afirma manter acordos sigilosos com laboratórios
Publicado em: 22 de abril de 2021 às 17:54
Atualizado em: 22 de abril de 2021 às 18:03
André Fleury Moraes
A empresa ‘Hilal Grup’, com sede na Turquia, não tem legitimidade para intermediar a compra de vacinas da AstraZeneca. O suposto grupo, na verdade, nunca teve nem sequer contato com a fabricante dos imunizantes.
A informação é do próprio laboratório e foi encaminhada ao DEBATE na tarde desta quinta-feira, 22. Segundo comunicado da assessoria, “não há intermediários comercializando a vacina da AstraZeneca em nenhum lugar do mundo”.
A empresa diz ainda que “não é verdade a alegação dessa empresa [Hilal Grup] de que possui contrato com a AstraZeneca”. De acordo com a nota, o laboratório comercializa vacinas apenas com governos federais e organizações internacionais que distribuem os imunizantes a países de baixa renda.
“Nada disso é parecido com o consórcio intermunicipal da Ummes. A empresa não é parceira da AstraZeneca”, afirma.
A reportagem conseguiu contato com a ‘Hilal Grup’, cuja sede fica em Istambul, na Turquia. A companhia tem vários endereços na cidade do país leste-europeu – mas nenhum deles possui fachada.
O dono da Hilal chama-se Recep, segundo se apresentou ao DEBATE via WhatsApp. A reportagem conversou com ele em inglês.
De acordo com Recep, “a Hilal tem vários acordos com fabricantes de vacinas”, entre as quais Sinovac, AstraZeneca e Sputnik.
Alegou também que possui documentos que comprovam a negociação entre a Hilal e os laboratórios, mas que não pode compartilhá-los por questões de sigilo contratual.
Reportagem do site “Achei Santa Cruz” mostrou hoje que a empresa atua há 47 anos no ramo de construção civil. Ao menos é isso que consta no site da Hilal.
Questionado a respeito, o proprietário Recep afirmou que “no momento, um novo site sobre a empresa de nanotecnologias do Grupo Hilal está sendo preparada”. Afirmou também que encaminharia as informações à reportagem assim que o portal estivesse pronto.
De qualquer forma, porém, o fato é que não há nada que comprove nem mesmo a existência da Hilal. Nos endereços indicados pela companhia inexistem placas que indiquem seu funcionamento no local.

Logo após o pronunciamento da AstraZeneca ao DEBATE, a reportagem também questionou Recep sobre a afirmação de que o laboratório não possui negociações com o grupo Hilal.
Ele voltou a dizer que possui um acordo sigiloso com a AstraZeneca e que não pode divulgá-lo.
“Nós, como Grupo Hilal, recebemos cartas de solicitação em nome de nossa empresa referentes à compra de vacinas dos Ministérios da Saúde dos estados com os quais firmamos convênio. Isso mostra que somos competentes”, emendou.
O DEBATE pediu um desses documentos, mas Recep se negou a fornecê-los. “É tudo que eu posso dizer. Bom trabalho”, limitou-se a declarar.
O jornal também entrou em contato com Marco Pinheiro, presidente da União dos Municípios da Média Sorocabana, mas a ligação não foi atendida.
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira pela manhã, o presidente Marco Pinheiro reiterou que possui o contrato social da Hilal Group e que eles atuam em várias frentes.
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